Uma cena me chamou a atenção alguns dias atrás, várias
pessoas pescando na ponte em frente a antiga exposição no centro de Atilio
Vivácqua, o que aguçou a minha curiosidade, já que há muito não via alguém se
se despusesse a achar que ainda haveria peixes de porte a justificar tal
iniciativa, tal o grau de poluição do rio Muqui. Afluente do Itapemirim, esse
importante rio vem sofrendo ao longo dos anos degradação de todo tipo, desde
dejetos industriais, oriundos da agropecuária e até esgotos das casas jogadas
em seu leito.
O desrespeito ao rio começa no Município de Muqui, lá se
observam os mesmos problemas detectados aqui, ou seja, o mesmo descaso, a mesma
falta de ações que visem preservar esse importante sitio ecológico tão
importante aos dois municípios. Apesar de tudo, como um paciente que luta pela
sua vida, o rio Muqui teima em permanecer vivo e os pescadores na ponte são
prova inconteste disso.
Na chegada em Atilio Vivácqua, o rio recebe as águas
oriundas do córrego da fama, e o que deveria ser motivo de fortalecimento do
mesmo, acaba sendo mais um problema, já que as águas já vêm poluídas pelos
mesmos motivos descritos acima, enfim o desrespeito é total, falta educação
ambiental e o homem teima em destruir o que a natureza levou milhares de anos
para construir.
Para piorar a situação, ao me informar sobre o tipo de peixe
que estavam sendo motivo de tanta gente pescando, constatei mais uma agressão
ao meio ambiente, já que bagres africanos e tilápias, peixes exóticos e
importados são os que estão predominando no rio, em vez dos nossos peixes
nativos, ou seja, como não têm predadores naturais esses peixes altamente
predadores estão literalmente acabando com nossas piavas, bagres nativos,
carás, mandis, traíras e até os camarões e lagostas são devorados por esses
peixes, que por sinal têm carne de sabor não muito agradável.
Como a criação desses peixes em poços e açudes não são
devidamente fiscalizados, acabam chegando ao rio e aos córregos quando
atingidos por enchentes, infestando, se proliferando e praticamente extinguindo
nossos peixes nativos.
As fotos que acompanham esse texto, são uma pequena amostra,
do desrespeito, do descaso e da falta de educação da população que teima em
fazer do rio um depósito de seus dejetos. Precisamos de ações urgentes para
preservar e revigorar esse importante patrimônio até porque não podemos
esquecer que a água que chega às nossas casas são provenientes do rio e sua
qualidade está diretamente proporcional ao respeito que lhe devotarmos.
Precisamos de ações urgentes em seu socorro, poderíamos
começar com uma limpeza de todo o trajeto do rio, pelo menos em nosso
território, aliás o Ministério do Meio Ambiente deveria criar um benefício a
quem preservar e punição a quem poluir, assim, cada Município seria responsável
pela qualidade e preservação dos rios, recebendo a água limpa com a
responsabilidade de repassar ao próximo Município com a mesma qualidade, mas
isso é sonhar demais, não?
Outra ação fundamental seria o tratamento total do esgoto ,
canalizar e acabar a imagem vergonhosa dos canos de pvc jogando os dejetos das
casas diretamente no leito do rio, é uma imagem própria do nosso
subdesenvolvimento. Educação ambiental, é necessário que nossas crianças
aprendam desde cedo a respeitar e preservar o meio ambiente e é preciso que se
crie uma lei que puna, com multas, quem jogar dejetos no rio, a exemplo da Lei
do Lixo Zero já em vigor em algumas cidades brasileiras, talvez mexendo no
bolso, as pessoas passem a respeitar o nosso rio.
Na última ação de limpeza do rio encontramos de tudo,
móveis, animais mortos, plásticos, fezes, entulhos, enfim, tudo que se imaginar
de porcarias foi encontrada, e olhe que essa limpeza, com a participação de
população, foi com certeza há mais de 10 anos, tenham certeza que se fizermos
novamente uma ação desse tipo, vamos encontrar o mesmo quadro deprimente
encontrado na última limpeza do rio, mas apesar de tudo, o RIO MUQUI TEIMA EM
NÃO MORRER.
Esta foto foi tirada de um morro próximo ao rio, vocês têm dúvidas do destino de todo esse lixo?
Dr. Marco Sobreira
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