quarta-feira, 30 de outubro de 2013

CIENTISTAS TRAÇAM MAPA DA RESISTÊNCIA HUMANA AO HIV

Pesquisadores analisaram as mutações genéticas que ocorrem no DNA do vírus, em consequência da defesa natural do corpo contra a doença

Modelo tridimensional do vírus da aids
Vírus da aids: segundo pesquisadores, novo estudo poderia levar a tratamentos individualizados, levando em conta a genética do paciente (Centro Nacional de Biotecnología (CSIC) / Comunicación CSIC)
Um grupo de pesquisadores suíços elaborou o primeiro mapa de resistência humana ao HIV, vírus causador da aids, que mostra a defesa natural do corpo contra a doença. O avanço poderá ter aplicações como a criação de novos tratamentos personalizados. O estudo foi publicado nesta terça-feira, no periódico eLife.
Quando uma pessoa é infectada pelo HIV, seu sistema imunológico devolve estratégias de defesa. Em alguns casos, elas são tão bem sucedidas que permitem controlá-lo sem o uso de medicamentos, como é o caso dos chamados “controladores de elite”, indivíduos que possuem o vírus HIV, mas não desenvolvem a aids.
Infelizmente, isso não acontece na maioria dos casos, pois o genoma do vírus também se modifica rapidamente, a fim de driblar as estratégias do sistema imunológico.  Mesmo assim, o esforço do organismo em combater o invasor deixa suas marcas no próprio vírus: mutações genéticas que indicam como ele reagiu aos ataques.
Analisando cepas do vírus que viveram em hospedeiros humanos, cientistas da Escola Politécnica de Lausanne e do Hospital Universitário de Vaud, ambos na Suíça, e diversas instituições de outros seis países, identificaram as mutações genéticas que ocorreram em resposta aos ataques do organismo. Dessa forma, reconstituíram toda a cadeia de eventos, criando o mapa da resistência ao HIV.
Combinações – Para isso, foram estudados vírus de 1 071 pacientes soropositivos. Os pesquisadores cruzaram mais de 3 000 mutações potenciais no genoma viral com mais de 6 milhões de variações no DNA dos pacientes. Com uso de supercomputadores, eles estudaram todas as combinações possíveis e identificaram correspondências entre os pacientes.
“Tínhamos de estudar as cepas virais de pacientes que ainda não tivessem recebido nenhum tratamento, o que não é comum”, explicou o pesquisador Jacques Fellay, um dos autores do estudo, em um comunicado divulgado pela Escola Politécnica. Por esse motivo, os cientistas basearam o estudo em bancos de amostras criados nos anos 1980, quando ainda não havia tratamentos eficazes contra o vírus.
Segundo os autores do estudo, esse trabalho permitiu obter uma visão mais completa dos genes humanos e sua resistência ao HIV. Isso permite não só entender melhor como o organismo se defende, mas também como o vírus se adapta a esses mecanismos de defesa. “Agora nós temos uma base de dados que vai nos indicar qual variação genética humana vai provocar que tipo de mutação no vírus”, explicou Amalio Telenti, integrante da equipe.
As descobertas podem ajudar no desenvolvimento de novas terapias contra o HIV e tratamentos individualizados, que levem em consideração as virtudes e desvantagens genéticas do paciente.
(Com agência EFE)

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