segunda-feira, 19 de abril de 2010

ALGUÉM LEU O ARTIGO DA DILMA NA VEJA?

A petistosfera se irritou com o fato do semanário dedicar uma capa a José Serra, ainda que o mesmo fosse feito com Dilma Rousseff, quando foi oficializada pelo PT como candidata pelo partido. Naquela ocasião, aliás, Serra publicou um artigo e, nesta semana, foi a vez da ex-ministra. Alguém leu? Eu sim.




Há tempos, ela vem dizendo bobagens e, segundo especialistas, a idéia é atingir determinadas fatias do eleitorado. Sei lá, pode fazer sentido, pois não sou “especialista”. Mas quem ela pretende convencer com isso? Trechos a seguir, comentados (todos os grifos são meus):



“Compromisso com o futuro – Protagonista de um extraordinário enredo de progresso e amadurecimento, o Brasil está diante de um desafio imposto a poucos países. Manter a rota virtuosa traçada nos últimos anos ou pôr um freio às recentes conquistas sociais e econômicas? Promover o salto ainda maior, esperado por uma população que voltou a sonhar alto, ou retroceder aos passos lentos e sofríveis das duas décadas anteriores? Os que me conhecem sabem que, diante dessas indagações, eu fico com as primeiras respostas. Não se trata de ver o país como uma escala binária entre o certo e o errado, entre o bom e o mau, entre o bonito e o feio. Trata-se de reconhecer a vitalidade de um momento definidor dos rumos do Brasil. Há vinte anos batendo às portas do clube dos países desenvolvidos, estamos a um passo de atravessar o seu umbral. Com estabilidade. Sem sobressaltos.”



Aqui é a pegadinha máxima, repetida exaustivamente para que se torne uma verdade. Para militantes que já acreditam até mesmo na inexistência do Mensalão, convenhamos, é moleza difundir essa lengalenga achando que possa colar. Mas não pode. E não cola.



O Brasil não começou em 2003 e, mais ainda, naquele ano já tinha dois pilares fundamentais bem estruturados: instituições e economia. O PT, por sua vez, fez o possível para que nada disso acontecesse. Convém recordar, portanto.



Foi contra o Colégio Eleitoral que elegeu Tancredo Neves, foi contra a Constituição Federal de 1988, foi contra o pacto de apoio a Itamar Franco (suspendendo Erundina, sua ministra), foi contra a Lei de Responsabilidade Fiscal, entre tantas oposições aos avanços institucionais. Na parte econômica, foi contra o Plano Real e toda e qualquer medida empregada para estabilizar a economia.



Comparem o Brasil herdado por Itamar/FHC e aquele que Lula ganhou de presente, por exemplo. E comparem o discurso textual de Dilma Rousseff, falando claramente entre “bem x mal” para depois, num passe de mágica retórico, dizer que NÃO FALOU EM “escala binária entre o certo e o errado”. Tudo bem que ela tem o hábito de se contradizer, mas com algumas linhas de distância talvez tenhamos recorde mundial. Sigamos.



“Poucas nações tiveram a oportunidade posta à disposição do Brasil. Estamos diante de uma versão nacional do Tratado de Kanagawa (…) ou algo como a etapa seguinte à Guerra da Secessão nos Estados Unidos, quando norte-americanos se viram sob o acúmulo crescente de capital, expansão territorial e revolução nos transportes, a ponto de ultrapassarem os britânicos como a maior economia mundial. Talvez haja semelhança com o passo fundamental das reformas chinesas, iniciadas ao fim da década de 1970 por Deng Xiaoping, que impulsionaram a arrancada capaz de trazer à China a marca do gigante.”



O que dizer? Prossigamos.



“…é hora de deixar o passado onde ele deve estar: para trás. Do mesmo modo, pode-se citar o fato de que, no governo Lula, do qual fiz parte, com muito orgulho, o Brasil rompeu a rotina histórica segundo a qual os países subdesenvolvidos e em desenvolvimento crescerão quando crescerem os países ricos, e entrarão em crise junto com eles. Fomos os últimos a trafegar pelo terreno pantanoso da crise financeira internacional, e os primeiros a atravessá-lo. Repita-se: com estabilidade e sem sobressaltos. E sempre sob a proteção visível da democracia. Não é boa política ignorar o passado. É preciso coragem para voltar os olhos aos erros cometidos, a fim de evitá-los no futuro.“



O Brasil teve crescimento NEGATIVO no ano passado. Vale repetir: NEGATIVO. E tem isso de “é hora de deixar o passado para trás” somado a “não é boa política ignorar o passado”. Que tal? Fica pra trás ou ignoramos? É hora ou não é hora? É boa ou má política? Se é para falar de corrupção, deixa pra lá, se é para falar de uma crise financeira baseada em juros hipotecários, que jamais pegaria em cheio um país de política de juros altíssimos, aí tudo bem?



“…O governo Lula lançou as bases para essa nova etapa do desenvolvimento brasileiro (…) Ainda que se deva reconhecer que no governo anterior houve significativo investimento no aumento da escolaridade, no incremento do número de matrículas e na efetiva implantação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação, na virada do milênio esses acertos se mostraram escassos para a exigência da nação (…) A revolução na educação brasileira não está marcada para começar no ano que vem. Começou com Lula, a partir de tudo o que havia sido construído antes dele, e a despeito de tudo o que se deixou de fazer antes que ele chegasse à Presidência.”



Essa é dose, hein? Sei que muitos devem estar procurando por essa “revolução na educação brasileira”, mas vamos nos ater ao texto: “começou com Lula”, mas “a partir de tudo que havia sido construído antes dele”. Então… NÃO COMEÇOU COM LULA! Porque todo e qualquer começo, obviamente, pressupõe estaca zero e não algo que já estivesse pronto ou “construído”. Mas, em “dimês”, uma revolução começa “a partir de tudo” que está “construído antes”.



É mole? Talvez se enquadre nisso o exemplo do Bolsa Família. Quando tomou posse, Lula lançou o FOME ZERO, que falhou miseravalmente e, diante disso, reaproveitou os programas da gestão anterior – não contente em apenas manter a política econômica. Juntou uma série de programas preexistentes e os renomeou, dando-lhes o nome de BOLSA FAMÍLIA. Taí mais uma “revolução” que começou “a partir de tudo que havia sido construído antes” dela.



Sem querer, Dilma entrega seu método.



“…Não vai demorar muito para que o Brasil seja, também, um país democrático quanto ao acesso pleno à informação. Essa revolução já começou nas escolas. E levará sua riqueza para todos os professores e estudantes do país.”



Em 2003, os meios digitais ainda engatinhavam perto do que tínhamos, por exemplo, em 2006/2007. Por que nada foi feito nesses quatro últimos anos de gestão, sobretudo com a própria Dilma na Casa-Civil? E que raio de “democracia” é essa, quando se fala em “revolução”, “informação” e outros que tais?



É aquela mesma de quando se fala em TV Brasil?

Um comentário:

  1. Ela fala muita besteira. Pior que o Lula. Ela é metida a ser letrada. Mas de letrada não tem nada. "escala binária entre o certo e o errado , etc." :Me poupe!
    Além das besteiras, mente e fala complicado para o povão. Que ela continue assim.
    Valeria

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