sábado, 22 de maio de 2010

LULA FOI MARIONETE DO IRÃ?

ReduzirNormalAumentarImprimirO tema ocupou as manchetes de todos os principais jornais do mundo nesta semana. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, convenceram pessoalmente o Irã a assinar um acordo que as potências nucleares - lideradas pelos Estados Unidos, a França, o Reino Unido, a China, a Rússia e a Rússia - não haviam conseguido durante as negociações de Genebra, em outubro do ano passado.



Tido por uns como um feito diplomático histórico, mas por outros como um tiro pela culatra, a assinatura do acordo não tardou a ser alvo de uma intensa polêmica, sobretudo depois que, apenas um dia após o anúncio, os iranianos reiteraram que o acerto não mudava em nada os planos de o país continuar enriquecendo urânio em seu próprio território. No mesmo dia, os americanos entraram com um pedido de resolução no Conselho de Segurança da ONU solicitando sanções econômicas e comerciais ao país governado por Mahmoud Ahmadinejad - e levaram consigo o apoio de 12 países que participam do conselho.



A diplomacia brasileira bem que tentou disfarçar, mas o mal-estar era nítido durante a visita presidencial a Madri, na Espanha, onde Lula passou três dias logo após deixar Teerã. O constrangimento foi tamanho que o presidente, habitual orador, despistou a imprensa e preferiu não se pronunciar antes da quarta-feira, quando condenou os países que só estariam dispostos a aplicar sanções, e não a dialogar. Entre estes países todos são aliados firmes do brasileiro, especialmente a França e os Estados Unidos.



O Terra procurou especialistas para explicar a turbulência diplomática e avaliar qual foi o efeito da empreitada brasileira no cenário internacional. Os franceses Thierry Coville e Corentin Brestlein, ambos associados a dois respeitados institutos de relações internacionais de Paris, não duvidam das boas intenções de Lula, mas divergem sobre a ingenuidade que o País pode ter tido face ao presidente iraniano. Nesta semana, o jornal Le Monde chegou a dizer que Lula o Brasil foi usado pelo Irã, acostumado a manobras para ganhar tempo e permanecer com o seu programa nuclear em atividade.



O acordo mediado por Lula e Erdogan prevê o envio de 1,2 mil kg de urânio iraniano para um país estrangeiro neutro, que estocaria o material enquanto possivelmente França e Rússia o enriqueceriam em 20% - tratamento insuficiente para o uso militar do elemento. Até então, Ahmadinejad se recusava a entregar o urânio sem ter a garantia de que o receberia de volta.



"Tenho certeza de que o Brasil tem os seus limites e não vai querer aparecer como uma marionete de Ahmadinejad enquanto ele quer ganhar tempo", afirmou Brestlein, para quem é chegada a hora de o G5+1 - como é chamado o grupo de seis países com direito a voto no Conselho de Segurança da ONU - aprovar as sanções contra o país nas Nações Unidas a fim de submetê-lo a uma punição pela atitude constantemente desrespeitosa aos acordos internacionais. De acordo com o analista, passados anos de negociações sem sucesso, essa seria a única alternativa para que outros países que pensam em usar urânio com fins militares - na fabricação de uma bomba atômica, por exemplo - se desestimulem a fazê-lo.



Já Coville ainda crê em uma saída através do diálogo e acha "fundamental" a mediação de um acordo através de países novos na questão, como o Brasil, que contam com a confiança dos dois lados. "Os países emergentes podem desempenhar um papel de ponte nesta negociação", afirmou o especialista, estudioso do Irã há mais de 20 anos. Ele argumenta que G5+1 entrou em um processo de "radicalismo" em relação ao Irã, como se não houvesse mais nenhuma saída a não ser as punições econômicas.



Coville destaca, no entanto, que não existe qualquer garantia de que as sanções desejadas pelas potências nucleares surtiriam algum efeito. Para ele, as potências estão entrando em uma via "bem perigosa", já que sanções econômicas não são suficientes para fazer o Irã mudar de postura e o passo seguinte seria uma ofensiva militar.



Os dois estudiosos, no entanto, convergem sobre a improbabilidade de um ataque preventivo israelense ao Irã, caso as negociações com o G5+1 não resultem no fim das atividades nucleares. "Seria muito caro para Israel - em termos militares e políticos - e não faz muito sentido para Israel recorrer à força de maneira preventiva. Eles não têm interesse em aparecer como o ator ainda mais desestabilizante no Oriente Médio", avalia Brestlein. "Acho que o governo israelense sofreria consequências muito piores do que a situação atual", disse Coville.

Via Terra noticias.

Um comentário:

  1. Diogo Mainardi estava certo Lulla é o chamberlain de Macaé.
    So que pior Chamberlain ao menos não jogou todo o historico da diplomacia britanica no lixo ...

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