domingo, 30 de maio de 2010

VACINAÇÃO DE MENINGITE EM SALVADOR. CONFUSÃO. GOVERNO DO PT.

 
ReduzirNormalAumentarImprimirAtrasos de até 1h30 no início da vacinação contra a meningite para pessoas com idade entre 10 e 14 anos terminaram gerando tumultos e irritação em diversos postos de distribuição de doses em Salvador. Em alguns bairros, a Polícia Militar foi acionada, porém teve dificuldade para conter a insatisfação de pais e mães com a demora e com a falta de organização das filas.

 

 

 
A situação mais tensa aconteceu no posto de vacinação do bairro de Tancredo Neves, quando policiais tiveram que atirar para o alto, como forma de conter a confusão que tinha se instalado.

 

 
 
 

 
A chefe de imunização da Secretaria Municipal de Saúde, Ana Rita Vasconcelos, informou que as equipes da secretaria estavam trabalhando para garantir reposições rápidas, mas reconheceu que houve problemas sérios. "Teve distritos em que as pessoas agiram com violência", disse, pedindo a colaboração da população para que o segundo dia da vacinação, nesta segunda-feira, transcorra de modo mais tranquilo.

 

 

 
No Centro de Saúde Conceição Imbassahy, no bairro do Pau Miúdo, em razão das constantes invasões da fila e da troca de empurrões com os seguranças, um deles chegou a ficar ferido após uma queda, os pais começaram a gritar: "Queremos polícia, queremos polícia". Os coordenadores do posto de vacinação chamaram a Polícia Militar, mas ainda assim a fila demorou a ser organizada.

 

 

 
No Centro Social Urbano de Pernambués, a polícia bloqueou a entrada do local para controlar a revolta da população. "Houve depredação", disse Ana Rita Vasconcelos.

 

 

 
O marceneiro Jorge Lemos dormiu na porta do 5º Centro de Saúde, no Vale dos Barris, com o filho de 13 anos. Ele mora no subúrbio de Valéria e lá não foi instalado nenhum posto para vacinação. Os locais mais próximos seriam na Fazenda Grande do Retiro, São Caetano ou no Subúrbio Ferroviário. "Vim para cá porque é um lugar central", afirmou. Era o terceiro em meio a uma multidão estimada em mais de 5 mil pessoas. "Mas acho que todo mundo teve a mesma ideia".

 

 

 
Quando as vacinas começaram a chegar no local, às 10h30, alguns pais já abandonavam o local de vacinação com os filhos. A maioria resistia, apesar do cansaço dos filhos. Para conseguir o início da fila, a agente de limpeza Luci Miranda Alves também dormiu na porta do posto. "É uma falta de respeito, eles poderiam usar todos os postos e fazer uma campanha mais longa", acredita. Com pouco dinheiro, ela diz que não sabia o que iria fazer, caso a situação se prolongasse por mais tempo.

 

 

 
Segundo a gerente do 5º Centro, Margarete Rocha, o clima entre os funcionários do local era de apreensão. "A polícia diz que tem 5 mil pessoas aqui e nós estamos recebendo 1,2 mil doses de vacina. Vai acabar em um 'tapa'", disse ela.

 

 

 
Segundo Margarete, os funcionários dos postos de vacinação acabam pagando por um problema que não é deles. "A Central de Distribuição é do Estado. A mudança de datas e o atraso não partiram de nós", disse.

 

 

 
Justificativa

 
A Secretaria Estadual da Saúde (Sesab) apontou a dificuldade na entrega dos medicamentos e a demanda concentrada em alguns locais como justificativa para o problema. Apesar disso, o órgão permanece com a expectativa de alcançar 80% de imunização da população e descarta uma prorrogação da campanha. "Eu já passei em alguns locais de vacinação onde não havia mais filas", afirmou o secretário Jorge Solla, por volta das 11h30, quando visitou o Centro de Saúde Conceição Imbassahy, no Pau Miúdo.

 

 

 
De acordo com Solla, os postos não tem capacidade para armazenar grandes quantidades da vacina contra a meningite, por isso o material precisaria ser distribuído no decorrer do dia. "Já estão armazenando a vacina contra o H1N1 e outras", disse.

 

 

 
Para o secretário, os casos de atrasos no início da vacinação seriam fatos isolados. "É a primeira vez no Brasil que se oferece imunização para esta faixa etária. Por conta disso temos algumas dificuldades de logística", afirmou. Segundo o secretário da Saúde, serão disponibilizadas 250 mil doses da vacina, entre ontem e hoje. "Com certeza é suficiente para todos", afirmou.

 

 

 
A campanha

 
O governo da Bahia informou neste domingo que a campanha de vacinação contra a meningite tipo C para jovens de 10 a 14 anos começou hoje e será feita também amanhã, segunda-feira. Esta é a primeira etapa da campanha que pretende vacinar mais de 500 mil jovens de 10 a 24 anos na capital baiana.

 

 

 
"Nós já esperávamos esse grande fluxo, porque o objetivo é esse, vacinar 240 mil jovens em dois dias, interrompendo o mais rápido possível a transmissão da doença", afirmou o secretário da Saúde do Estado, Jorge Solla.

 

 

 
Segundo Solla, a vacinação desta faixa da população vai garantir a redução do número de mortes causadas pela Meningite tipo C. "Nós observamos um crescimento da doença este ano e ele foi específico nesta faixa de idade. Por isso, o governador decidiu que deveríamos fazer a vacinação e interromper o contágio".

 

 

 
Nos dias 12 e 13 de junho vai ser realizada a segunda etapa, com a vacinação de jovens de 15 a 19 anos. No mês de julho, em data a ser confirmada, serão vacinados os jovens de 20 a 24 anos. Os locais de vacinação nas duas próximas etapas são os mesmos desta primeira etapa. "Esperamos que todos compareçam nas datas agendadas e que a gente possa vencer de uma vez essa doença", disse a superintendente de Vigilância a Saúde do Estado, Lorene Pinto.

 

 

 
Apesar de não ter a maior quantidade de casos de meningite do país, nem em números absolutos nem em números relativos, a Bahia é o único estado a realizar a campanha de vacinação contra a doença. Ano passado foram vacinadas crianças de zero a 5 anos, e este ano os jovens de 10 a 24. Ao todo serão mais de 2 milhões de pessoas vacinadas.

 

 

 
Epidemia

 
Segundo o Boletim Epidemiológico da Secretaria de Saúde da Bahia, o Estado registrou, até o dia 21 de maio, 104 casos confirmados de meningite, com 32 mortes, sendo que 82 casos (78,8%) foram do tipo C e dois casos (1,9%) do tipo B. Em todo ano de 2009, foram confirmados 194 casos da doença na Bahia, com 50 óbitos

 

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