domingo, 25 de julho de 2010

COLOSSUS, "UMA GIGANTE" ESTRANHA E SEM ROSTO.

Nem o presidente informa direito quem é quem na empresa. E no Canadá os responsáveis não aparecem para ninguém.

O gigantismo empresarial da Colossus se limita ao papel e aos discursos dos defensores do projeto em Serra Pelada. A empresa foi aberta em 2006, especialmente para o projeto de extração de ouro no Sul do Pará. Na prática, ela é controlada por um grupo de brasileiros bem relacionados no Ministério das Minas e Energia e com ligações estreitas com o próprio Edison Lobão.


No papel, o presidente da empresa é o geólogo Heleno Costa. Mas são tantas as pessoas jurídicas envolvidas no negócio que mesmo os diretores se confundem. O próprio Heleno diz não ter relação com a Colossus Brasil. "Eu sou vice-presidente da Colossus Internacional", afirmou ele ao Estado na quarta-feira, por telefone.

Recém-saído de um modesto projeto de mineração no interior do Tocantins, o geólogo demonstra que não conhece a fundo o confuso emaranhado de pessoas jurídicas que orbitam o negócio do qual, em tese, é um dos responsáveis.

Perguntado, por exemplo, sobre do ano de criação da empresa no Canadá, ele não soube responder. "Não sei dizer", admitiu. Também não sabia o nome do presidente da empresa, que afirmou ser "um inglês". Foi preciso que uma voz feminina, ao fundo, soletrasse: "R-a-n-d-y R-e-i-c-h-e-r-t".

Endereço canadense. Há outros pontos nebulosos na história. Em Toronto, o Estado visitou o endereço da Colossus. No escritório, num prédio comercial encravado no coração financeiro da cidade, apenas uma secretária dava expediente. A reportagem tentou falar com os dirigentes canadenses da empresa. Em vão. "Não tem nenhum diretor aqui hoje", adiantou a secretária.

Ela se comprometeu a agendar uma entrevista com os diretores, o que nunca aconteceu. O Estado também tentou contato com Kristen Le Blanc, apresentada no site da Colossus como relações-públicas da empresa. Também sem sucesso.

Às autoridades fiscais brasileiras, a Colossus canadense informou outro endereço: uma sala no número 130 da King Street West, onde funciona a Bolsa de Valores de Toronto. O prédio é o mesmo onde deveria estar outra empresa, a Maple Minerals, que até pouco tempo atrás aparecia na sociedade da Colossus.

No lugar, porém, não há nenhum vestígio das duas empresas. Pela caixa postal informada, uma pista: é a mesma da Pinetree Capital, um fundo de investimentos que já esteve sob investigação da Ontario Securities Comission (OSC), órgão equivalente à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), encarregada de fiscalizar o mercado de ações no Brasil.

No Brasil, o braço local da Colossus funciona num escritório no bairro Funcionários, em Belo Horizonte, Minas Gerais.

O endereço é o mesmo da Serra Pelada Companhia de Desenvolvimento Mineral, a joint venture formada em sociedade com os garimpeiros, e da Mineração Fazenda Monte Belo, que nos registros da Junta Comercial mineira aparece como sócia minoritária da empresa. Na pequena placa dependurada na porta, porém, só há referência à Colossus. A recepcionista diz que nunca ouviu falar da Monte Belo. "Eu sou nova aqui", desconversa.

Ações. Sabe-se que, para arrecadar dinheiro a ser investido no projeto Serra Pelada, a Colossus canadense abriu seu capital na Bolsa de Toronto. Com a promessa de sucesso em suas operações em busca de ouro na Amazônia brasileira, a empresa passou a oferecer suas ações no mercado. O dinheiro arrecadado já começou a desembarcar por aqui, mas por enquanto seu destino principal têm sido as contas da cooperativa de garimpeiros controlada pelos aliados de Lobão.







3 comentários:

  1. Meu Brasil querido, sempre explorado! Desde a colonização até hoje. temos que dar um basta nisso! Quando é que o Brasil será efetivamente dos brasileiros? Não podemos permitir mais esta exploração do nosso povo e das nossas riquezas naturais. Depois quando vem americanos aqui (vide o caso Sylvester Stallone) e sai falando que aqui pode-se fazer tudo e que a gente (brasileiro) ainda agradece com macacos e coisas mais, a gente fica chateado, mas é a mais pura verdade! Alguns brasileiros são "burros", preferem aos estrangeiros em detrimento do nosso povo.

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  2. Concordo com Dr. Alex e até fugindo um pouco do assunto, estrangeiros no Brasil são tratados como deuses. Já presenciei mtos casos enquanto que brasileiro qdo vai pro exterior é tratado com preconceitos de várias formas... Nao todos mas muitos. Abraços

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  3. Dr. Marcos parabéns, pelo comentário de serra pelada. Eu ajudei na abertura no inicio de 1980,não só voando como piloto mais também tive oportunidade de garimpar, e conhecer bem de perto. Parte do ouro que saiu dali serviu de lastro da nossa moeda, trabalhando como Bandeirante.Mais nenhuma consideração e reconhecimento
    por parte de governo, que deveria reconhecer como verdadeiros donos que esta com cabelos brancos, no final da vida, sem amparo, sem aposentadoria, sem assistência, hoje sem amparo da justiça.

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