segunda-feira, 26 de julho de 2010

INVESTIMENTO NA PRODUÇÃO CAI, CAPITAL ESPECULATIVO AUMENTA.

Os investimentos estrangeiros diretos no Brasil – na produção – tiveram em junho o pior resultado para o mês em sete anos: entraram no país US$ 708 milhões. Em compensação, a entrada de capital especulativo aumentou. Em junho, entraram no país US$ 1,9 bilhão em ações e US$ 1,4 bilhão em renda fixa (títulos públicos), segundo divulgou o Banco Central.

O investimento externo na Bolsa brasileira somou US$ 7,1 bilhões no primeiro semestre – valor recorde da série iniciada em 1947. Em julho até segunda-feira, estes ingressos somam US$ 2,286 bilhões.

Para economistas, a queda do dólar tornou o investimento no setor produtivo brasileiro menos atraente, devido também aos altos custos para o estabelecimento de um escritório no Rio e em São Paulo e à elevada carga tributária do país. Neste cenário, a estabilidade da Bolsa de São Paulo atraiu os investidores estrangeiros.

– O investimento em portfólio tem sido muito forte realmente. A bolsa no Brasil está em alta e o mercado está bastante atraente em comparação a outros países emergentes – explica o diretor da Mercatto, Paulo Veiga.

De acordo com os dados do BC, os estrangeiros aplicaram mais US$ 9,3 bilhões em títulos públicos no país e US$ 2,6 bilhões em ADRs (recibos de ações brasileiras negociados no exterior) no primeiro semestre.

Embora boa parte dos investimentos em ações e em títulos públicos seja de curto prazo, a autoridade monetária conta com esses ingressos para o financiamento de parcela do déficit da conta corrente externa, projetado em US$ 49 bilhões em 2010. Assim, o BC espera o ingresso de US$ 35 bilhões dessas aplicações em todo este ano.

Por outro lado, na produção o investimento foi bem abaixo do esperado pelo BC, principalmente no mês de junho. No semestre, os investimentos estrangeiros diretos somam US$ 12 bilhões, menos de um terço da meta do BC para este ano (US$ 38 bilhões).

– Pelo que venho observando, já esperava essa queda. É inegável que o investimento em novas fábricas caiu muito. E, pelo menos para o curto prazo, não vejo sinais de melhora – avalia Antônio Carlos Porto Gonçalves, professor da Fundação Getulio Vargas.

O Brasil registrou em junho déficit em transações correntes de US$ 5,18 bilhões, número acima do esperado no mercado. No mesmo período do ano passado, o saldo havia sido negativo em US$ 575 milhões. Segundo o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, o resultado é o pior para um mês de junho da série de contas correntes desde 1947.

– No acumulado do semestre, US$ 23,762 é também o maior resultado da série. Em 12 meses, US$ 40,887 bilhões é também o pior – admite Lopes.

Transações correntes têm déficit de 2,47% do PIB

De acordo com o BC, no primeiro semestre, o déficit em transações correntes atinge US$ 23,762 bilhões, o equivalente a 2,47% do Produto Interno Bruto (PIB). O saldo negativo do período é comparável ao déficit de todo o ano de 2009, que somou US$ 24,302 bilhões.

– Nós tínhamos uma expectativa deficitária, mas menor do que se verificou. Isso se deu em função da aceleração do déficit de transações correntes – disse o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes.

O resultado do mês passado foi determinado pela conta de serviços e rendas, que amargou déficit de US$ 7,601 bilhões. O valor foi compensado pelo saldo positivo de US$ 2,277 bilhões da balança comercial e por US$ 144 milhões em transferências unilaterais.

A conta de viagens também pesou com o pior déficit da série, de US$ 909 milhões “As remessas foram em linha com o estoque de investimento estrangeiro direto e em carteira no país”, disse Lopes.

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