sexta-feira, 29 de outubro de 2010

AS PESQUISAS DE OPINIÃO.

Luís Mauro Ferreira Gomes

Em 23 de outubro de 2010


No dia 9 deste mês, escrevemos o artigo “Dificuldade de Reflexão”, em que apontamos a quase incapacidade que a maioria dos brasileiros tem de tirar conclusões obvias das informações que lhe chegam.

Esse fato tem sido cíclico na História do País, mas agravou-se paroxisticamente nesta última década.

Já abordamos as causa do fenômeno e, talvez, ainda voltemos a elas em outraoportunidade, mas, desta vez, vamosconcentrar-nos em apenas uma dessas crenças irracionais em falsas verdades absolutas que não resistem a qualquer análise, por primitiva que seja, mas que parecem impor-se sobre a lógica da maioria.

Sabemos que pode parecer muita pretensãoapontarmos o que os outros deveriam ter visto, mas não o fizeram, contudo, nunca nos furtamos de fazer o que consideramos, deveria ser feito, por mais desagradáveis que nos pudessem ser asconseqüências, e não seria agora que nos deixaríamos contaminar pela covardia generalizada que se tem escondido nas mais variadas desculpas, para justificar a omissão.

Falarmos sobre a crença, quase manifestação de fé, nas pesquisas de opinião.

Temos sido dos poucos que sempre afirmam que elas são manipuladas e, para comprová-lo, vamos abordá-las sob dois aspectos: as intenções de voto e a popularidade de Lula.

Sobre as pesquisas eleitorais, é lamentável que, apesar de todas as evidências em contrário, a maior parte das pessoas prefira crer em que a candidata oficial já ganhou, que não adianta reagir, que está tudo perdido. É justamente nisso que querem que nós acreditemos. Quanto mais pensarmos assim, menos perceberemos a fraude grosseira que praticam.

E o pior é que as técnicas que adotam são primitivas e repetidas tantas vezes quantasquiserem, sem despertar qualquer suspeita no universo de pessoas crédulas e imbecilizadas em que nos transformamos.

Para não termos de reescrever o que já dissemos em outra oportunidade, vamos socorrer-nos de um artigo nosso, “As Pesquisas de Opinião”, publicado na Revista Aeronáutica nº 257, Jun-Ago/2006, como argumento comprobatório do que acabamos de afirmar.

(...) As encomendas aos institutos de pesquisa (são feitas) por instituições, que pagam por elas. São empresas jornalísticas, (...), partidos políticos ou organizações a eles vinculadas. Desse modo, fica claro que muitos desses agentes estão, diretamente, interessados nos resultados das pesquisas, e as usam, não somente para conhecer as preferências eleitorais dos pesquisados, mas, principalmente, para influenciá-los. Ora, quem paga por um produto quer que ele lhe satisfaça as necessidades. Se um partido político encomenda uma pesquisa, e esta lhe apresenta resultado desfavorável, por certo, não será divulgada e, simplesmente, não serão encomendadas outras à mesma instituição, que, se não quiser perder essa fonte milionária de recursos, semdúvida, manipulará os dados. É exatamente isso o que fazem os institutos: atendem as expectativas do cliente e lhe fornecem pesquisas tão falsas e sem valor quanto uma nota de um real e cinqüenta centavos. A esta altura, invariavelmente, nos perguntam: “Por que as pesquisas são sempre favoráveis ao partido do Governo?”. E “por que os outros partidos não encomendam, também, as suas próprias pesquisas?”. A resposta é óbvia: os institutos depesquisa são poucos, e todos querem servir a quem paga mais – o Governoe o partido que o elegeu – que têm maior disponibilidade de recursos financeiros (por certo, desviados dos cofres públicos). (...) Nenhum instituto admite perder a propaganda institucional bilionária, nem as contas das empresas estatais ou de economia mista controladas pelo Estado, como Banco do Brasil, Petrobras, Caixa Econômica Federal. Quem as ousaria dispensar? Por tudo isso, respondemos assim ao questionamento: como um mesmo instituto não pode apresentar apurações incoerentes, e todos já estão contratados pelo governo ou por seus afins, as pesquisas dos partidos de oposição refletiriam os resultados daquelas pedidas pelos governistas, por isso, quase não são feitas. (...) Maior evidência do que dizemos, deu-nos o referendo do desarmamento. Enquanto as pesquisas entre o público mais esclarecido da “internet” davam entre setenta e oitenta por cento contra o desarmamento, as dos institutos previam mais de sessenta por cento favoráveis. À medida que o dia do referendo se aproximava, como a propaganda maciça, mesmo usando os artistas globais e praticamente todos os caciques políticos que pululam por aí, não conseguiu influenciar os eleitores, os institutos de pesquisa, diante da possibilidade de se desmoralizarem se errassem por margem tão grande, rapidamente, em poucas semanas, foram ajustando os resultados para os númerosverdadeiros, com a inversão dos valores. Apuradas as urnas, mais de sessenta por cento rejeitaram a proibição da fabricação e da comercialização de armas de fogo e munições. Vieram, então, afirmações patéticas, tais como: “Não sabemos o que aconteceu, a percepção do eleitor mudou tão rapidamente...”; ou “O eleitor estava muito insatisfeito com o Governo Federal e deu o troco, no referendo”. O mesmo eleitor que agora procuram apresentar como satisfeitíssimo com o mesmo Governo, que, supostamente, “levara o troco”. (...)

Como o caro leitor já deve ter percebido,tudo isso está a repetir-se, novamente agora, passados, mais de quatro anos.

No primeiro turno, as pesquisas apontavam a vitória da candidata oficial com muito mais de cinqüenta por cento dos votos válidos. Quando se aproximou o dia da verdade, começou a revoada dos números. Eram os institutos que procuravam aproximar-se das verdadeiras intenções de voto dos pesquisados.

Depois, tal qual anteriormente, seguiram-se as tentativas de justificar os erros grosseiros, entre elas: “O eleitor brasileiro custa muito a definir o seu voto e deixou para fazê-lo na hora de votar”; e “Os reflexos dos escândalos que envolviam assessores próximos da candidata do PT continuaram a produzir efeitos até a hora da eleição.

Isso nos deixa perplexo: pelo texto, o eleitor brasileiro somente se definiu entre a pesquisa de boca de urna e o momento em que depositou, virtualmente, o seu voto na urna eletrônica, e os escândalos tiveram um efeito devastador no mesmo intervalo mínimo de tempo, pois tais pesquisas também não anteviram o resultado final.

O que se pretendia com a manipulação das pesquisas no primeiro turno era mudar a intenção de voto dos eleitores, tendo a suposta vantagem sido usada, à exaustão, nos programas eleitorais, pela candidata. Já, no segundo, o falseamento visa a coonestar a fraude eleitoral que, estou convencido, haverá.

Toda vez que alguém comete uma fraude, há um risco muito grande envolvido, assim, normalmente, ela só é praticada quando absolutamente necessária. É o que ocorrerá no dia 31 de outubro, quando ou se perde ou se ganha. Não há alternativa.

Mais uma vez, vamos buscar amparo, para as nossas afirmações, no artigo já referido, que apesar de muito antigo, parece que foi escrito hoje. Vejamos outro trecho.

(...) O grande risco é possibilidade de fraude no processo eleitoral. Considerando-se a falta de caráter dos principais interessados, ela só não ocorrerá se não lhes for possível praticá-la. Isso já ficou claro com o projeto de perpetuação no poder, para cuja execução não hesitaram em montar o gigantesco esquema de corrupção que, agora, têm a desfaçatez de negar. E todos sabemosda insegurança dos processos eletrônicos. Estão aí as fraudes nastransações bancárias ou com cartões de crédito a confirmá-lo. Para agravar o perigo, o partido do Governo tem infiltrado militantes em todos os setores do Estado. Seguramente, também os tem na Justiça Eleitoral. (...)

Certas sentenças judiciais, incluídas as do TSE, tendenciosas aos olhos do homo mediusbrasileiro, e a forma sistemática como elas ocorrem reforçam essa convicção.

Voltando às pesquisas de opinião, se, realmente, elas fossem verdadeiras e a candidata do presidente estivesse doze pontos à frente do opositor, crescendo ainda, a uma semana das eleições, a campanha dela não se teria tornado tão agressiva nem a figura caricata do presidente teria perdido, definitivamente, a compostura – se é que tinha alguma – nos comícios de que tem participado, nos quais se comporta mais como um cão raivoso do que como um chefe de Estado (que me perdoem os cães raivosos).


Aliás, chefe de Estado ele não deixou de ser, apenas, quando abandonou o governo para militar na campanha da sua candidata. Em verdade, ele jamais assumiu, de fato, o cargo. Como presidente, não passou de líder de uma facção política sectária e antinacional, a serviço de ideologias alienígenas.

Isso nos remete ao outro aspecto das pesquisas de opinião que queremos enfocar: a popularidade do presidente.

O observador mais ou menos atento, sem dívida, deu-se conta de que os índices de aprovação pessoal de Lula, segundo os institutos, vêm aumentando sistematicamente, quebrando recordes sobre recordes, mas, inexplicavelmente, não saem das proximidades dos oitenta por cento, há muito tempo.

Também, não passou despercebido àquele observador mais ou menos atento, que, sempre que surge algum dos freqüentes escândalos ou casos de corrupção envolvendo integrantes do governo, ou é preciso aprovar, no congresso, alguma lei contrária aos interesses dos brasileiros, ou o Supremo Tribunal Federal tem de tomar uma das decisões tão discutíveis de interesse o governo, ou, simplesmente, a popularidade presidencial está em queda, surge alguma pesquisa de opinião em que o índice pesquisado sobe entre dois e três por cento, mas esse resultado é difundido pelos meios de comunicação com grande estardalhaço. Mais uma “subida espetacular” é divulgada, e “mais um recorde”, quebrado. Todos se lembram: “nunca antes na história desse País...”

Pelo grande número de vezes que isso já aconteceu, a popularidade do presidente deveria ter atingido, pelo menos, uns trezentos por cento. Isso mesmo: três em cada brasileiro deveriam aprovar Lula.

Como será possível que a popularidade de um indivíduo suba, suba, suba, mas, ao mesmo tempo, permaneça virtualmente estacionada?

Isso acontece por uma razão muito simples.

Pouco depois de uma dessas “subidas espetaculares”, é liberada outra pesquisa em que a popularidade do presidente cai os mesmos dois a três por cento que subira. Ao contrário da anterior, há pouca difusão, e a matéria sai aproximadamente assim: “foi divulgada mais uma pesquisa do Instituto tal, e o índice de aprovação do presidente Lula variou dentro da faixa de erro da pesquisa”.

As atividades se sucedem dessa forma, até que seja necessário inflacionar, novamente, a popularidade presidencial, quando nova pesquisa merecerá tratamento especial, e uma variação dentro da faixa de erro normalmente divulgada é apresentada como algoespetacular. A quebra dos recordes se explica por pequenos acréscimos decimais que pouco impacto têm sobre o valor absoluto dos índices, mas que evitam que os níveis de popularidade medidos ultrapassem as possibilidades matemáticas ou estatísticas.

Lula é popular? Sem dúvida ele o é, não somente por seu carisma, mas pela postura populista e demagógica que adota, e, principalmente, pela máquina posta à sua disposição para criar toda essa mística que o envolve. Máquina, obviamente, financiada com dinheiro público, para promovê-lo pessoalmente.

Qual é o seu verdadeiro nível de popularidade não sabemos, mas, certamente, está longe dos oitenta por cento apregoados.

Bem, já explicamos o que esta ocorrendo e, por que e como acontece. Agora, depende de nós o que fazer e como reagir.

Também, já explicamos, no artigo “A Crise” (Revista Aeronáutica, Jan-Fev-Mar-Abr/2010), o que nos espera se vencer a candidata oficial.

Está em jogo o futuro do nosso País. Se, deuma lado, há dúvidas, do outro, há a certeza do desastre.

A capacidade de fraudar o processo eleitoral tem limites. Se a nossa votação superar esse potencial, reverteremos o resultado desfavorável.

Neste momento, pouco importa se o outro candidato não é o ideal ou se lhe fazemos sérias restrições. Devemos comparecer e votar. Anular o voto ou, simplesmente, faltar à eleição é favorecer a pior opção.

A nossa pátria e o nosso povo não merecem isso.

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