"Em outra respondeu ao vice-governador Ricardo Ferraço, que o ES já tinha feito o dever de casa e por isso não deveria receber recursos a fundo perdido da União. Rio e Bahia, por razões óbvias, levaram mais de R$ 800 milhões cada. Nós só conseguimos empréstimos", afirma engenheiro.
Prezados,
Já recebi de diversas formas o pedido de voto no Serra, mas resolvi fazer o meu de forma particular. Com base no que vivenciei durante os últimos oito anos. Não serei breve, mas espero que leiam até o final.
Acho que o PSDB foi muito mal como oposição durante os oito anos de Lula. Aliás, mesmo com o mensalão e outros problemas no campo ético, a oposição foi mal.
Penso também que o Lula surpreendeu, principalmente porque deixou pra trás muito do que defendia e adotou na economia a continuidade do governo de FHC. Juntando isso com o bom momento da economia no mundo, teve sabedoria e ousadia pra ampliar os projetos sociais já existentes e conseguiu grande reconhecimento.
Ou seja, de certa forma Lula surpreendeu e conseguiu popularidade em função de bons resultados em algumas políticas. Mas os avanços na gestão do país foram pífios, e em geral houve retrocessos em muitas áreas. Principalmente no campo da ética.
Muito, mas muito mesmo de seu desempenho positivo nas avaliações, se deveu à sua enorme capacidade de comunicação, inclusive a capacidade de falar qualquer coisa que o interlocutor do momento queira ouvir. Parecido com o que fez o Collor pra ganhar do próprio Lula. Talvez não seja a toa que se encontraram e sejam agora parceiros. Porém não dá pra tirar os méritos de suas conquistas em relação a grande parcela do povo brasileiro.
Mas, daí a querer impor aos brasileiros uma candidata a Presidente, é sem dúvida um exagero. Impor ao PT já foi demais, mas Dilma foi o que sobrou de um time que foi ficando desfalcado por safadezas: Zé Dirceu, Palocci, Genoíno, ou incompetências: Martha, Tarso, Mercadante e outros.
O primeiro turno felizmente mostrou que há uma enorme diferença entre ser pessoalmente popular e fazer todos votarem em quem ele apontar. Dos mais de 111 milhões de brasileiro que foram às urnas no primeiro turno, entre brancos, nulos e os que votaram nos demais candidatos, foram mais de 63,5 milhões de eleitores. Ou seja, apesar da popularidade do Presidente, mais de 57% dos eleitores não o seguiram, e a eleição foi para o segundo turno.
Aí começa o meu relato pessoal. A pior coisa desse Governo, que eu conheci de perto na área em que atuo é, sem sombra de dúvidas o “aparelhamento da máquina”. É um retrocesso, que deixa seqüelas graves no longo prazo. No Ministério das Cidades, onde estão o saneamento e a habitação, representei os colegas Presidentes de Empresas e também por um tempo os Secretários Estaduais nos debates com os petistas lá instalados. É uma panelinha, já velha conhecida no setor, em sua maioria paulistas despreparados e presunçosos, cujo currículo é a estrelinha. Sequer respeitam ao Ministro ao qual são subordinados.
No tal Conselho das Cidades, brincam de práticas “socialistas”, cooptando de forma descarada os representantes que ali vão, pessoas humildes, que viajam para Brasília às centenas, pagos com o dinheiro público, pra aprovar o que eles querem, em reuniões dirigidas, um horror. Duvido alguém de bom senso participar de uma reunião daquelas e não voltar estarrecido. Ninguém me contou, debati e briguei com eles ao vivo. A Dilma não conseguiria controlar essa turma.
Pra fazer o contraponto, convivi muito com o Gesner Oliveira, presidente da Sabesp, e com a Dilma Seli Pena, Secretaria de Energia e Saneamento do Governo de São Paulo, que trabalham diretamente com o Serra, pessoas de alto nível, extremamente preparadas.
Mas, o pior mesmo foi conhecer diretamente a Dona Dilma Roussef, com a qual convivi em quatro reuniões. Em duas ela destratou de forma grosseira e covarde alguns de seus subordinados ou colegas de Governo. Em outra respondeu ao vice-governador Ricardo Ferraço, que o ES já tinha feito o dever de casa e por isso não deveria receber recursos a fundo perdido da União. Rio e Bahia, por razões óbvias, levaram mais de R$ 800 milhões cada. Nós só conseguimos empréstimos.
Daí mais um ponto importante, os capixabas já sofreram com um governo estadual petista diretamente e muito. Agora estão aí aeroporto, porto e estradas, responsabilidades federais no Estado, sem investimentos durante os oito anos de Lula e ainda a saúde e segurança pública, responsabilidades estaduais tocadas pelo Governo Paulo Hartung com enorme esforço de recursos, sem nenhum apoio especial de Brasília.
Ainda sobre a Dilma, numa viagem que fiz ao exterior a convite do Banco Mundial, com funcionários do Governo Federal e de alguns estados, o responsável principal pelo grupo, em nome do governo brasileiro, foi o Eng. Luiz Antonio Eira, funcionário de carreira da Câmara e então Secretário Executivo do Ministério da Integração. Um cara tranqüilo e muito legal. Por coincidência, logo depois de voltarmos, li no jornal que ele abandonou o cargo ao ser tratado de forma extremamente mal educada pela Dilma em uma reunião de trabalho. Tinha o cartão dele e liguei e ele me confirmou meio constrangido que ficou pasmo com o comportamento dela quando defendeu sua posição e que a grosseria foi tão grande que ele levantou e saiu da sala imediatamente, preferindo deixar o Ministério e voltar a trabalhar em seu local de origem. Podem procurar na internet, colocando o nome dele no google e verificar o fato.
Realmente o currículo da Dilma não a recomenda pra um cargo tão importante e o que está em jogo não é o passado. Nem o Governo FHC, que fez boas reformas estruturantes, mas deixou a desejar em algumas áreas, nem o Governo Lula, onde a força pessoal do mesmo foi fundamental pra conter o que ele mesmo chamou de aloprados do PT, se repetirão. Teremos um novo governo e ela não conseguiria conter o petismo e comprometeria o futuro até mesmo de nossa democracia.
Os avanços estruturantes do Governo FHC e as conquistas sociais do Governo Lula, não estão mais em debate. Serra já deixou claro que vai aperfeiçoar uns e ampliar outros. O segundo turno foi ótimo pra permitir o debate mais claro e demonstrar a diferença entre os postulantes ao cargo. Aliás, já ocorreram dois debates e me surpreendo que muitos não se esforcem para assisti-los, mas quem assistiu não pode ter dúvidas sobre quem é melhor.
Há muito deixei de acreditar em partidos e em radicalismo na política. Por isso mesmo não acredito mais no argumento de “votar no PT”, usado por alguns como se fosse um ato político justificado, pois esse já se tornou um partido pior que os outros, com praticantes de falcatruas que contam com a conivência daqueles que governam. Afinal, sucessivos escândalos e um enorme escárnio com a ética, que ninguém pode negar, também foram marcas do Governo Lula.
Muito menos me venham me falar em votar na Dilma, como a única capaz de levar adiante as conquistas do Lula para os pobres. Alias é o fim da picada essa tal campanha usando tanto a pobreza. Quando leio sobre a vida levada nos bastidores do Palácio, cujos cartões corporativos escondem um verdadeiro esculacho com o dinheiro público, fico pensando na diferença entre o discurso e a prática.
Insistir na Dilma, por causa do Lula, é um equívoco, sem qualquer garantia, que pode ter conseqüências muito negativas.
Precisamos muito de um Presidente mais preparado, mais sóbrio, com pensamento próprio como é o Serra. Com certeza ele não é perfeito, nem tudo no Brasil será resolvido em seu governo, mas a decisão agora é por comparação da capacidade de governar entre os dois, já muito bem comprovada pelo Serra nos diversos cargos em que ocupou.
Esse é certamente um momento de extrema importância, por isso peço o voto no Serra para termos um Brasil melhor.
Paulo Ruy Carnelli
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