domingo, 30 de janeiro de 2011

FALAR FAZ PARTE DA DEMOCRACIA.

Os primeiros 30 dias do governo Dilma parecem ter definido um estilo. Ela fala pouco em público. Quase nada quando comparada com seu antecessor. Há quem veja aí a tentativa de criação de uma imagem - a da executiva silente, discreta, misteriosamente eficiente. Pode ser. Há quem também se veja um tanto aliviado por não ter de tomar contato com os excessos verbais do ex-presidente Lula. Mas o mais provável é que a presidente, avessa ao contato com a imprensa, tenha optado por trilhar o mesmo caminho do francês Nicolas Sarkozy.


O marido de Carla Bruni só deu três entrevistas coletivas nos últimos quatro anos. O resto do tempo dedicado ao seu relacionamento com os meios de comunicação foi tomado por tentativas de controlar o conteúdo das publicações, seja por meio do veículos oficiais, pela pre$$ão constante aos donos de jornais, pela escolha detalhada dos seus entrevistadores, conforme relato da jornalista Leneide Duarte-Plon, que mora em Paris.

A opção do presidente em falar pouco e para poucos é, obviamente, muito criticada por jornais de postura independente, como o Le Monde e o Libération. E as citações feitas por esses jornais para lembrar Sarkozy sobre sua obrigação de se manifestar rotineiramente pode valer, num futuro próximo, para a presidente Dilma.

Nem precisa ser a presidente, pessoalmente, a se manifestar. O Le Monde lembra o hábito inglês de ter duas declarações diárias do porta-voz do primeiro-ministro (seja ele qual for); nos EUA, esse contato é, também, diário; na Alemanha, ele se dá três vezes por semana.

É da regra democrática o governante se comunicar com a Nação. É uma questão de educação - ele está no cargo por conta dos votos de milhões de eleitores. Mas é, principalmente, uma postura institucional. O país precisa saber o que pensa esse governante sobre os mais variados assuntos, que diariamente entram na pauta nacional. Governar em silêncio é como agir sem ter de dar satisfação de seus atos. E isso está longe de ser democrático

Antonio Carlos Leite.


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