Protagonista da mais espetacular história de emergência econômica de tempos recentes, a China desafiou os inúmeros analistas que nos últimos anos previram que seu desenfreado crescimento seria reduzido por uma inevitável crise financeira. Nenhum deles acertou e a China saiu fortalecida do terremoto que atingiu o mundo em 2008, graças ao peso do Estado e da generosa oferta de crédito que deu origem a milhares de projetos de infraestrutura em todo o país.
Mas um número crescente de observadores começa a se convencer de que a China não poderá escapar para sempre da lógica econômica tradicional e viverá cedo ou tarde uma turbulência financeira, a exemplo do que ocorreu com outros países emergentes no passado. A mais recente indicação nesse sentido veio de uma pesquisa da Bloomberg com 1.000 de seus clientes que são investidores, operadores do mercado e analistas.
A China enfrentará uma crise dentro de cinco anos, na opinião de 45% dos entrevistados, enquanto outros 40% acreditam que a tempestado virá depois de 2016. Só 7% afirmaram ter confiança de que o país escapará ileso das distorções que ameaçam sua economia.
É paradoxal, mas o pessimismo aumentou com a divulgação do bom resultado do PIB de 2010, que acelerou sua expansão no quarto trimestre, apesar das medidas de contenção adotadas pelo governo. Os analistas viram na expansão de 10,3% no ano uma indicação de que a economia está crescendo além de sua capacidade, o que poderá exigir ações mais pesadas para redução de sua velocidade.
O temor é que a pisada no freio seja muito brusca e provoque um pouso nada suave da segunda maior economia do mundo, com impacto sobre o restante do mundo, incluindo o Brasil. No curto prazo, a maioria dos analistas acredita que o país evitará turbulências e crescerá em 2010 a um invejável ritmo próximo de 9%.
Mas há uma minoria que vê distorções preocupantes, provocadas pela inundação do mercado por dinheiro farto e barato, que alimenta o crescimento, mas também infla bolhas cada vez maiores, especialmente no mercado imobiliário. Mesmo com restrições para compra de imóveis, os preços continuam a subir e o governo prevê que ficarão em média 12% mais altos em 2011.
Entre os céticos está o norte-americano Patrick Chovanec, professor da universidade de maior prestígio na China, a Tsinghua, onde estudou o presidente Hu Jintao. “O crescimento chinês é mais frágil do que parece, porque está baseado em políticas insustentáveis”, disse ele ao Estado em texto publicado domingo, que você pode ler aqui.
Nos últimos dois anos, a quantidade de dinheiro em circulação na economia aumentou em 50% e atingiu a espetacular cifra de US$ 11 trilhões, quase o dobro do tamanho do PIB. O efeito colateral é o aumento do preço dos ativos e da inflação, que ameaça sair do controle. O grande desafio de Pequim em 2011 é segurar os preços sem dar uma freada brusca. A questão colocada por Chovanec é até quando isso será sustentável
Cláudia Trevisan
Mas um número crescente de observadores começa a se convencer de que a China não poderá escapar para sempre da lógica econômica tradicional e viverá cedo ou tarde uma turbulência financeira, a exemplo do que ocorreu com outros países emergentes no passado. A mais recente indicação nesse sentido veio de uma pesquisa da Bloomberg com 1.000 de seus clientes que são investidores, operadores do mercado e analistas.
A China enfrentará uma crise dentro de cinco anos, na opinião de 45% dos entrevistados, enquanto outros 40% acreditam que a tempestado virá depois de 2016. Só 7% afirmaram ter confiança de que o país escapará ileso das distorções que ameaçam sua economia.
É paradoxal, mas o pessimismo aumentou com a divulgação do bom resultado do PIB de 2010, que acelerou sua expansão no quarto trimestre, apesar das medidas de contenção adotadas pelo governo. Os analistas viram na expansão de 10,3% no ano uma indicação de que a economia está crescendo além de sua capacidade, o que poderá exigir ações mais pesadas para redução de sua velocidade.
O temor é que a pisada no freio seja muito brusca e provoque um pouso nada suave da segunda maior economia do mundo, com impacto sobre o restante do mundo, incluindo o Brasil. No curto prazo, a maioria dos analistas acredita que o país evitará turbulências e crescerá em 2010 a um invejável ritmo próximo de 9%.
Mas há uma minoria que vê distorções preocupantes, provocadas pela inundação do mercado por dinheiro farto e barato, que alimenta o crescimento, mas também infla bolhas cada vez maiores, especialmente no mercado imobiliário. Mesmo com restrições para compra de imóveis, os preços continuam a subir e o governo prevê que ficarão em média 12% mais altos em 2011.
Entre os céticos está o norte-americano Patrick Chovanec, professor da universidade de maior prestígio na China, a Tsinghua, onde estudou o presidente Hu Jintao. “O crescimento chinês é mais frágil do que parece, porque está baseado em políticas insustentáveis”, disse ele ao Estado em texto publicado domingo, que você pode ler aqui.
Nos últimos dois anos, a quantidade de dinheiro em circulação na economia aumentou em 50% e atingiu a espetacular cifra de US$ 11 trilhões, quase o dobro do tamanho do PIB. O efeito colateral é o aumento do preço dos ativos e da inflação, que ameaça sair do controle. O grande desafio de Pequim em 2011 é segurar os preços sem dar uma freada brusca. A questão colocada por Chovanec é até quando isso será sustentável
Cláudia Trevisan
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