terça-feira, 22 de novembro de 2011

UM ESTADO OBSCURANTISTA

No Espírito Santo, de cada 10 crianças até 5 anos, uma tem o responsável ou cônjuge analfabeto. O que esperar da trajetória dessa criança?
No Estado do "crescer", haja "gente" na escuridão educacional. É o que revelam seis indicadores do Censo 2010. Há melhoria, lenta, mas o quadro segue desolador.

1. Juventude fora da escola e extermínio. O Espírito Santo tem o 8° maior percentual de jovens de 15 a 17 anos sem estudar: 19%. Disputa essa posição com Alagoas: 19,2%. De cada 10 jovens nessa faixa etária, 2 estão em férias escolares permanentes - totalizando 34.625. Se não bastasse, são analfabetos 8.662 jovens de 15 a 24 anos. Em consideração à maior manifestação social deste ano, a "Marcha contra o Extermínio da Juventude", essa exclusão está fortemente associada ao "cemitério de jovens" no Estado?

2. Discrepâncias no analfabetismo municipal. Mais um indicador revela que a desigualdade regional no Estado cresce, avassaladoramente. Enquanto a taxa de analfabetismo em Vitória é de 3%, ela dispara para 21,7%, no município de Ponto Belo. Equivale às taxas da Tunísia e Camboja. Acima ou igual a 20%, essa taxa obscurantista também se verifica em dois outros municípios: Ecoporanga (20,2%) e Água Doce do Norte (20%). Mas a aniquilação de oportunidades também é gritante no Sul, na rota do "I": Ibitirama (19%), Irupi (18,9%), Ibatiba (17,9%) e Iúna (15,3%). A taxa de 17,1%, relativa a Presidente Kennedy, pode dar indicação do que está sendo feito com os royalties e participações especiais.

3. Pais analfabetos e futuro dos filhos. De cada 10 crianças até 5 anos, 1 tem o responsável ou cônjuge analfabeto. O que esperar da trajetória dessa criança?

4. Analfabetismo funcional avassalador. Com mais de 10 anos de idade, o ES tem 3.005.435 pessoas. Eis as raias do absurdo: quase a metade dessas pessoas - 49,5% - estão "sem instrução e (ensino) fundamental incompleto". Quase 1,5 milhão de pessoas só conseguem soletrar ou "desenhar" algumas palavras.

5. Extremo oposto e a inconsistência da Assembleia. Tão somente 250.811 pessoas têm curso superior completo. Então, será que uma "universidade estadual" não seria a prioridade para aumentar esse nível de instrução? A renitente e lastimável exclusão de jovens do ensino médio entrelaçada ao baixíssimo nível educacional de praticamente metade da população de mais de 10 anos de idade indicam claramente a resposta: não. Por que, então, a "universidade estadual" foi aprovada na Assembleia na semana passada? Eleições em 2012?

6. Renda. Das pessoas com rendimento, o valor médio da renda das alfabetizadas (R$ 1.259) é 2,5 vezes superior ao das não alfabetizadas (R$ 563,52).

O Espírito Santo precisa de desenvolvimento humano.

Roberto Garcia Simões - A Gazeta

 

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