Em carta enviada à direção nacional do PT, reunida no sábado, a presidente Dilma afirma ter ouvido, “desde o início”, a voz das ruas. Mas não é isso que pensa o cidadão, a julgar pelas últimas pesquisas.
Os números apontaram queda na popularidade da petista. E isso indica que ela reagiu mal ao movimento que foi para as ruas do país, cometeu erros em série e se tornou um dos principais alvos da insatisfação popular.
Na última pesquisa do Ibope, Dilma registrou a maior rejeição. O índice mais que dobrou em quatro meses: era de 20% em março, e agora 43% dizem que não votariam nela. É o maior percentual entre os cinco candidatos testados na pesquisa (Marina Silva, Aécio, Neves, Eduardo Campos e Joaquim Barbosa, além de Dilma).
Outros números são desfavoráveis à presidente, embora ela ainda lidere a corrida eleitoral e tenha o governo aprovado por 55% (a aprovação era de 63% em março).
Em paralelo, Marina foi quem mais aproveitou a queda livre dos índices de Dilma. O potencial de voto dela subiu de 40% para 50%. A ex-ministra também empata com Dilma nas simulações de segundo turno (Dilma marcou 35%, para 34% de Marina).
Até aqui, os resultados confirmam a leitura de alguns observadores da política, de que as manifestações de junho mudaram a lógica eleitoral. A insatisfação demonstrada nas ruas indica que o eleitor tende a ser mais crítico em 2014. Mas não apenas isso.
A tendência por ora parece ser a do voto mais crítico, na oposição e naqueles que não são políticos, ou contra todos identificados com o sistema atual. Isso ajuda a explicar por que Marina vem capitalizando intenções de voto com a rejeição a Dilma.
A ex-senadora tenta criar um partido que, no conceito, se propõe a oferecer uma renovação ao sistema político atual, anacrônico e claramente repudiado pelo eleitor. E ela própria não parece ser vista pelos cidadãos como alguém da política.
Aliás, o momento se mostra ruim para todos com mandato, mesmo aqueles de viés mais progressista e sem histórico de corrupção e desvios. Por isso é que, para algumas lideranças, as manifestações de junho trouxeram um “mundo novo” no país, que abre espaço para a renovação na política e para o surgimento de “terceiras vias”.
Mas o outro lado dessa rejeição aos políticos e ao poder é que isso também pode levar ao messianismo e ao despontar de figuras de perfil conservador e discurso fácil, mas convincentes para setores do eleitorado.
Fonte: Praça Oito - A Gazeta
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