Foto: ABR
Cardozo e Temer, junto com Ideli Salvatti, se reuniram com líderes da base aliada para discutir plebiscito
A oposição e até partidos da base aliada criticaram ontem a indefinição do governo Dilma Rousseff de levar adiante a proposta de fazer um plebiscito para alterar as regras do sistema político para as próximas eleições. O vice-presidente Michel Temer disse pela manhã que é “temporalmente impossível” fazer essas mudanças, mas quatro horas depois recuou da posição e, em nota, disse que o “governo mantém a posição de que o ideal é a realização do plebiscito em data que altere o sistema político-eleitoral já nas eleições de 2014”.
“Nunca senti firmeza na manifestação do Temer e queria que ele tivesse mantido a posição que os líderes interpretaram”, afirmou o presidente nacional do DEM, senador Agripino Maia (RN), sobre o encontro do vice-presidente com ministros e líderes partidários da base aliada do Congresso ontem, em que, inicialmente, ficou clara a impossibilidade de aprovar a matéria. Integrante de legenda da base aliada, o líder do PSB no Senado, Rodrigo Rollemberg (DF), classificou como impressionante o “nível de improvisação” da administração federal: “Estamos percebendo a fragilidade das ações do governo”.
Sintonia
De acordo com Rollemberg, entusiasta da candidatura presidencial do governador de Pernambuco e presidente nacional da sigla, Eduardo Campos, o debate sobre a realização do plebiscito não está em sintonia com os anseios manifestados pela população nos protestos que tomaram conta das cidades nas últimas semanas.
Segundo ele, qualquer cidadão “bom senso” sabe que é “impossível” realizar a consulta popular a fim de reformar o sistema político-eleitoral para as eleições de 2014.
Antes do recuo do Poder Executivo, o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, havia classificado como um “engodo” a proposta de levar adiante o plebiscito: “Era um engodo, era uma forma de desviar a atenção da população das questões centrais. O governo erra muito e quem perde é a população brasileira”, disse.
Referendo
Pela manhã, o presidente do Congresso, Renan Calheiros (PMDB), chegou a sinalizar apoio ao referendo após o Legislativo, eventualmente, aprovar uma reforma política. “Se houver dificuldade para aprovação do plebiscito na Câmara, é óbvio que, a partir daí, todo mundo vai tentar construir uma alternativa para votar a reforma. Na medida em que se vota a reforma e quer ouvir a sociedade, a única maneira de fazê-lo é o referendo”, disse.
O líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB), afirmou no fim do dia que é preciso persistir na reforma. “Só saberemos tentando, não podemos desistir de tentar”, afirmou. (AE)
Senado pode recuar no voto aberto
Depois de ser aprovado por votação simbólica na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, o projeto que determina o fim do voto secreto no Legislativo para todas as modalidades em que ele é previsto na Constituição será afrouxado quando for apreciado pelo plenário do Senado, na próxima semana. A proposta deverá manter o sigilo das opiniões dos parlamentares sobre vetos e indicações de algumas autoridades.
Dilma diz acreditar na “inteligência do povo”
A presidente Dilma Rousseff disse ontem, em Salvador (BA), acreditar na “inteligência, sagacidade e esperteza do povo brasileiro” para responder às perguntas de um plebiscito sobre reforma política.
No último dia 24, ela sugeriu ao Congresso uma consulta popular para a elaboração de legislação para renovar os sistemas político e eleitoral.
Dilma afirmou que “gostaria” de ver a reforma política aprovada a tempo para a eleição do ano que vem. O ministro Gilberto Carvalho disse que, se a reforma sair depois de 2014, “será mais que uma decepção”.
“Eu acredito muito na inteligência, na sagacidade, na esperteza do povo brasileiro. Acho que o povo brasileiro sempre mostrou ao longo de toda a nossa história que suas escolhas sempre foram acertadas. Eu não sou daqueles que acredita que o povo é incapaz de entender porque as perguntas são complicadas. Não é verdade”, declarou a presidente em discurso na cerimônia de lançamento do Plano Safra Semiárido e na entrega de máquinas do programa PAC 2 para 269 municípios baianos.
Para Dilma, “o povo brasileiro tem aquela inteligência que nos foi dada porque graças a Deus somos feitos de várias correntes e de vários veios”.
Fonte: A Gazeta
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