domingo, 14 de julho de 2013

A CONTA DO DESCASO VIRÁ NAS URNAS


De quem é a culpa pela explosão de insatisfação que tomou o país e que, aqui no Estado, resultou na ocupação da Assembleia por centenas de jovens? Do Poder Executivo? Do Legislativo? Ou será das relações frágeis, estabelecidas sobre acordos nem sempre tão fiéis, que há décadas guiam a política? Não existe, até aqui, uma resposta exata. Mas fato é que, diante da multidão que passou a gritar suas críticas livremente, membros dos altos escalões passaram a jogar no colo de “companheiros” a culpa pelo que de errado há nos cenários nacional e local.
Vejamos: na última semana, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, o ministro da Educação Aloizio Mercadante, alçado ao posto de homem forte do governo Dilma, disse que “o voto vai cobrar caro” do Congresso pela falta de respostas às manifestações. Referia-se a um conjunto de medidas que adormeceram em gavetas por anos e que, agora, são aprovadas indiscriminadamente.

Mercadante, que nem médico é (e que de Educação fala pouco) diagnosticou que a culpa pelos protestos é dos parlamentares e, de quebra, atacou de futurologista. “Acho que vai ter uma renovação forte no Congresso se o Congresso não ouvir esse sentimento que está na rua”, disse.

O fiel escudeiro da mandatária do Planalto esqueceu-se das emendas jamais liberadas para a base, do modelo “trator” que a petista adota ao tratar seus aliados e das “n” vezes que o PT de Lula comprometeu-se em modificar a política e tirar projetos megalomaníacos do papel sem ter, ao menos, vontade de cumprir compromissos.

Algo semelhante acontece por aqui. O Palácio Anchieta afirma, sem titubear, que ali habita o “governo do diálogo”. Mas a ampla base na Assembleia diz que não é ouvida. O governador Renato Casagrande (PSB) prega equilíbrio nas relações, mas segundo um influente parlamentar, no episódio da ocupação “não fez nenhum movimento para desarmar a bomba”.

As relações se mostram, como pode-se notar, como de “gato e rato”. Enquanto o Executivo (aqui e em Brasília) traça seus planos confiando na vantagem numérica que mantém na base, no Parlamento planos são costurados, entre aliados e adversários, para fazer valer vontades nem sempre baseadas no bom diálogo.

Enquanto os poderes não se resolvem entre si, os problemas do dia a dia vão se acumulando; obras estruturantes se arrastam, os preços nos supermercados são cada dia mais altos, impostos sobem, mas os serviços públicos não melhoram. O povo, que aperta o “confirma” na urna, fica à parte dessa relação. Mas os fatos recentes mostram que isso tende a mudar. Tomara!  


Praça Oito - A Gazeta

Um comentário:

  1. O ser humano é imprevisivel e surpriendente. Eu não me surprienderia se nas proximas eleiçoes, diante de uma proposta de ampliação do bolsa familia e outras coisitas mais...tudo viesse a prevalecer exatamente como está.

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