O ex-diretor da Siemens Everton Rheinheimer negou ontem em nota ser o autor das denúncias segundo as quais empresas que fornecem para o Metrô e a CPTM abastecem o caixa dois dos tucanos em São Paulo há mais de 20 anos.
"Vejo-me na obrigação de esclarecer que os documentos devassados e as informações publicadas como se fossem de minha autoria foram distorcidos e não condizem com a realidade", diz.
Ele diz que não será "suscetível a eventuais pressões ou discussões políticas paralelas à apuração da verdade".
O ex-diretor nega ter pedido ao PT o cargo de diretor da Vale como recompensa às informações que prestara.
O documento não é assinado, mas traz uma série de informações que apareciam associadas ao ex-diretor.
O relato diz que o principal secretário do governador Geraldo Alckmin (PSDB), Edson Aparecido (Casa Civil), recebeu propina do lobista Arthur Teixeira, acusado de intermediar o pagamento de comissões de empresas que atuam no mercado de trens. Também é acusado de receber propina o deputado federal Arnaldo Jardim (PPS-SP). Ambos negam a acusação.
São citados como próximos do lobista mais três secretários de Alckmin: Jurandir Fernandes (Transportes Metropolitanos), José Aníbal (Energia) e Rodrigo Garcia (Desenvolvimento Econômico). Garcia é do DEM.
O senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), os deputados Walter Feldman (PSB-SP) e o deputado estadual Campos Machado (PTB) também eram mencionados. Todos refutam a acusação com veemência.
NOVA VERSÃO
O Ministério da Justiça apresentou uma nova versão sobre a origem da denúncia: o documento foi entregue ao gabinete do ministro José Eduardo Cardoso por Simão Pedro, deputado licenciado do PT e secretário de Serviços da Prefeitura de São Paulo.
Procurado pela Folha, ele não quis se pronunciar.
A versão visa preservar o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), segundo a Folha apurou. O órgão responsável pela defesa da concorrência, que investiga o cartel no mercado de trens denunciado pela Siemens, é acusado por tucanos de agir de acordo com interesses políticos do PT.
Se o documento com acusações aos tucanos tivesse partido do Cade, as desconfianças só cresceriam. Empresas acusadas de cartel pela Siemens poderiam acusar o órgão de operar para o PT e tentar anular o acordo que a multinacional alemã assinou.
O presidente do Cade, Vinicius Carvalho, foi chefe de gabinete de Simão Pedro e escondeu essa informação do seu currículo.
A versão do ministro contraria memorando assinado pelo delegado da Polícia Federal Braulio Cezar da Silva Golloni, coordenador de Polícia Fazendária em Brasília.
No dia 11 de junho deste ano, Golloni escreveu o seguinte ao enviar o documento para São Paulo: "Encaminho a vossa senhoria denúncia recebida via Cade nesta coordenação".
O delegado Milton Fornazari Jr., responsável em São Paulo pelo inquérito sobre o cartel, confirma em 27 de junho que recebeu informações remetidas pelo Cade.
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Fonte: Folha de São Paulo |
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