sábado, 16 de novembro de 2013

JUSTIÇA COM CARA DE JUSTIÇA

De algemas ou não, escoltados pela Polícia Federal ou não, tanto faz. O que importa é que, na próxima semana, com o início do cumprimento das penas dos mensaleiros, o Brasil terá uma prova – se não completa, ao menos parcial – de que cadeia não é lugar somente de pobres, negros e ladrões de galinha. A decisão do Supremo Tribunal de Federal (STF) põe atrás das grades gente como o ex-ministro petista José Dirceu, o ex-presidente do PT José Genoino e o ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB), três protagonistas do maior escândalo da história recente da política nacional.

Até aqui, a impressão que se tinha era de que o julgamento do mensalão poderia transformar o STF em uma pizzaria. Contudo, na sessão de quarta-feira à noite, os ministros mostraram que não é bem assim. Dirceu, que há pouco descansava no litoral da Bahia, em breve verá o sol nascer do Presídio da Papuda ou da cela do Centro de Progressão Penitenciária (CPP), em Brasília. O mesmo valerá para seus asseclas.

Alguns condenados a regime fechado poderão começar a cumprir a pena no semiaberto se não for considerada a condenação do crime que ainda podem questionar por meio de embargo infringente, procedimento que só será avaliado pelos ministros em 2014.

O que os advogados dos condenados tentam, agora, é minimizar a chegada dos clientes à prisão. Luís Oliveira Lima, defensor de Dirceu, já adiantou que o chefe do mensalão se apresentará à polícia tão logo o mandado de prisão seja expedido. O mesmo será seguido por Marcos Valério (o operador do mensalão) e Roberto Jefferson (o delator do esquema).

Tudo o que esses sujeitos menos querem é serem vistos de algemas em punho. Com a sentença transitada em julgado e sem ter mais a quem recorrer para driblar o destino que já é certo, Dirceu e sua trupe devem chegar à cadeia cabisbaixos, com a maior discrição possível, como já consideram advogados.

Para os que esperavam vê-los tentando esconder o rosto sob flashes incessantes, pode parecer frustrante esse desfecho. Mas para uma maioria que, há pouco tempo, nem acreditava que a justiça seria feita, é motivo de comemoração.

Embora petistas ainda teimem em dizer que o mensalão não existiu e que o julgamento foi político, a história começou a ser contada. Na cadeia, os articuladores do vexaminoso episódio do governo Lula terão tempo de sobra para ler os registros daquilo que fizeram em liberdade.


Eduardo Fachetti - Praça Oito

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