domingo, 3 de novembro de 2013

AMANHÃ, SEREMOS UMA ARGENTINA?

Por Ciro Bondesan dos Santos*
(Amanhã, seremos uma Argentina?)
Diz-se que o estudo da historia serve para sabermos o que aconteceu para entendermos o presente e para planejarmos o futuro. Assim, não precisamos ir longe, e basta estudar apenas os primeiros anos deste século.
Hoje, o pais mais estável do mundo é a Alemanha. Por que?
O PT de lá (a esquerda), após fazer uma analise criteriosa da economia mundial, revelou que seus pares do Ocidente estavam se "dobrando" à China e aos produtos chineses, e que a sua Alemanha também ia se tornando um pais inviável e com muito desemprego, só ultrapassada, na Europa, pela Polônia e Eslováquia.
Assim, algo tinha que ser feito imediatamente.
Em 2003, o governo Gerhard Schröder adotou, em pleno acordo com sindicatos, as empresas e o governo, a medida de decretar o congelamento do salário no país. Tal pacote foi chamado de NULLRUNDE e culminou com a Agenda 2010 de Angela Merkel, na qual ela (de 'direita') adotava a carga semanal de horas trabalhadas, facilitando contratações, e aprovou uma reforma previdenciária na qual, hoje, o alemão só se aposenta com 67 anos de idade, além de ser removida uma série de feriados.
Com estas medidas sendo mantidas e efetivamente estarem em vigor até hoje nem precisou esperar os 10 anos calculados para que a Alemanha atingisse o que é hoje. Ou seja, a esquerda começou o 'serviço sujo' que a direita continuou.
Aqui, no Brasil, a direita fez o serviço difícil e a esquerda (até a saída de Antônio Palocci em 2006) continuou. Infelizmente, após a saída de Palocci, o populismo do tipo peronista, que desgraça a Argentina, começou a tomar corpo.
Dessa forma, visando o continuísmo no poder (do tipo do que ocorreu no México e que durou quase 70 anos, o chamado PRIismo), o Brasil está numa encruzilhada: ou seus políticos assumem uma atitude de amor a Pátria ou, então, de amor ao Poder, conformando-se, em troca disso, seguirem com o país sem crescimento, sem justiça, sem saúde, sem transporte, sem segurança pública, com apagões recordes a serem batidos ou não, com aumento vertiginoso da criminalidade, de mortes no transito (1º lugar no mundo), do favorecimento a cada município com incentivos governamentais e de leis que os estimulem a ter, cada um, a sua própria Cracolândia. Também será incentivada a construção de penitenciárias municipais de modo que cada município tenha o seu próprio "depósito de presos", uma vez que a simples cadeia não comporta a quantidade de foras da lei.
Outra coisa, vemos a retomada de crescimento nos USA (resultado de uma lida árdua de aumento de tecnologia na matriz energética, com o gás americano custando US$ 3,50 o m3, enquanto o europeu sai entre 10 a 12 dólares e o nosso, para que possamos manter o nosso grande amigo Evo Morales – que nos respeita muito –, nas mãos da estatal PETROBRÁS custará ao otário do consumidor tupiniquim a merreca US$ 18,00 o m3, fato esse que já fez com que o motorista brasileiro praticamente parasse de usar GNV.
A União Europeia investe maciçamente em energia renovável (eólica na Europa, atômica na Inglaterra, bioenergia, etc.).
Será que, assim, quando o 'Pré-Sial' estiver produzindo, o petróleo custará mais ou menos 80 dólares o barril, ou seja, haverá realmente rentabilidade ou não no 'Pré-Sial'?
Toda a população e o Governo se rejubilaram, mas será que estão certos? Se, no século passado, se dizia que mexer no petróleo do Oriente era coisa que os USA não deixariam, hoje, os americanos não fazem mais o mesmo esforço e nenhuma empresa americana foi a leilão. Mas, há indícios de que algo não vai bem.
Enfim, todos dizem que o que acontece na Argentina, hoje, vai acontecer aqui amanhã. Mascararam os balanços, fraudam as estatísticas, e aqui estamos a começar a esconder a inflação real, estamos a vê-la de avolumando firme, uma vez que o que está a segurar o "DRAGÃO INFLACIONÁRIO são os preços manejados pelo governo, (energia, água, etc., todos inflados de impostos) com uma inflação mantida, assim, em torno de 3% ao passo que os preços livres sofrem aumentos que variam entre 8 e 19%, dando um índice médio entre 5 e 6 %.
Pergunta-se então, quando esses preços forem soltos desse controle estatal, como a gasolina e o diesel, para onde iremos todos nós? A Petrobrás esta à beira da falência e as nossas leis (vindas de um Congresso que não trabalha com a cabeça, mas com o bolso dos congressistas, dificultando a vida de um brasileiro que não pode ser julgado sem ter milhares de provas concretas, a ver o dinheiro sumir criminalmente levado por pessoas inteligentíssimas que não deixam rastros e, como não deixam provas, in dúbia pro réu, acaba por prejudicar toda a sociedade.
Mas que o dinheiro tem sumido, lá isso tem, e aos borbotões. Assim, se uma pessoa incendeia um ônibus, é condenada, cumpre uma parte pequena da pena e é solto "em regime semiaberto", um eufemismo para a impunidade. Nem pensar em fazê-lo pagar o prejuízo que causou ou, muito menos, devolver ao erário o dinheiro surrupiado ao povo pagador de impostos.
Na Europa, o meliante de "colarinho branco", que não rouba para comer, mas para enriquecer de modo fraudulento e covarde, é obrigado a ressarcir o prejuízo durante anos de trabalho e reeducação, pagando principalmente ao governo. Na China, se o réu é fuzilado, a família tem que pagar até a bala que o matou.
A Justiça é lenta e, assim sendo, dá enorme prejuízo a todos, à sociedade e até ao réu. Apreendem-se carros irregulares e roubados e estes são deixados nos pátios até virarem sucatas inúteis corroídas pela ferrugem.
A Transbrasil foi à falência e, ao invés de se julgar logo o seu processo, digamos, em no máximo um ano, apreenderam no Aeroporto de Brasília uma série de seus aviões B-767, que valiam de 20 a 40 milhões de reais cada, se leiloados, o que dariam para pagar os funcionários e os impostos devidos pela empresa falida. Mas, como o processo de falência dessa empresa só foi julgado 13 anos depois e estes aviões viraram sucatas, o que se pode apurar da venda deles, mal chegou a 140 mil reais cada.
Perdeu-se, destarte, muito dinheiro lesando todos os interessados na distribuição da justiça. Será que é essa mesma justiça que finge ser justa ou serão as nossas leis que são ineficientes demais?
Não é à toa que, no exterior, tendo em vista que o nosso comércio exterior é 30 a 40 % feito com a União Europeia e com os USA, nosso governo considere, no entanto, Cuba, Venezuela, Bolívia, Equador, Argentina, Irã, etc., como nossos 'melhores amigos', mesmo que os citados não nos tragam lucro algum e somente 'despesas'... As melhores piadas são sempre feitas a partir de absurdos como esses.
Quantos anos a Venezuela levou para tornar-se uma espécie de Cuba ampliada?
Quantos anos a Bolívia e a Argentina levaram para virarem nações como a Venezuela? E então, quantos anos levará o Brasil para se tornar uma Argentina?
O PT e os sindicatos abreviarão ao máximo este período ou serão minimamente patriotas para impedir que tal retrocesso ocorra?
*Ex-professor da USP – Engenheiro e economista

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