sábado, 10 de julho de 2010

O BRASIL EM DESALINHO.

As projeções catastróficas feitas após setembro de 2008 apontavam para uma crise tão grave quanto a de 1929. Mas não levaram em conta que o gasto do Estado a nível mundial, como proporção do PIB, é agora quase três vezes maior. O gasto público não acompanha os ciclos econômicos e é sempre menor que a profundidade da crise. Sempre que se tem uma expectativa muito negativa sobre qualquer coisa e a realidade não é tão ruim quanto se imaginava, a sensação de alívio dificulta uma análise cuidadosa da crise e seus desdobramentos. Isso ocorreu aqui no Brasil em 2009. Só interessava ver números de PIB e emprego. Na medida em que os números foram sinalizando um quadro menos sombrio, se passou a dizer que o Brasil saíra da crise na frente, que a resposta dada aqui havia sido adequada, etc... Mas o tempo vai mostrando que não foi assim. O Brasil saiu da crise pior do que entrou.


A reação do governo à crise foi de estímulo ao consumo. Uma inflação de quase 5% parece pequena olhando para trás. Mas se levarmos em conta que o PIB caiu em 2009 e que o cambio despencou, que inflação seria essa com a economia crescendo e o cambio num nível adequado? A taxa de juros poderia ter caído bem mais se os problemas não fossem tão evidentes. O déficit público nominal dobrou, passando para mais de 4% do PIB. O déficit em conta corrente no balanço de pagamentos vai na mesma direção, apontando em 2010 para 50 bilhões de dólares.

O custo Brasil (infraestrutura econômica) continua subindo. O governo optou apenas pelo consumo. A taxa de desemprego se manteve mas com a precarização do emprego, o que é indicativo de queda da produtividade média. Com o derretimento de parte dos derivativos, a demanda agregada mundial será menor e o mundo mais competitivo exigindo maior produtividade. Aqui se perdeu essa oportunidade por um populismo keynesiano.

Cambio, juros, contas públicas, contas externas, preços, produtividade, tudo em desalinho. Pode ser que as gorduras de antes da crise segurem o tranco em 2010, até porque vale tudo num ano eleitoral. Os candidatos que se preparem para o que virá em 2011.

Por CesarMaia.

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