domingo, 11 de julho de 2010

POLITICA DO ES. " OS VICES URBANOS"

O eleitor não vota no vice, vota no candidato a governador. Mas a escolha do companheiro de chapa de quem se propõe a administrar o Estado merece atenção. Renato Casagrande (PSB) herdou o vice que já estava prometido a Ricardo Ferraço (PMDB). Não houve, portanto, surpresa na escolha do deputado estadual Givaldo Vieira (PT). Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB) queria um vice técnico e que tivesse representação no interior. Acabou escolhendo o vereador de Vitória Max da Mata (DEM), liderança que, por mais que seja jovem na política e tenha passagem pela iniciativa privada, não é um técnico propriamente dito, e provavelmente é menos conhecido do que Luiz Paulo no interior. Em comum entre os dois está o fato de que ambos são vices urbanos.


No caso de Luiz Paulo, é como se ele tivesse um “Indio” para chamar de seu. Reproduziu exatamente a aliança nacional que o PSDB tem com o DEM e o mesmo perfil jovem que foi escolhido por José Serra (PSDB) ao indicar o deputado Indio da Costa (DEM-RJ). Com a escolha desse vice, os tucanos querem também mostrar que a aliança com o DEM, que antes parecia um casamento na delegacia, está realmente consolidada e, em tese, já foi digerida.

Nos bastidores, diz-se que o DEM sofreu – e ainda sofre – todo tipo de pressão para não se juntar a Luiz Paulo, a ponto de o presidente nacional do partido, Rodrigo Maia, vir a público dizer que a intervenção na verdade veio proteger o partido das pressões que estariam sendo feitas pelo governador Paulo Hartung (PMDB). E Max da Mata, embora tenha sido subsecretário de Gestão do atual governo, atuou nesse processo como fiel escudeiro de Luiz Paulo.

Vai ajudar a trazer votos para o tucano? Se a ideia era reforçar a campanha de Luiz Paulo no interior, o democrata ajuda pouco. Talvez por isso o tucano tenha casado sua imagem à de Rita Camata (PSDB), candidata ao Senado em sua chapa e que carrega no nome uma marca que abre portas Estado afora. Há informações também de que Luiz Paulo deve iniciar sua campanha pela Grande Vitória, para consolidar sua marca, e depois seguiria para o interior.

No caso de Givaldo, a escolha dele é muito mais por conta de quem ele representa do que o que ele representa. O deputado petista é o nome indicado desde sempre pelo prefeito João Coser (PT), de Vitória, para a vice. E o PT, que já perdeu todos os principais espaços na sucessão deste ano, não abriu mão de indicar o companheiro de chapa do senador Casagrande. Sem contar que os nomes oferecidos pelo PDT, partido que colocou o pé na porta na hora de fechar a aliança, foram vistos como pouco atrativos. No mais, Givaldo tem reduto eleitoral na Serra, é deputado de primeira viagem e, num comportamento até inusitado, desde sempre fez campanha para ser vice – sendo que, em política costuma-se dizer que ninguém é candidato a vice.

Até porque quem deu status a essa cadeira foi o governador Paulo Hartung, que primeiro transformou Lelo Coimbra (PMDB) em recordista em interinidades e, depois, fez dele o deputado federal mais votado do Estado na eleição de 2006. Neste segundo mandato, Ricardo Ferraço praticamente era apresentado como o governador, num movimento que tinha a intenção de lançá-lo candidato ao governo – estratégia que, todos sabemos, acabou abortada.

Então, qual importância tem o vice? Depende do perfil de cada um, se vai ser “ativo”, como costuma dizer o governador, ou se será mero figurante. Mas, se não atrapalhar, já ajuda muito.

Só para registrar: pesquisa Datafolha já mostrou que os candidatos a vice não influenciam o voto do eleitor brasileiro: 58% disseram que não olharão o vice na hora de escolher o novo presidente da República. Nas disputas estaduais, é provável que essa relação não seja muito diferente.

Andréia Lopes.

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