A realização do segundo turno levou a campanha de Dilma Rousseff (PT) para o divã.
Na primeira semana da disputa polarizada com o tucano José Serra, a cúpula petista demonstrou insatisfação com o rumo da campanha - desde a dificuldade de Dilma em encontrar um discurso para reassumir o protagonismo da agenda à incorporação, às vezes atabalhoada, de aliados no comando da campanha.
Até mesmo o presidente Lula demonstrou forte apreensão com o rumo da campanha de Dilma no segundo turno.
Nas conversas que teve esta semana, Lula desabafou para um interlocutor que a disputa ficou mais difícil e que o desafio agora é reverter o quadro político de adversidade da campanha.
Na sexta-feira, o clima era de preocupação com o fato de que pesquisas internas indicavam uma redução na diferença entre Dilma e Serra.
Como parte da estratégia de campanha na primeira semana pós-primeiro turno, o presidente Lula foi poupado e evitou aparecer em eventos ao lado da sua candidata, Dilma Rousseff.
O objetivo foi preservar o capital político de Lula do ambiente de derrota da campanha petista, por causa do anticlímax do segundo turno. Já esta semana, Lula pode voltar a aparecer ao lado de Dilma, para influir como cabo eleitoral decisivo.
Na campanha, há o entendimento de que Dilma se cobrou muito por não ter vencido a disputa no primeiro turno, e isso mexeu com seu estado de espírito.
Coordenadores da campanha tentaram, ao longo da semana, dar uma nova motivação à candidata e demovê-la da ideia de que foi a responsável por isso. Mesmo assim, a cúpula petista ainda não conseguiu encontrar uma nova linha de atuação.
Existe um forte desconforto do núcleo duro petista com a presença de novos coordenadores, como o deputado e ex-ministro Ciro Gomes (PSB-CE) e o ex-governador Moreira Franco (PMDB-RJ). Tanto que, na semana passada, houve reuniões reservadas sem que os dois tivessem sido chamados.
Gerson Camarotti e Maria Lima, O Globo
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