quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

ARTUR BERNARDES ( Estado de sítio )

ARTUR BERNARDES ( 15/11/1922 a 15/11/1926 )
Estado de sitio.


Artur Bernardes assumiu e entregou o govetno sob estado de sítio, prendeu adversários, censurou a imprensa, decretou intervenção federal nos Estados do Rio de Janeiro, Bahia e Rio Grande do Sul. Enfrentou com violenta repressão a Coluna Prestes, as revoltas tenentistas no Rio Grande do Sul e em São Paulo. Promoveu reforma da Constituição de 1891 e, apesar de tudo, conseguiu eleger o último Presidente representante da oligarquia dos estados: Washington Luiz, com 98% dos votos.



QUEM FOI ARTUR BERNARDES?

Apelidado nas marchinhas de carnaval e pela imprensa de Seu Mané e Rolinha, Artur Bernardes governou práticamente às custas de Estado de Sítio no País. Impopular, foi recebido antes mesmo de tomar posse com uma marchinha de carnaval nada respeitosa criada em sua "homenagem" em 1922. A marcha fez sucesso em vários carnavais a ponto da policia chamar os autores Freire Júnior e Luis Sampaio para depor. A canção ficou proibida lógico.

Ai seu Mé
Lá no Palácio das Águias
Olé!
Não hás de por o pé. O Zé povo quer
a goiabada
Campista, Rolinha desista
Abaixe essa crista
Embora se faça uma bernarda
A cacete
Não vais ao Catete.

Artur da Silva Bernardes (Viçosa, 8 de agosto de 1875 — Rio de Janeiro, 23 de março de 1955) foi um advogado e político brasileiro, presidente de Minas Gerais de 1918 a 1922 e presidente do Brasil entre 15 de novembro de 1922 e 15 de novembro de 1926. Seus seguidores foram chamados de "bernardistas".

Estudou no Colégio do Caraça. Após formar-se na Faculdade Livre de Direito, iniciou sua carreira política como vereador e presidente da Câmara Municipal de Viçosa em 1906. Foi deputado federal (de 1909 a 1910) e Secretário de Finanças de Minas Gerais em 1910. Foi eleito para um novo mandato de deputado federal (1915 a 1917). Tornou-se o líder principal do Partido Republicano Mineiro, tirando o controle do PRM dos políticos do Sul de Minas Gerais, deslocando o centro da política mineira para a Zona da Mata. Foi presidente do estado de Minas Gerais entre 1918 e 1922.

Bernardes venceu as eleições presidenciais de 1 de março de 1922, obtendo 466.877 votos contra 317.714 votos dados a Nilo Peçanha, em uma eleição que dividiu o país: Rio Grande do Sul, Bahia, Pernambuco e Rio de Janeiro apoiaram Nilo Peçanha e os demais estados deram apoio à candidatura Bernardes.


Antes da eleição, Bernardes teve que enfrentar o rumoroso caso das "cartas falsas" atribuídas a ele e que denegriam o ex presidente Hermes da Fonseca.

Seu vice-presidente foi Estácio Coimbra que substituiu Urbano Santos, vice-presidente eleito, também em 1 de março de 1922, e que faleceu no dia 7 de Maio de 1922, antes de tomar posse.

O descontentamento com a vitória de Bernardes e com o governo de seu antecessor, Epitácio Pessoa, foram algumas das causas do chamado Levante do Forte de Copacabana, primeira ação do movimento tenentista. Bernardes teve que fazer frente à coluna Prestes, movimento tenentista que percorreu o país pregando mudanças políticas e sociais e que jamais foi derrotado pelo governo

Além da oposição por parte da baixa oficialidade militar (incentivados pela revolução comunista), ele ainda confrontou uma guerra civil no Rio Grande do Sul, onde Borges de Medeiros se elegeu presidente do estado pela quinta vez consecutiva, e também o movimento operário que se fortalecia novamente. Em 1923 e 1924 ocorreram novas ações tenentistas no Rio Grande do Sul e em São Paulo, onde ocorreu a Revolução de 1924, que levou Bernardes a bombardear a cidade de São Paulo. Tudo isso levou Bernardes a decretar o estado de sítio, que perdurou durante quase todo seu governo.


Artur Bernardes foi o pioneiro da siderurgia em Minas Gerais e sempre se bateu pela ideologia nacionalista e de defesa dos recursos naturais do Brasil.

Fundou a Escola Superior de Agricultura e Veterinaria em sua cidade natal, Viçosa, que viria depois a se tornar a Universidade Federal de Viçosa.

Sob seu governo, o Brasil se retirou da Liga das Nações em 1926.

Bernardes promoveu a única reforma da Constituição de 1891, reforma que foi promulgada em setembro de 1926 e que alterava principalmente as condições para se estabelecer o estado de sítio no Brasil. Após deixar o governo, foi eleito senador em 1929.

Foi contrário à ascensão de Antônio Carlos Ribeiro de Andrada ao governo de Minas Gerais mas não pode evitá-la.


DISCURSO DE POSSE. ( ortografia não alterada)

Senhores,


Agradeço os cumprimentos que Sua Excelência o Senhor Núncio Apostólico me dirige em nome dos Embaixadores Especiais, do Corpo Diplomático aqui acreditado e assim também os votos que formula pelo êxito do meu Governo e pela minha felicidade pessoal e da minha família, e igualmente de quantos vão colaborar comigo na administração do país.

O Brasil honra sempre na devida conta e é muito sensível a essas provas de simpatia e amizade que as outras Nações freqüentemente lhe testemunham, e ás quais, por seu lado retribui com sincera efusão e desvanecimento. Procuramos honrar lealmente esse conceito, trabalhando com afinco em favor da paz, que é a melhor garantia do progresso de todos os povos. Podeis assegurar aos vossos Augustos Soberanos e Governos, que, entre minhas preocupações de Chefe de Estado, nenhuma será mais constante do que essa. Os vínculos de solidariedade internacional, que cada vez nos prendem mais, e, através de todas as vicissitudes, vão, felizmente estabelecendo para a humanidade a segurança de um futuro melhor, criaram, ao mesmo tempo, em relação a diversos países, grandes deveres reciíprocos para os quais os respectivos dirigentes necessitam olhar com a maior solicitude, no objetivo de aumentar e fortalecer, entre todos eles, o sentimento de cordialidade.

No meio dessas delicadas obrigações, que tornam hoje tão difícil a tarefa de governar, como muito bem acentuou o vosso digno Decano, uma existe que sobreleva bastante ás outras, e vem a ser a de garantir o edifício social atual nos seus fundamentos jurídicos próprios. A estrutura política vigente, para ser melhorada, não carece aderir a idéias subversivas, que importam na destruição total da lei. A obra da civilização só se acelera com eficácia dentro da ordem. Fora daí, tudo é incerteza e predomínio das paixões violentas, contra as quais o mundo inteiro precisa estar em guarda, para salvar, com liberdade, a Justiça e o Direito, isto é a porção mais valiosa do patrimônio destes vinte séculos da cultura da humanidade.

As nações da América, em razão de sua própria juventude, estão ainda um pouco indenes do mal, ou não sentiram, por enquanto, em toda a sua tremenda extensão o perigo das propagandas malsãs, mas nem por isso compreendemos menos a necessidade de colaborar ativamente naquela “união-perfeita” que, como disse o vosso ilustre interprete, “liga todos os países e todos os corações por um só laço de fraternidade cristã”.

Com o pensamento assim invariavelmente voltado para os interesses reais e permanentes da paz, da civilização e da humanidade, e sempre numa estreita comunhão de espírito com todos os povos amigos do Brasil, ainda uma vez agradeço a grande honra do vosso comparecimento á minha posse, e significo, por vosso alto intermédio, à Sua Santidade o Papa Pio XI e aos Augustos Soberanos e Governos aqui tão dignamente representados, os votos ardentes que faço pela felicidade pessoal de cada um deles e pela prosperidade de suas respectivas Nações.

Fonte: BONFIM, João Bosco Bezerra. Palavra de Presidente - Discursos de Posse de Deodoro a Lula. Brasília: LGE Editora, 2004

O GOVERNO ARTUR BERNARDES - QUEM ERA QUEM

Vice-Presidente: Urbano Santos da Costa Araújo


Urbano Santos da Costa Araújo
Faleceu em 07/05/1922, antes da posse

Estácio Coimbra como Presidente do Senado
assumiu o cargo de Vice-Presidente


Ministro da Agricultura, Industria e Comércio: Miguel Calmon Du Pin e Almeida



Miguel Calmon Du Pin e Almeida


Ministro da Viação e Obras Públicas: Francisco Sá

Ministro das Relações Exteriores: José Félix Alves Pacheco



José Félix Alves Pacheco




Ministro da Fazenda: Rafael de Abreu Sampaio Vidal
                                Annibal Freire de Almeida


Rafael de Abreu Sampaio Vidal


 
Ministro da Guerra: Fernando Setembrino de Carvalho
                              Alexandrino Faria de Alencar

Fernando Setembrino de Carvalho


 
Ministro da Marinha: Alexandrino Faria de Alencar
                                Arnaldo de Siqueira Pinto da Luz

Alexandrino Faria de Alencar


Ministro da Justiça e Negócios Interiores: João Luiz Alves
                                                               Jose Félix Alves Pacheco
                                                              Annibal Freire da Fonseca
                                                              Affonso Augusto Moreira Penna Jr


João Luiz Alves



ECONOMIA

Bernardes representava a oligarquia rural mineira e tinha também o apoio dos cafeicultores paulistas - dois grupos que enfrentavam dificuldades econômicas, por conta da instabilidade internacional e politicas, uma vez que permaneciam no poder à revelia de forças politicas em ascenção em outros setores da sociedade e regiões do País. O Presidente pôs fim à atribuição do governo federal, de garantir o preço do café no mercado internacional, passando essa competência para os respectivos estados.



CULTURA

Ainda sob o efeito da Semana de Arte Moderna de 22, Oswald de Andrade lançava em março de 1924, o Manifesto Pau-Brasil, que exigia simplicidade, valorizando a cultura popular e criticando o estilo cultural que copiava fórmulas estrangeiras. Queria uma arte brasileira. Ele teve adesão importante de Tarcila do Amaral e Mario de Andrade. Mas também sofreu oposição do pessoal de São Paulo, que aderiu ao Movimento Verdamarelo, fundado por Plinio Salgado e ao qual aderiram Menotti Del Picchia, Cassiano Ricardo e Cândido Mota Filho. O grupo chamava o ideário defendido por Oswald de "nacionalismo importado" defendendo até a adoção  do tupi-guarani como lingua oficial e escolher a anta com símbolo nacional

Na música popular, o samba se espalhava pelos morros e começava a definir sua identidade, aos poucos se diferenciando de seus antecessores, como o maxixe e a modinha.



                                           Morro da Favela ( 1924 ) - Tarcila do Amaral


MODA ( Sem anáguas e sem bigode )

Os anos 20, foram um período de grandes mudanças na moda. As mulheres tiraram as anáguas, subiram as saias, cortaram os cabelos. Uma canção para  teatro de revistas, de autoria de Leopoldo Froés, cantava assim, 'Mimosa, mimosa, tão delicada e melindrosa', O termo ficou popular para designar  a mulher dos anos 20.

Os homens também passaram a se barbear sempre e aparar o bigode com esmero- e em certos casos, até a tirá-lo - para imitar o galã da época Rodolfo Valentino, que fazia sucesso nos filmes vindos de Hollywood. Ternos impecáveis , cabelos sempre curtos e engomados com brilhantina. Os sapatos de duas cores e as gravatas coloridas davam o tom descontraído, acompanhados do chapéu de palheta.

Este visual, graças a um grupo de rapazes de Petrópolis, que organizou um concurso de pinturas e bordados em almofadas. Jornais como A NOTICIA divulgaram o evento, dizendo que os moços pintavam e bordavam com o coração das melindrosas. Estavam batizados os almofadinhas, que não podiam faltar nas caricaturas da época.


REVOLUÇÃO DE 1924

A comemoração do segundo aniversário do Levante dos 18 do Forte de Copacabana foi marcado por insurreição nos Estados do Amazonas, Sergipe e São Paulo, que queriam a deposição de Bernardes. No norte, os movimentos foram controlados pelo Governo, já São Paulo foi tomado pelos rebeldes por três semanas. Bernardes mobilizou 15 mil soldados e ordenou o bombardeamento da cidade. Aviões  jogaram panfletos pedindo à população que abandonasse a capital do Estado. Ao menos 503 pessoas morreram e quase 5 mil ficaram feridas. Com a repressão na Capital, os revoltosos seguiram para o interior do Estado até chegarem ao Paraná, onde se encontraríam com rebeldes do Rio Grande do Sul.

Trincheira dos revoltosos em São Paulo.


COLUNA PRESTES ( Representação e justiça )

Resultado da união de grupos militares liderados pelo Major Miguel Costa, derrotado na Revolução de 1924 em São Paulo, com as tropas de Luis Carlos Prestes, vindos da Revolução Gaúcha de 1923, no Rio Grande do Sul. Entre 1925 e 1927, a coluna se deslocou pelo interior do País, sem uma ideologia clara e pela queda de Artur Bernardes. A coluna chegou a reunião 1,5 mil homens e percorreu 25 mil km. O movimento pegou fama de invencível, mas acabou se dispensando na Bolivia com a perseguição das tropas do governo por onde passava. 

Declaração dos Tenentes:

Somos contra os impostos exorbitantes, a incompetência administrativa, a falta de justiça, a mentira do voto,o amordaçamento da imprensa, as perseguições politicas, o desrespeito às autonomias dos Estados, a falta de legislação social, o estado de sítio. Somos a favor do ensino primário gratuito, da instrução profissionalizante e técnica, da liberdade de pensamento, da unificação e autonomia da justiça, da reforma da lei eleitoral e do fisco, do voto secreto obrigatório, da liberdade sindical, do castigo aos fraudadores e do patrimonio do povo e aos politicos corruptos e do auxilio estatal às forças econômicas. 

Revolucionários da Coluna Prestes


Fonte: Wikipédia, O Estadão - Google



 


 

















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