sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

PEDIATRAS PEDEM DEMISSÃO, E A POPULAÇÃO É QUEM SOFRE.

Pediatras que trabalham na rede estadual pediram demissão em massa à Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) e ameaçam deixar os hospitais em duas semanas. Ao todo, 127 profissionais aderiram ao movimento e isso pode prejudicar o atendimento de emergência e de pronto-socorro em sete hospitais localizados em Vitória, Vila Velha, São Mateus e Colatina.


Os médicos reivindicam um salário de R$ 14 mil por 40 horas semanais trabalhadas e querem que o Estado firme contrato com a Cooperativa dos Pediatras do Estado do Espírito Santo (Copedees), entidade criada em outubro do ano passado.

Segundo dados da Sesa, 434 pediatras trabalham nos hospitais do Estado - 319 efetivos e 115 temporários - e recebem, atualmente, piso de R$ 3.697,29 por 24 horas semanais.

Segundo o advogado da Copedees, Alexandre Rossoni, que protocolou os pedidos de demissão dos médicos, os profissionais querem que seus salários se equiparem ao de profissionais de outras especialidades, que também estão reunidos em cooperativas. Esse é o caso dos anestesistas, neurologistas, médicos intensivistas, ortopedistas, entre outros.

Rossoni diz que o número de demissões pode ser ainda maior na próxima semana. "Já recebi outros 49 requerimentos de pediatras que querem demissão, mas eles vão esperar um pouco mais porque estão perto da aposentadoria. Acredito que na próxima semana já teremos pelo menos 300 profissionais fora da rede. Se não houver negociação, em 15 dias o atendimento ficará caótico", afirma.

Contratação

Os médicos também reivindicam a contratação de mais profissionais e o aumento no número de leitos nas unidades. O grupo diz que vai entregar um estudo na próxima semana para a Sesa, que indica as mudanças que o Estado precisa realizar em cada hospital.

Sete unidades poderão ser afetadas com o afastamento dos médicos: Hospital Infantil de Vitória, Hospital Infantil de Vila Velha, Hospital da Polícia Militar (HPM), Hospital Dório Silva, Hospital Sílvio Avidos (Colatina), Hospital Roberto Silvares (São Mateus) e a Maternidade de Vila Velha.

Pacientes de planos particulares têm de pagar R$ 80 por consulta

Os pediatras que atuam em consultórios estão cobrando R$ 80 por consulta de usuários de planos de saúde que não aceitaram o reajuste exigido pelos médicos no ano passado. Os profissionais rescindiram os contratos com várias operadoras por conta do impasse referente aos valores das consultas.

Segundo o presidente da Comissão de Honorários Médicos da Sociedade Espírito Santense de Pediatria, Mário Tironi Júnior, atualmente, apenas os usuários da Unimed, do Bradesco Saúde, do São Bernardo Saúde, da Vale, da Arcelor Mittal e da Funcef - Fundação dos Economiários Federais-, estão recebendo atendimento credenciado de médicos pediátricos. As demais operadoras, como a União Nacional das Instituições de Autogestão em Saúde (Unidas-ES), que possui 24 instituições filiadas, não aceitaram pagar nem o valor mínimo proposto pelos médicos, de

R$ 60 por consulta. Inicialmente, a categoria exigia R$ 80.

"Os pediatras estão cobrando R$ 80 por consulta de usuários de planos que não estão mais credenciados. O médico dá o recibo para o paciente para que ele procure o reembolso junto a operadora. Poderíamos cobrar

R$ 150, já que esse é o valor praticado no mercado, mas acreditamos que R$ 80 é o valor mínimo para manter o consultório funcionando", afirma Tironi.

A Unidas foi procurada para falar sobre o assunto, mas até o final da noite de ontem não havia se pronunciado.

"A população só pode rezar ou tomar chá caseiro"

Alexandre Rossoni, advogado da Cooperativa dos Pediatras do Es, dando sugestão para pacientes que ficarem sem atendimento

Sesa diz que desligamento dos médicos não é imediato

Em resposta ao pedido de demissão em massa dos pediatras, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) afirma apenas que vai adotar todas as medidas cabíveis para garantir atendimento à população, e que o desligamento dos médicos não é imediato.

A assessoria de imprensa da Sesa informou, ainda, por meio de nota, que na primeira semana de governo, o secretário de Saúde, José Tadeu Marino, recebeu representantes dos pediatras e continua à disposição para manter o diálogo.

Apesar da Cooperativa dos Pediatras afirmar que 127 médicos pediram demissão à Sesa, a secretaria contabilizou no início da noite de ontem 63 solicitações de desligamento ou exoneração. A Sesa também acrescenta que vem investindo na melhoria do atendimento à saúde pública em todo o Estado.

"Em 2010, foi inaugurado o pronto-socorro do Hospital Estadual Infantil e Maternidade de Vila Velha (Himaba), com 25 leitos de observação clínica e seis consultórios médicos. Além disso, está em elaboração o projeto da construção do novo Hospital Estadual Infantil de Vitória, que poderá ter até 180 leitos. Atualmente, são 118", diz a nota enviada pela secretaria.

"Se com médico já é difícil, sem eles vai ser pior"

A auxiliar de serviços gerais Isabel Santos Marques, 43, moradora de Forte São João, em Vitória, não se conformou com a notícia do pedido de demissão em massa dos pediatras. Ela, que foi levar sua enteada ao Hospital Infantil por estar com sintomas de dengue, frisou que a situação é uma injustiça com a população. "Já está difícil com médicos, porque sempre temos que enfrentar filas e a demora para ser atendido nos hospitais. Se eles pedirem demissão, vai ficar ainda mais difícil para a gente", ressaltou a mulher.

Reivindicação

14 mi lreais. Esse é o salário reivindicado pelos pediatras que trabalham nos hospitais estaduais.

Fonte: A Gazeta - http://glo.bo/gAsJON


Comento: Nada contra a reinvindicação dos colegas pediatras, mas convenhamos, salário de R$ 14.000, quando os médicos do Estado não chegam a receber 5 mil reais pelo mesmo período de trabalho? Cooperativas de especialidades médicas estão criando uma nova categoria de médicos e isso requer uma intervenção do CRM, antes que a saúde, já tão ruim, piore mais ainda.
Inadmissível e infeliz o comentário do advogado da Cooperativa ao mandar a população "tomar chá caseiro na falta de uma consulta". Será que o faria com seus filhos? Deveria ser demitido, se é que ainda não o foi.



3 comentários:

  1. Concordo com seu comentário, muito bem colocado. Nossa saúde é precária sim. Somos obrigados a ter plano de saúde. Acredito que os médicos do serviço público são mal remunerados. Meu pai era médico, de amor a profissão. Dedicou sua vida e carinho aos pacientes. Hoje minha mãe vive de pensão por morte, valor ridículo.
    Tem outro lado da medicina: os comerciais! Nossa como tem médico comerciante!
    abs

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  2. Opa!!!!!!!! Deletou meu comentário? Assim não vale...... E a democracia onde é que fica?

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  3. Não sei o que aconteceu, mas tenha certeza que não deletei comentário algum, aliás, não faço nem quando são desrespeitosos, como vc sabe, esse é um espaço democrático. Se não for pedir muito gostaria que postasse novamente e terei o maior prazer em responder.

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