A Folha de S. Paulo, jornal fundamental na redefinição dos rumos da imprensa brasileira pós-regime militar, completou 90 anos nesta semana. Comemorou a data de várias formas. Entre elas, com a publicação de uma relação de 90 fotos e reportagens marcantes, notadamente da década de 60 para cá. É uma pequena aula de jornalismo e sobre a história recente do país. Do combate à ditadura aos escândalos do governo Lula, passeia-se por vários assuntos, incluindo esporte, ciências, etc. A relação também permite constatar como o governo Fernando Henrique Cardoso foi alvo de denúncias e movimentos radicais. Estão lá, por exemplo, a compra de votos para a aprovação da emenda da reeleição, a participação do então presidente na privatização da Telebrás, a foto de uma estudante nua, com um "Fora FHC" escrito num local, digamos, estratégico, o falseamento nos dados de doações de campanha eleitoral do tucano.
Esse apanhado só comprova como o governo do PSDB foi alvo de forte vigilância por parte da imprensa, algo negado e distorcido por quem vê em qualquer denúncia ou crítica aos governos atuais (principalmente os petistas) a mão invisível da conspiração. É uma patrulha ideológica sem pausa, uma ação constante para intimidar quem ousa se posicionar de forma diferente do status estabelecido pelas urnas. Antes, a imprensa vigiava o governo. Agora, é vigiada para não vigiar os governantes de ocasião.
O objetivo é claro: anular o contraditório, eliminar o debate. É curioso, muito curioso notar como estamos formando gerações desabituadas ao diálogo, exercício fundamental para a evolução desde a Grécia de Sócrates. Em nome da estabilidade ou da necessidade de execução de projetos, governantes de todos os níveis (municipal, estadual, federal) passaram a dominar totalmente câmaras, assembleias, Congresso, quase exterminando a oposição - que, por sua ineficiência, tem lá sua parcela de culpa nesse quadro.
O passeio pelas reportagens da Folha mostra como evoluímos de maneiras diferentes. Melhoramos social e economicamente, sem dúvida. Mas estamos perdendo, a cada dia, nossa capacidade de discutir de forma aberta os nossos rumos. Perdemos vibração democrática. E isso é lamentável...
Fonte: A Gazeta - Antonio Carlos Leite - http://glo.bo/gj98Fy
Esse apanhado só comprova como o governo do PSDB foi alvo de forte vigilância por parte da imprensa, algo negado e distorcido por quem vê em qualquer denúncia ou crítica aos governos atuais (principalmente os petistas) a mão invisível da conspiração. É uma patrulha ideológica sem pausa, uma ação constante para intimidar quem ousa se posicionar de forma diferente do status estabelecido pelas urnas. Antes, a imprensa vigiava o governo. Agora, é vigiada para não vigiar os governantes de ocasião.
O objetivo é claro: anular o contraditório, eliminar o debate. É curioso, muito curioso notar como estamos formando gerações desabituadas ao diálogo, exercício fundamental para a evolução desde a Grécia de Sócrates. Em nome da estabilidade ou da necessidade de execução de projetos, governantes de todos os níveis (municipal, estadual, federal) passaram a dominar totalmente câmaras, assembleias, Congresso, quase exterminando a oposição - que, por sua ineficiência, tem lá sua parcela de culpa nesse quadro.
O passeio pelas reportagens da Folha mostra como evoluímos de maneiras diferentes. Melhoramos social e economicamente, sem dúvida. Mas estamos perdendo, a cada dia, nossa capacidade de discutir de forma aberta os nossos rumos. Perdemos vibração democrática. E isso é lamentável...
Fonte: A Gazeta - Antonio Carlos Leite - http://glo.bo/gj98Fy
Esse texto faz uma excelente análise da real situação social e política atual.
ResponderExcluirGostei muito, embora percebendo que infelizmente é o que ocorre no Brasil.