sábado, 17 de julho de 2010

Chega de tititi.

.ILHÉUS (BA) - O candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, aproveitou sua visita, neste sábado, no município de Itabuna, sul da Bahia, para voltar a fazer críticas pesadas à área de Segurança Pública no Estado e no país. Ele lembrou que Itabuna é a cidade de maior mortalidade de jovens pela violência urbana e classificou o problema como "crítico". Reforçou que criará um Ministério da Segurança e uma Força Nacional, "estável e permanente" para ajudar os estados a combater a violência.


"É preciso ter um fichário nacional de criminosos que, por incrível que pareça não existe", declarou, assinalando que o governo brasileiro não controla as fronteiras, principalmente a da Bolívia de onde vem, conformeo tucano, 80% da droga que entra no Brasil. Segundo Serra o governo boliviano "não dá bola pra isso" e por essa razão pretende, se foreleito presidente, "fazer pressão diplomática "nos países que exportamcocaína pra cá". Foi o único momento em que ele se dispôs a tratar detemas nacionais. Quando indagado sobre as sucessivas burlas da lei eleitoral pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da oposição ferrenha que vem sofrendo das centrais sindicais ligadas à candidatura dapetista Dilma Rousseff, encerrou com uma frase: "hoje à tarde, aqui em Ilhéus, não tem tititi".

Serra passou o sábado entre Ilhéus e Itabuna, as duas principais cidades do sul da Bahia. Dos três grandes problemas que afetam a economia dos dois municípios, o precário aeroporto de Ilhéus, as dívidas dos cacauicultores e a estruturação da Zona de Processamento de Exportação (ZPE) o candidato do PSDB só quis se comprometer em resolver imediatamente, caso chegue ao Planalto, a questão do campo de pouso. Ele sentiu na pele o problema: devido às chuvas, seu avião não pode pousar em Ilhéus, só teve condições no aeroporto da Ilha de Comandatuba, a cerca de cem quilômetros.

- A situação do aeroporto é lamentável, deplorável, não sei pra que a Infraero, que cuida de aeroportos, existe, porque é um aeroporto (de Ilhéus) que não tem instrumentos, a pista precisa ser ampliada" - reclamou, logo após degustar alguns quibes no Bar Vesúvio, de Ilhéus, que o escritor Jorge Amado tornou famoso no romance "Gabriela, Cravo e Canela". Serra assinalou que "várias coisas que envolvem o turismo e a região, podem ser feitas logo, é barato. Isso sem dúvida nenhuma ajudaria o turismo e os negócios em geral". Ele qualificou de "inacreditável" o fato de um município como Ilhéus, pólo de turismo e de negócios ficar "sem comunicação aérea regular".

Por outro lado, deixou meio decepcionados os cacauicultores da região que vem sofrendo com as dívidas da lavoura desde que a praga "vassoura-de-bruxa" devastou os cacauais a partir de década de 1980. O tucano preferiu não fazer promessas irresponsáveis. "A questão do cacau, exige um tratamento mais sério. Não adianta eu vir aqui na véspera de eleição e falar: ta bom, eu vou resolver, tem tal promessa, vou fazer isso". Prometeu apenas "disposição de enfrentar o problema" encontrando uma "saída responsável". Salientou que a praga não é mais um problema já que se encontrou maneiras de evitá-la e que agora é preciso enfrentar a falta de capitalização dos produtores. "E isso a gente vai ter que enfrentar de forma responsável, construtiva, em parceria com o governo do Estado e os municípios", declarou, sem querer detalhar o que pretende fazer exatamente.

Em relação à ZPE lembrou não existir um porto capacitado em Ilhéus. "Sem isso não tem como pensar em Zona de Processamento de Exportação pra funcionar. Pode-se falar, mas pra funcionar precisa disso". Nesse sentido, criticou o Porto Sul que faz parte do grande corredor de escoamento da produção baiana a ser efetivado com a Ferrovia Oeste-Leste (ligando a região de Barreiras no oeste ao sul baiano), principal obra do PAC no Estado. Esclareceu, contudo, ser a favor do projeto que vem sofrendo forte oposição dos ambientalistas.

- O que aconteceu agora é que no oitavo ano do governo eles fazem licitação, acaba não indo para a frente, pois a questão ambiental não foi bem trabalhada, e não acontece nada. Fica só no anúncio e na publicidade. Temos que ter uma solução do porto, compatível com o meio ambiente e ai a coisa andará. É preciso fazer direito, não fazer propaganda e deixar pros últimos seis meses fazer a licitação - declarou.

Com duas horas de atraso Serra iniciou sua visita de campanha à região circulando durante 50 minutos pelo centro comercial da cidade de Itabuna. Militantes e políticos que apoiam Serra na Bahia, como o candidato ao governo Paulo Souto (DEM) seu vice Nilo Coelho (PSDB) além de vários deputados como ACM Neto (DEM) e o líder do PSDB João Almeida (BA) ficaram sem ter muito o que fazer na Avenida Cinqüentenário esperando o tucano, enfrentando uma chuva intermitente.

Cerca de 200 militantes dos partidos coligados ao PSDB, portavam bandeiras e apitos. Ganharam R$10 pelo serviço e estavam reclamando a falta de lanche. Quando Serra chegou, às 12h20 o tumulto se ampliou no local e os guardas de trânsito desistiram de qualquer tipo de ordenamento. A rua foi simplesmente bloqueada pelos militantes e Serra partiu para cumprimentar várias pessoas que estavam nas lojas do comércio. Muitas pediam para tirar fotos. De Itabuna, os organizadores da visita levaram o tucano para um bairro periférico de Ilhéus, Teotônio Vilela, onde o candidato também caminhou distribuindo abraços e acenos.

O presidente da Associação dos Moradores do local, Daniel Carvalho preparou um documento com as reivindicações da comunidade (tarefas mais da prefeitura que de um presidente como ciclovia, passarela, pavimentação de ruas) e pretendia entregar a Serra em cima do carro de som que animava a visita, mas devido ao atraso na agenda não conseguiu. Segundo Carvalho, a comunidade de Teotônio Vilela está meio dividida entre Serra e Dilma, mas depois da visita do tucano acha que ele terá mais votos lá. O último evento de José Serra foi a visita de outro bairro pobre de Ilhéus, Nossa Senhora da Vitória.

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