E a Marina esfrega as mãos...
O Brasil viu a nova, ou melhor, a verdadeira face de Dilma no debate de ontem. Cansada de tentar ser a Dilminha Paz e Amor, à imagem e semelhança de seu tutor, resolveu passar ao ataque, mas, como disse o Augusto Nunes, em seu blog na Veja, “partir para o ataque não é para principiantes”, o que, em outras palavras, quer dizer, bateu por bater, sem preparo, irascível e se perdeu.
A imprensa internacional, como jornais da Espanha, Portugal, Argentina, Venezuela e EE.UU, os que tive a oportunidade de ler logo após o encerramento do debate, também notaram a nova postura da candidata petista.
Coincidência ou não, justamente dois dias depois de ser anunciado o boquirroto Ciro Gomes como um dos coordenadores de sua campanha, Dilma começou atacando a mulher do Serra por esta ter-lhe criticado as duas caras em se tratando de aborto. Usando do jogo de palavras típico de quem não tem argumento, ela chamou Serra de mil caras. Aí também se perdeu.
Serra apenas regulamentou, quando ministro da saúde, o aborto para mães que corriam risco de morte com a gravidez que se desenvolvia, regulamentação essa depois de discutido e aprovado no Congresso. A postura dele, um homem com aços estreitos com a Igreja Católica, como todo com convivente com os italianos da Mooca, Serra não contrariou sua postura de antiabortista, mas mostrou-se um democrata que assimila a vontade da maioria.
Acusando a oposição, a começar pelo candidato a vice, Índio da Costa, de lançar boatos contra ela, Dilma foi quem puxou o assunto, mas foi desmascarada pelo adversário que falou que os vídeos da sabatina da Folha em que ela deixa bem claro sua posição a favor do aborto.
Embora o aborto seja questão complexa, que mesmo em países onde a prática é legal há uma cisão entre os cidadãos, até mesmo com atentados contra clínicas, em se tratando de plataforma eleitoral não passa de tema secundário. Um presidente sozinho não decide sobre a questão. A celeuma toda em torno do tema deu-se mais pela mudança eleitoreira da postura da candidata, que agora diz-se contra e usa isso como mote de campanha.
Serra, excessivamente cavalheiro no trato com a adversária, perdeu boas chances de desmascará-la em outras mentiras, como a reforma dos aeroportos, que começaram no governo FHC, mas que contaram com vários apagões aéreos durante o governo Lula.
Sou testemunha de que as reformas aeroportuárias começaram antes do governo Lula. Pelo menos três aeroportos pelos quais passei foram reformados e/ou ampliados no mandato anterior: Porto Seguro, Fortaleza e Belém, sem contar com Salvador, que até teve o nome trocado de 2 de Julho para Luís Eduardo Magalhães.
Outro tema pouco explorado por Serra foi a mentira da capitalização da Petrobrás, que passou uma semana de desvalorização depois de passado o efeito da injeção de dinheiro público em algo que sequer se sabe se dará certo, o pré-sal. Mas, na insistência da petista na questão das privatizações, ele foi assertivo, embora raso, talvez devido ao pouco tempo para explorar o tema. O fato é que o Brasil se comunica com muito mais facilidade e mais barato do que na era pré-FHC em que telefone era para ricos e sortudos, dada a pequena oferta de linhas, principalmente as residenciais.
Em muito eles são iguais, como na sua origem esquerdista, mas, enquanto a Dilma fazia oposição armada À ditadura, ações que se tornaram inócuas no restabelecimento da democracia, Serra fazia parte dos que usavam o cérebro antes de usarem as armas, como Ulysses Guimarães, Tancredo Neves, Teotônio Vilela, Paulo Brossard e tantos outros grandes nomes que a história teima em esquecer, mas que foram preponderantes no restabelecimento dos direitos civis que ora o PT e seus aliados tentam derrubar por terra com o PNDH-3.
A agressividade de Dilma serviu apenas para dar palavras de ordem para seus seguidores pouco analíticos, mas, eleitoralmente, a empurrou um ouço mais para o fundo do poço que ela, Ciro, Vaccareza e Lula estão cavando para enterrá-la.
O PT já anunciou que ela não participará dos próximos debates, sendo 6 os agendados. Talvez considerem os 7 pontos percentuais de vantagem que o Datafolha lhe imputa como irreversíveis e a eleição garantida. Contar com o ovo nas entranhas da galinha pode ser apenas mais um erro da coordenação de sua campanha, mas um erro fatal. Resta à oposição explorar bem sua ausência.
Esperemos enquanto trabalhamos.
©Marcos Pontes
http://simpatiaeesculacho.blogspot.com/2010/10/primeiro-round.html
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