domingo, 23 de janeiro de 2011

PRIMEIROS SINAIS DE ALERTA.

Um dos maiores desafios do Espírito Santo, a Segurança Pública foi certamente o assunto mais comentado durante as entrevistas, sabatinas e debates da campanha eleitoral, no ano passado. Todos os candidatos reconheceram a gravidade do problema, alimentado principalmente pela guerra do tráfico na Grande Vitória. Só em 2010, foram mais de 1.800 vítimas - média de 150 por mês.


A campanha eleitoral passou. O governador eleito, Renato Casagrande (PSB), escolheu a sua equipe, preparou o plano de Segurança Pública e renovou as promessas de redução dos índices de violência. Entre as metas, deixar o percentual de mortes, pelo menos, dentro da média nacional.

Agora, três semanas após o início do governo, os primeiros números preocupam. Reportagem publicada ontem neste jornal mostra que o número de crimes aumentou cerca de 70% em Guarapari, principal balneário turístico do Estado.

De acordo com a polícia, a elevação é natural, devido ao alto número de pessoas circulando pelo município na temporada de verão. Com 110 mil pessoas, a cidade passa a abrigar mais de 500 mil nesta época. Outra explicação para o incremento da criminalidade seria, curiosamente, o aumento do efetivo policial nas ruas. "Como há mais policiais nas ruas, as pessoas se encorajam a denunciar e registrar as ocorrências", informou o delegado do município, na edição de ontem.

O delegado pode ter razão, mas um aumento de 70% no número de crimes não pode ser considerado normal, mesmo que o índice esteja no mesmo patamar de outros verões. Se a meta era reduzir a violência, isso parece não estar acontecendo no município.

Os primeiros sinais de alerta na Segurança vêm também do número de homicídios. Em apenas nove horas, da noite de sexta-feira até a manhã de ontem, cinco pessoas foram assassinadas na Grande Vitória. Os crimes aconteceram em bairros da periferia. E pelas primeiras investigações, parecem estar relacionados com o tráfico de drogas. Ou seja, um velho drama capixaba.

É claro que ainda é cedo para levantar críticas sobre o trabalho na área de Segurança. Não há nem estatísticas para apontar a redução, a manutenção ou o aumento da criminalidade no Estado - o balanço só deve ser fechado no final do mês ou do trimestre -, mas é preciso iniciar a discussão, começar do começo, sob o risco de chegar ao fim do ano com números muito parecidos com os de anos anteriores.

O Estado conseguiu reduzir um pouco - 9,3% - o número de homicídios em 2010. Foram 189 mortes a menos que em 2009. Também conseguiu acabar com as detenções provisórias em celas metálicas e tirar todos os presos das delegacias, transferindo-os para presídios.

São dados positivos, que geram em toda a população a esperança de dias mais tranquilos e seguros. É preciso, entretanto, que haja grande vigilância sobre o que parece rotineiro. Afinal, a rotina no Estado é de uma violência maior do que a média nacional. São estatísticas que envergonham e preocupam o capixaba há muito tempo.

Editorial de A Gazeta

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