TOLERÂNCIA ZERO ( by MARCO SOBREIRA )

Não dá para esquecer, até porque a televisão não cansa de mostrar as imagens da catástrofe que abateu a região serrana do Estado do Rio, e a medida que vamos tomando conhecimento das histórias pessoais, vamos sendo tomados por um sentimento de revolta e indignação impossível de não ser relatado, até mesmo por desabafo.


Famílias inteiras desapareceram num piscar de olhos, pais que perderam os filhos, filhos que perderam pais e irmãos, vizinhos, amigos, tudo numa velocidade tão grande que certamente ainda não se deram conta do tamanho da tragédia que foram vítimas, ou seja, a “ficha ainda não caiu”, certamente ficarão marcados para sempre e os transtornos psicológicos impossíveis de serem medidos.

Outro aspecto do drama é a perda material, bens adquiridos durante toda uma vida, perderam-se num espaço de horas e ainda não se sabe como acomodar tanta gente, e a julgar pelos exemplos de tragédias anteriores, imagina-se que muito sofrimento ainda vem pela frente. Como se não bastasse, ainda tem o risco das doenças causadas pela água contaminada, lamas e esgotos, sendo que a leptospirose a mais perigosa delas, até porque não tem vacina e a demora no atendimento do paciente pode significar a diferença entre a vida e a morte.

As autoridades apressam-se em dar explicações , prometem ajuda, liberam dinheiro, numa tentativa mais de se eximir de culpas do que de realmente se enfrentar o problema com a responsabilidade de quem foi eleito com a obrigação de zelar pela segurança e o bem estar da sociedade. Nesse momento, toda ajuda é válida e importante, Exército, Aeronáutica, helicópteros, caminhões, Policia Militar, Civil, Bombeiros, mas a mais valiosa sem dúvida são as dos voluntários e do fantástico sentimento de solidariedade do povo brasileiro, que se apressou em doações de todos os tipos, numa atitude que nos enche a todos de orgulho de nossa gente. Exemplos de desprendimento e doação de quem também é vitima, nos comove a todos.

Agora, diante da extensão da tragédia, os mortos chegam a 641 até este momento, os nossos políticos pressionados pela opinião pública, prometem ações e recursos para que novos eventos como esse não ocorram. Não dá para acreditar, até porque as soluções demandam vontade política, prioridade, obras e ações de médio e longo prazo, o que convenhamos não é o forte de nossos governantes, mais afeitos ao proveito eleitoral das ações de curto prazo e visibilidade. O que fazer? Mobilizar a sociedade, protestar e cobrar de nossos legisladores e do Poder Judiciário, para que respondam criminalmente por sua omissão caracterizada por homicídio culposo e levá-los às barras dos tribunais. Só assim veremos uma luz no fim do túnel, tolerância zero com políticos irresponsáveis já seria um ótimo começo.