sábado, 3 de dezembro de 2011

SERRA VOLTA AO JOGO

Tucanos e democratas que conversaram com José Serra nos últimos dias dizem que ele não rejeita mais a possibilidade de se candidatar a prefeito de São Paulo no ano que vem.

O governador do Estado, Geraldo Alckmin, avalia que Serra aceitará concorrer em outubro de 2012. Essa é a principal razão para Alckmin jogar pelo adiamento de uma decisão do PSDB paulistano. Na visão do governador, o partido não tem hoje outro postulante com chance de vitória.
Desde a derrota presidencial no ano passado, Serra alimenta o desejo de concorrer pela terceira vez ao Palácio do Planalto. Ele foi o candidato tucano em 2002 e 2010. Mas o PSDB nacional está cada vez mais fechado com o projeto de lançar o senador mineiro Aécio Neves em 2014.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso acredita que a vez é de Aécio. Muitos outros caciques do tucanato paulista passaram a pensar o mesmo. Até aliados do governador paulista dizem que o caminho natural de Alckmin é a reeleição.

Trocando em miúdos: a pista presidencial no PSDB está interditada para Serra.
Nesse cenário, perde força o argumento de aliados de Serra de que a candidatura a prefeito o tiraria da corrida pelo Palácio do Planalto. Na prática, ele está fora desse páreo.

Na opinião de serristas mais aguerridos, se o ex-governador optar pela prefeitura paulistana, dará o passo definitivo para encerrar a carreira. Mas, como Aécio é o virtual candidato a presidente, ficar sem mandato seria um fim a carreira pior ainda.

Um terceiro argumento tem sido apresentado a Serra: se não concorrer em 2012, será grande a chance de eleição do atual pré-candidato do PT a prefeito, o ministro da Educação, Fernando Haddad.
Na oposição, Serra tem sida a voz mais dura contra o governo Dilma e o PT. Enfrentar Haddad permitiria continuar nesse nicho. Mais: o ex-governador teria o apoio de Alckmin, do PSDB, do DEM e do PSD do prefeito Gilberto Kassab. Formaria uma aliança forte, com gás para tentar impedir o avanço petista na maior cidade do país.

Por último, pesaria o imponderável. Faltam três anos para a próxima disputa presidencial. É tempo suficiente para reviravoltas. Uma raposa tucana diz que a fortuna sorriria mais facilmente para um prefeito de São Paulo do que para alguém entrincheirado num blog.

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OBSTÁCULOS

No Palácio dos Bandeirantes, gente importante faz a seguinte avaliação: será um erro desprezar Haddad. Com taxa de rejeição na faixa dos 10%, o ministro da Educação terá o apoio de um ex-presidente popular e de uma presidente bem avaliada nas pesquisas.

A candidatura de Serra teria de responder com eficácia à crítica de que ele poderia usar novamente a Prefeitura de São Paulo como trampolim. Eleito em 2004, Serra deixou a prefeitura em 2006 para concorrer ao governo de São Paulo. Em 2010, saiu do Palácio dos Bandeirantes para disputar contra Dilma. A rejeição no patamar dos 30% será outro desafio do tucano.

Kennedy Alencar - Folha de São Paulo

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