segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Gastos sob suspeita

Acapacidade de fazer o dinheiro público render menos em benefícios para o seu proprietário, o povo, incomoda os cidadãos que moram ou trabalham em Vitória. Entre os gastos da prefeitura, pelo menos R$ 40 milhões despertam suspeitas.

Há sensação de sangria do erário. Valores de indenizações estão muito acima do nível do mercado; a municipalidade paga por imóvel quase o dobro da quantia avaliada por ela própria .

É estranho. A prefeitura tem recursos para arcar com superpreços, mas não para finalizar obras nos prazos prometidos. A escassez de verba é argumento frequente para atrasos. Alguns casos são emblemáticos como a reforma da orla de Camburi (incluindo os novelescos quiosques,com orçamentos questionados), a Fábrica do Trabalho, em Jucutuquara (que se arrasta desde 2006), e o Parque Tancredão, cujo valor foi reajustado por quase o triplo do inicial: saltou de R$ 15 milhões para R$ 41,7 milhões.

Na área próxima à Rodoviária, não é só o Tancredão que suga vorazmente recursos públicos. A poucos metros do Sambão do Povo - numa região onde não há procura por imóvel, segundo a Associação das Empresas do Mercado Imobiliário -, o modesto Hotel Príncipe foi desapropriado em 2008 por R$ 5,5 milhões, para abrigar um Centro de Especialidades Médicas, não se sabe a partir de quando. Sua reforma já custou R$ 7,9 milhões, e um aditivo assinado na semana passada pode elevar o custo em mais 50%.

Também surpreende o fato de a prefeitura ter comprado por R$ 15,2 milhões um acanhado esqueleto de prédio em terreno situado no bairro Tabuazeiro, muito distante das áreas nobres da cidade. O metro quadrado saiu quatro vezes mais caro do que a cotação na Mata da Praia, uma das regiões mais valorizadas na Grande Vitória.

A desconfiança causada pelo festival de gastos suspeitos não se desfaz com o discurso da prefeitura de que não há ilicitude. Não convence. Faltam justificativas sólidas, enquanto permanece a expectativa sobre as investigações em curso no Ministério Público.
Fonte: A Gazeta

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