terça-feira, 13 de dezembro de 2011

BASE OBESA DESAFIA DILMA

A cena se repete pela sétima vez, em menos de um ano, fazendo antever ao País mais um enredo que promete se arrastar com os protagonistas de sempre - de um lado, o governo que resiste ao que comodamente classifica de intriga da mídia; de outro, um ministro que se diz "tranquilo" e prestigiado pela presidente da República.

Não há como estabelecer diferenças entre a situação do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Fernando Pimentel, e de seu ex-colega de governo Antonio Palocci. Talvez a única seja a de que, nesta, estão identificados os clientes da consultoria (não se sabe se todos, mas pelo menos os que correspondem ao faturamento até aqui conhecido do consultor).

Bem sabe o governo que o problema não é a "mídia golpista", mas a base movediça de um sistema, oportunamente resumido pelo deputado Miro Teixeira (PDT-RJ), como "capitanias partidárias".

E é aqui a encruzilhada da presidente Dilma Rousseff, eleita por uma aliança tão ampla quanto fisiológica, origem de uma base parlamentar muito superior à necessária para garantir seus interesses no Legislativo. É um governo obeso, com dificuldade para carregar o próprio peso, refém de demandas por mais aparelhamento da máquina, condenado a emagrecer para sobreviver.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso abordou esse aspecto, sugerindo que a presidente trabalhe com uma base menor, porém fiel, fazendo mais com menos. Mas a sugestão é acompanhada de um alerta: isso não é possível sem programas de governo e sem enfrentar o patrulhamento ideológico.

ANP é a disputa da vez

O fim do mandato do diretor-geral, Haroldo Lima, abre a principal das cinco vagas em disputa na Agência Nacional do Petróleo (ANP) e testa mais uma vez a determinação da presidente Dilma por opções técnicas para o setor fiscalizador. O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), após as últimas vitórias do governo na Casa, já cobra a promissória: quer a efetivação do atual interino do órgão, Allan Kardec, ou emplacar outro nome. Mas Dilma tem uma favorita: Magda Chambriard, servidora de carreira da Petrobrás e ligada à diretora da estatal, Maria das Graças Foster. Se Magda assumir a direção-geral da agência, restará a Sarney uma das diretorias.

JOÃO BOSCO RABELLO - O Estado de S.Paulo

Nenhum comentário:

Postar um comentário