domingo, 27 de junho de 2010

ITAMAR FRANCO DE VOLTA À POLITICA.

O ex-presidente da República e ex-governador de Minas Gerais Itamar Franco quer voltar à vida política como senador — cargo que já ocupou em plena ditadura militar, ao ser eleito pelo MDB, partido oposicionista, nas eleições de 1974. Aclamado pelo seu partido, o PPS, e com o apoio do ex-governador Aécio Neves (PSDB), Itamar recebeu ontem, durante convenção realizada em Belo Horizonte, o sinal verde para disputar uma das duas cadeiras para o Senado nas eleições de outubro. A campanha será feita em conjunto com o PSDB, aliando as imagens de Itamar, Aécio e do governador de Minas Gerais, Antonio Augusto Anastasia (PSDB), que tenta a reeleição.


Fortemente aplaudido pelos militantes e políticos que participaram da convenção, Itamar ouviu vários elogios sobre a sua “ética e honestidade”. Entusiasmado, Aécio Neves afirmou que a partir de ontem passou a se chamar “Aécio Anastasia Franco” — em alusão aos nomes dos integrantes da chapa majoritária, composta pelos dois candidatos ao Senado e a governador. “Quem quiser votar em Aécio, comece votando em Itamar”, discursou Aécio, arrancando aplausos. O governador Anastasia disse que a presença de Aécio e Itamar no Senado será uma garantia da defesa dos interesses de Minas.

Em rápida entrevista, Itamar Franco afirmou que vai trabalhar pela eleição de Aécio e Anastasia, não deixando claro se vai fazer campanha para José Serra (PSDB) – o candidato a presidente da República apoiado pela coligação. “Só penso em Minas”, limitou-se a dizer, completando que o estado perdeu a oportunidade de ter um presidente da República ao não emplacar a candidatura de Aécio Neves para a sucessão do Palácio do Planalto. Questionado sobre prováveis dissidências dentro do partido, Itamar apelou para a “consciência de cada um” e aproveitou para criticar a legislação eleitoral, que permite aos partidos fazerem alianças diferentes em níveis federal e estadual.

Inflação domada

Itamar ingressou na vida pública como prefeito de Juiz de Fora, sua terra natal, em cargo que reconquistou na disputa de 1972. Em maio de 1974, garantiu uma vaga no Senado e lá permaneceu mais dois mandatos. Em meados de 1989, aceitou convite de Fernando Collor de Melo, ex-governador de Alagoas, para concorrer a vice-presidente da República na chapa encabeçada pelo PRN.

Com apenas 2% das intenções de votos, o alagoano já havia convidado outros políticos, que recusaram a oferta. Itamar então surgiu como o melhor nome, pela sua imagem de honesto e ter base eleitoral em Minas Gerais. Em meio às acusações de corrupção que levaram ao impeachment de Collor em 1992, assumiu a Presidência de um país com uma inflação na casa de 20% ao mês e desemprego em alta. No seu governo a inflação foi finalmente domada e as classes menos favorecidas recuperaram poder de compra.

Impedido de disputar a Presidência em 1998 pelo PMDB, que optou pelo apoio à reeleição de Fernando Henrique Cardoso, Itamar elegeu-se para o governo de Minas, derrotando Eduardo Azeredo (PSDB), que disputava a reeleição. Durante seu mandato no Palácio da Liberdade, passou três anos travando uma batalha contra FHC, incluindo a moratória da dívida mineira. Em 2006, disputou com Newton Cardoso a convenção que escolheria o candidato do PMDB a senador: foi derrotado com uma larga diferença de votos.

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