O Brasil vive hoje um dia único: depois de mais de cinco séculos de história, a primeira mulher eleita democraticamente para governar o país inicia o mandato de quatro anos na Presidência da República. Em cerimônia marcada para começar às 14h, em Brasília, a ex-ministra-chefe da Casa Civil Dilma Rousseff (PT) vai receber a faixa presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), principal responsável por sua vitória nas urnas.
Que recado você gostaria de mandar para a presidente?
A "dama de ferro" do governo Lula chega ao poder depois de quatro meses de uma campanha duríssima - seja na evolução dos índices de voto, seja no comportamento dos candidatos -, na qual derrotou em segundo turno o ex-governador de São Paulo José Serra, candidato do PSDB.
A festa maior é de quem chega, mas a vitória maior com certeza é de quem desce a rampa do Planalto. Oficialmente, Lula não estará mais "lá", mas, após oito anos de um governo recordista em aprovação, conseguiu assegurar a continuação de seu projeto político e a hegemonia do PT no governo central por 12 anos seguidos - feito inédito na Nova República. Tudo a partir de um plano concebido por Lula, e exclusivamente por ele, plano que, em sua origem, esbarrou na incredulidade e na resistência de aliados no governo e no PT.
Se Lula é o "filho do Brasil", Dilma é filha de Lula, em termos eleitorais. Em 2006, antes de concluir o primeiro mandato, ele já estava convencido de que, com a queda de José Dirceu e Antonio Palocci, Dilma era a alternativa mais viável. A própria ministra riu-se inicialmente da ideia quando ela lhe foi informada.
Mas Dilma se tornou a "mãe do PAC", a partir de uma vigorosa operação de marketing que se sobrepunha aos números da execução do programa. Sob essa alcunha, passou a percorrer o Brasil com Lula, que a apresentava ao eleitorado. Vencidas as resistências internas, confirmou-se como aposta do PT. De implausível, o plano se provou acertado, quando, a reboque da popularidade lulista e de números positivos do governo, Dilma abriu boa frente nas pesquisas, a ponto de a militância e o comando da campanha se deixarem trair pelo clima de "já ganhou".
A polêmica sobre o aborto, a ascensão de Marina Silva (PV) e as denúncias na Receita e na Casa Civil adiaram a vitória anunciada no 1º turno. Mas, no segundo, Dilma a sacramentou, intensificando a tática de comparar os oito anos de Lula com os de Fernando Henrique. Ela é eleita com a promessa de erradicar de vez a pobreza do Brasil e a responsabilidade, como ela mesma não se cansa de frisar, de não falhar na missão que o povo, ineditamente, confiou a uma brasileira.
Os 37 ministros da presidente
Antonio Palocci (PT-SP).
Ex-ministro da Fazenda de Lula, assume a Casa Civil. Deve atuar para neutralizar pressões da base.
José Eduardo Cardozo (PT-SP).
Deputado federal e secretário-geral do PT, será ministro da Justiça.
Guido Mantega (PT).
Continua na Fazenda. Já foi ministro do Planejamento e garantiu investimentos de Dilma no PAC.
Miriam Belchior (PT).
Titular do Planejamento, é o nome mais próximo de Dilma. Coordenou o Programa de Aceleração do Crescimento.
Gilberto Carvalho (PT).
Chefe do gabinete pessoal de Lula, assume a Secretaria Geral da Presidência.
Fernando Haddad (PT).
Fica na Educação, por um pedido pessoal de Lula. Acadêmico do PT, deve dar atenção ao ensino técnico.
Paulo Bernardo (PT).
Após passar pelo Ministério do Planejamento, segue para o Ministério das Comunicações, com tarefa de discutir marcos regulatórios para o setor.
Fernando Pimentel (PT).
Por ser aliado em Minas Gerais de Aécio Neves, de oposição a Dilma, pode fazer agenda política no Ministério do Desenvolvimento.
Aloizio Mercadante (PT-SP).
O senador assume a Ciência e Tecnologia.
Ideli Salvatti (PT-SC).
A senadora será titular da Pesca e Aquicultura e Maria do Rosário (PT) da Secretaria de Direitos Humanos.
Alexandre Padilha (PT).
Médico, sai da Secretaria de Assuntos Institucionais, para onde vai o deputado Luiz Sergio (PT-RJ), para assumir o Ministério da Saúde.
Jorge Hage (PT).
Segue na Controladoria Geral da União. Tereza Campello (PT) será ministra do Desenvolvimento Social. Já Afonso Florence (PT-BA) vai para o Desenvolvimento Agrário.
Anna de Holanda.
Irmã do compositor Chico Buarque, comandará a Cultura. Já Luís Inácio Adams fica na Advocacia Geral da União.
Iriny Lopes (PT-ES).
Deputada federal do Espírito Santo, assumirá a Secretaria de Política para as Mulheres.
PMDB.
Nelson Jobim continua na Defesa e Wagner Rossi, na Agricultura. Edison Lobão volta para as Minas e Energia. Já Garibaldi Alves vai para a Previdência admitindo nada saber sobre o tema.
PMDB 2.
O deputado Pedro Novais (foto 4), 80 anos, chega ao Ministério do Turismo acusado de pagar motel com verba parlamentar. Moreira Franco vai para a Secretaria de Assuntos Estratégicos.
Demais aliados.
Alfredo Nascimento (PR) foi mantido no comando dos Transportes, Carlos Lupi (PDT) no Trabalho e Orlando Silva (PCdoB) nos Esportes. O deputado Mário Negromonte mantém o PP na pasta de Cidades. Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE) vai para a Integração Nacional. A Secretaria de Portos fica com Leônidas Cristino (PSB-CE).
Técnicos.
Servidor de carreira no Banco Central, Alexandre Tombini será seu presidente. A jornalista Helena Chagas chefiará a Secretaria de Comunicação da Presidência. Antonio Patriota será titular das Relações Exteriores. Isabela Teixeira fica no Meio Ambiente. A socióloga Luiza Bairros vai para o Ministério da Igualdade Racial. O general José Elito Carvalho Siqueira comandará o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência.
Petista desfila em carro aberto ao lado da filha
A presidente eleita, Dilma Rousseff, decidiu na tarde de ontem ir ao lado da filha Paula Rousseff, 34, no desfile em carro aberto no dia de sua posse. Anteriormente, Dilma tinha comunicado ao cerimonial responsável pela posse que não pretendia desfilar no Rolls-Royce presidencial acompanhada da mãe ou da filha.
Durante a campanha, Paula ganhou destaque quando nasceu em setembro seu primeiro filho, Gabriel. Uma foto de Dilma com o neto nos braços foi divulgada pela assessoria da então candidata. Tradicionalmente, o presidente desfila ao lado do cônjuge pela Esplanada dos Ministérios.
No entanto, Dilma é divorciada. A assessoria dela havia aconselhado que não fosse ao lado do vice-presidente eleito, Michel Temer. Ele irá no carro aberto atrás, acompanhado da mulher. Dilma também decidiu ontem não trocar de roupa entre as cerimônias no Congresso e no Paládio do Planalto. Um espaço já havia sido preparado para a troca. Dilma pode trocar de roupa somente para a cerimônia do Itamaraty. Ela encomendou a sua estilista dois trajes: um vestido e um tailleur de saia e terninho, ambos em tons entre "branco gelo" e bege.
Lula admite que usava "nunca antes" para irritar
Ao se despedir dos funcionários da Presidência, ontem, em cerimônia no Palácio do Planalto, o presidente Lula disse que passou a usar sempre que possível a frase "nunca antes na história desse país" para irritar os adversários.
Lula autoelogiou seu governo e afirmou que tudo o que ele e o PT prometeram nos programas de governo de 2002 e de 2006 foi cumprido. "Eu gosto de falar ?nunca antes? porque eu sei que tem adversários e gente que não gosta, que sofre quando eu falo. Como eles pensam que eu sofro quando eles falam mal de mim, então eu retribuo dizendo que nunca antes na história do país houve, dentre deste palácio, nesta sala, a quantidade de movimentos sociais participando, falando, propondo e decidindo políticas que o governo brasileiro tinha que executar", afirmou.
Ele disse que Dilma Rousseff fará um bom governo, mas que precisará convencer o ministro da Fazenda, Guido Mantega, a liberar mais recursos para investimentos. "A Dilma vai fazer muito mais, porque o carro não está estacionado, o carro está andando. É só apertar um pouquinho o acelerador, fazer o Guido abrir um pouquinho a mão".
Vitor Vogas.
Fonte: http://bit.ly/hXVXzf
MEU COMENTÁRIO: Estaremos de olho. Um desafio a Dilma de vencer com tranquilidade, ser um Governo menos corrupto, porque "nunca antes na história desse País" houve um Governo tão corrupto quando o do LULA.
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