terça-feira, 4 de janeiro de 2011

FLORIANO PEIXOTO - REPÚBLICA DA ESPADA.

FLORIANO PEIXOTO -  ( 23/11/1891 a 15/11/1894 )

Floriano assumiu a Presidência  após a renúncia de Deodoro. O governo do "Marechal de Ferro" foi frágil economicamente e marcado por pressões e movimentos armados para convocação de novas eleições, como o Manifesto dos 13 Generais, a 2ª Revolta da Armada e a Revolução Federalista no RS.


QUEM FOI FLORIANO PEIXOTO

Na opinião de Euclides da Cunha, Floriano Peixoto foi uma esfinge "Os que tentaram decifrá-lo foram devorados"

Floriano Vieira Peixoto (Maceió, 30 de abril de 1839 — Barra Mansa, 29 de junho de 1895) foi um militar e político brasileiro. Primeiro vice-presidente e segundo presidente do Brasil, presidiu o Brasil de 23 de novembro de 1891 a 15 de novembro de 1894, no período da República Velha. Foi denominado "Marechal de Ferro"[1] e "Consolidador da República"[2].


Nascido em Ipioca, distrito da cidade de Maceió (Alagoas) numa família pobre, foi criado pelo padrinho e tio, coronel José Vieira de Araújo Peixoto. Floriano Vieira Peixoto foi matriculado numa escola primária em Maceió (Alagoas) e aos dezesseis anos foi para o Rio de Janeiro, matriculado no Colégio São Pedro de Alcântara.


Assentado praça em 1857, ingressou na Escola Militar em 1861. Em 1863 recebeu a patente de primeiro-tenente, seguindo sua carreira militar. Floriano era formado em Ciências Físicas e Matemáticas.

Floriano ocupava posições inferiores no exército até a Guerra do Paraguai, quando chegou ao posto de tenente-coronel. Ingressou na política como presidente da província de Mato Grosso, passando alguns anos como ajudante-geral do exército.

No dia da proclamação da república, encarregado da segurança do ministério do Visconde de Ouro Preto, Floriano se recusou a atacar os revoltosos e assim se justificou sua insubordinação, respondendo ao Visconde de Ouro Preto:
Sim, mas lá (no Paraguai) tínhamos em frente inimigos e aqui somos todos brasileiros!

Em seguida, aderindo ao movimento republicano, Floriano Peixoto deu voz de prisão ao chefe de governo Visconde de Ouro Preto.

Após a proclamação da república, assumiu a vice-presidência de Deodoro da Fonseca durante o Governo Provisório, sendo depois eleito vice presidente constitucional e assumiu a presidência da república em 23 de novembro de 1891, com a renúncia do marechal Deodoro.






DISCURSO DE FLORIANO PEIXOTO
Tendo assumido o governo do Estado nos termos da Constituição e por convite do generalíssimo Manoel Deodoro da Fonseca, que espontaneamente resignou o poder na manhã de 23 deste mês, cumpre-me expor ao País o pensamento geral que me ha de inspirar na administração publica.

São conhecidos os fatos que se realizaram nesta cidade e no seu porto durante a noite de 22 e na manhã do dia seguinte, precedidos de levantamento do heróico estado do Rio Grande do Sul, e atitude francamente hostil do estado do Pará. A armada, grande parte do exercito e cidadãos de diversas classes promoveram pelas armas o restabelecimento da Constituição e das leis suspensas pelo decreto de 3 deste mês, que dissolveu o Congresso Nacional. A historia registrará esse feito cívico das classes armadas do País em prol da lei ,que não pode ser substituída pela força; mas ela registrará igualmente o ato de abnegação e patriotismo do generalíssimo Manoel Deodoro da Fonseca resignando o poder afim de poupar a luta entre irmãos, o derramamento do sangue de brasileiros, o choque entre os seus companheiros de armas, fatores gloriosos do imortal movimento de 15 de novembro, destinados a defender, unidos, a honra nacional e a integridade da pátria contra o estrangeiro e a defender e garantir a ordem e as instituições republicanas no interior do País.

Esses acontecimentos que não têm muitos modelos nos anais da humanidade e dos quais podemos nos gloriar, como justamente nos gloriamos das duas revoluções pacificas que operaram pela Republica a transformação de todo nosso direito político e pela abolição do elemento servil, a transformação do trabalho nacional atestarão aos vindouros o amor do povo, da marinha e do exercito pelas liberdades constitucionais, que formam e enobrecem a vida das nações modernas.

O pensamento da revolução de 23 do corrente, que determinou a renuncia do generalíssimo Deodoro da Fonseca, foi o restabelecimento da Lei. Manter a inviolabilidade da Lei, que é ainda mais necessária nas sociedades democráticas, como um freio ás paixões, do que mesmo nos governos absolutos pelas tradições de obediência pessoal, que os constituem, será para mim e meu governo sacratíssimo empenho, como sê-lo-á respeitar a vontade nacional e a dos Estados em suas livres manifestações sob o regime federal. Em respeito, pois, á lei fundamental e concretizando o pensamento da revolução triunfante, cumpro o dever de considerar nulo o ato de 3 deste mês, pelo qual foi dissolvido o Congresso Nacional, levantar o estado de sitio nesta capital e em Niterói e restabelecer todos os direitos e garantias constitucionais.

A administração da fazenda publica com a mais severa economia e a maior fiscalização no emprego da renda do Estado será uma das minhas preocupações. Povos novos e onerados de dividas nunca foram povos felizes, e nada aumenta mais as dividas dos estados do que as despesas sem proporção com os recursos econômicos da nação, com as forças vivas do trabalho, das industrias e do comércio, o que produz o desequilíbrio dos orçamentos, o mal estar social, a miséria. Espero que, fiscalizada e economizada a fazenda publica, mantida a ordem no País, a paz com as nações estrangeiras sem quebra da nossa honra e dos nossos direitos, animado o trabalho agrícola e industrial e reorganizado o regime bancário, os abundantes recursos do nosso solo vaporizarão progressivamente o nosso meio circulante, depreciado para as permutas internacionais, e fortificarão o nosso credito no interior e no exterior.

No governo do Estado, que foi-me conferido pela Constituição, confio da retidão de sua consciência para promover o bem da pátria. Da confiança do povo, do exercito e da marinha espero não desmerecer. Das forças de terra e mar conheço o valor realçado pela disciplina e pelo respeito aos direitos da sociedade civil. Admirei e admiro os meus bons companheiros na guerra e na paz.

A coragem e a constância que mostraram nos combates se transformaram nos anos de paz, que temos fruído, no amor da Liberdade e da Republica, que com o povo fundaram e com ele querem manter e consolidar. O povo que sabe e quer ser livre, deve igualmente respeitar a ordem, primeira condição da Liberdade e da riqueza.

Na grandiosa oficina em que se trabalha no progresso da pátria não há vencidos nem vencedores, grandes ou pequenos. São todos operários de uma obra comum. A essa obra dedicarei todo o meu esforço, para esse trabalho peço e espero o concurso de todos os brasileiros. São estes os intuitos que me dominam, e que julguei dever expor ao País.

Capital Federal, 23 de novembro de 1891.
Floriano Peixoto

Fonte: BONFIM, João Bosco Bezerra. Palavra de Presidente - Discursos de Posse de Deodoro a Lula. Brasília: LGE Editora, 2004.

MINISTÉRIO DE FLORIANO

Ministro da Fazenda: Francisco de Paula Rodrigues Alves
                              +Antão Gonçalves de Farias.


Francisco de Paula Rodrigues Alves 


Ministro da Guerra: Francisco Antônio de Moura
                            +Antônio Enéias Gustavo Galvão
                            +Bibiano Macedo da Fontoura Costallat
                            +Custório José de Melo
                            +José Simião de Oliveira


Francisco Antônio de Moura


Ministro da Justiça e Negócios Interiores: Fernando Lobo Leite Pereira
                                                             +Alexandre Cassiano do Nascimento

Ministro da Industria, Viação e Obras Públicas: Innocêncio Serzedelo Corrêa
                                                                      +Antônio Francisco de Paula Souza
                                                                      +Antônio Paulino Limpo de Abreu
                                                                      +Bibiano Macêdo da Fontoura Costallat
                                                                      +João Felippe Pereira


Innocêncio Serzedello Corrêa


Ministro da Marinha: Custódio José de Mello
                               +Bibiano Macêdo da Fontoura Costallat
                               +Felipe Firmino Rodrigues Chaves
                               +Francisco José Coelho Neto
                               +João Gonçalves Duarte

Custódio José de Mello


Ministro das Relações Exteriores: Alexandre Cassiano do Nascimento
                                                 +Antônio Francisco de Paula Souza
                                                 +Carlos Augusto de Carvalho
                                                 +Constantino Luiz Paletta
                                                 +Custódio José de Mello
                                                 +Fellisbelo Firmo de Oliveira Freire
                                                 +Fernando Lobo Leite Pereira
                                                 +Innocêncio Serzedello Corrêa
                                                 +João Felipe Pereira



ECONOMIA

O maior desafio do período, segundo o Ministro Serzedelo Corrêa, era o conflito entre o impulso desenvolvimentista que o País e a estabilidade monetária e financeira. Serzedelo defendia que o Estado deveria atuar diretamente na modernização da economia. O governo estimulou, por meio da depreciação da moeda, a valorização do café, principal produto de exportação na época, decretou o controle dos preços dos alimentos básicos e congelou os aluguéis.





CULTURA

Período de valorização da cultura local. Na prosa literária dominavam os estilos realistas e naturalistas de Machado de Assis, Raul Pompéia e Adolfo Caminha.
Na poesia, 1893 marcou o inicio do simbolismo com as obras Broquéis e Missal, de Cruz e Souza.
Na música, destaque para Alberto Nepomuceno compositor erudito que fez obras para canto lírico em português e introduziu elementos da musica popular em suas composições. O autor foi combatido por trazer brasilidade em seu trabalho. 
Nas artes plásticas, dois caminhos diferentes. Bem relacionado com o poder vingente, Pedro América pinta a histórica tela Tiradentes Esquartejado. Já Victor Meirelles, identificado com a família real, morre no ostracismo em 1903.





MANIFESTO DOS 13 GENERAIS

Publicado em 21 de março de 1892, o documento pedia novo pleito, previsto pela Constituição no caso de renúncia presidencial antes de 2 anos , além disso, condenava a atuação do Presidente frente aos opositores.
Sem dar muita importância, um dia após a publicação, Floriano manda afastar os signatários. São eles: Marechal José de Almeida Barreto, Vice-Almirante Eduardo Wandenkolk, General de Divisão José C. de Queirós, General de Divisão Antônio Maria Coelho, General de Divisão Cândido José da Costa, Contra-Almirante José Marques Guimarães, General de Brigada João Nepomuceno de Medeiros Mallet, Contra-Almirante Dionisio Manhães Barreto, Contra-Almirante Manuel Ricardo de Cunha Couto, General de Brigada José Cerqueira de Aguiar Lima, General de Brigada João Luís de Andrade Vasconcelos.
Um mês depois, Floriano decretou Estado de Sitio, prendeu e deportou opositores como o General  Mena Barreto, Olavo Bilac ou José do Patrocinio.
"Vão discutindo que eu vou mandando prender" tería dito Floriano enquanto o Congresso discutia a legalidade das prisões.


Floriano Peixoto- Charge de Agostini


SEGUNDA REVOLTA DA ARMADA

A revolta teve inicio com os navios ancorados no Rio de Janeiro bombardeando a cidade e pedindo a renúncia do Presidente.
Na raíz do conflito está a rivalidade do Exército (mais popular e republicanista) e da Marinha (elitista e monarquista); e a frustração do Almirante Custódio de Melo que ambicionava a Presidência.
Sem apoio no Rio, o levante migra para o Sul e tenta acordo com os gaúchos partidários do federalismo. Em março de 1894, com o apoio do Exército e do Partido Repúblicano, Floriano abafa o movimento.
"Serão recebidos da maneira como julgo correta em se tratando de estrangeiros dispostos a interferir em assuntos internos do Brasil: à bala! Eu mesmo os aguardarei em meu Gabinete" (Floriano Peixoto, durante a revolta armada em 1893, ao ser questionado pelos Embaixadores da Inglaterra, da França e da Alemanha, de como seriam recebidos os seus navios se resolvessem intervir no conflito) 


                                        O encouraçado Aquidaban liderou os revoltosos.


REVOLUÇÃO FEDERALISTA

Enorme era a instabilidade e a luta politica no sul do País nos primeiros anos do novo regime. O poder estava na mão do Republicano Júlio de Castilhos, do Partido Republicano do Riograndense (  PRR ), representante de uma elite disposta a monopolizar o poder. Ao PRR se opunham os liberais, denominados maragatos que pediam a instalação de um governo estadual parlamentar e fundaram em 1892, o Partido Federalista. 
A disputa armada entre os dois grupos durou mais de 2 anos e deixou 10 mil mortos. A tropa federalista teve apoio dos integrantes da Revolta Armada e avançou sobre Santa Catarina e  Paraná, mas foi massacrada pelos pica-paus que contavam com o dinheiro e a tropa de São Paulo. Os federalistas se renderam após mediação de Prudente de Morais.

Maragatos Gumercino Saraiva e Aparecido Saraiva

                                              Maragatos - Revolução dos pica-paus


Fontes: Wikimédia, O Estadão, Google
















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