sábado, 24 de setembro de 2011

A REVOLTA DAS BENGALAS.

OS IDOSOS VÃO À LUTA.

Sempre gostei de Dom Quixote, o cavaleiro de triste figura e seu fiel escudeiro Sancho Pança. Cheguei à conclusão de que não existe personagem maior para dar direcionamento a nossa vida. Com o passar dos anos, quer queira quer não, vamos todos ficando alijados da importância que um dia achamos que tínhamos e passamos a ser um nada, só vivendo do passado, com lembranças que não têm o menor significado, a não ser para nós mesmos. O que passou, passou e ninguém está interessado em nossa história. Amores acabam, filhos nos esquecem e sempre se aborrecem conosco. Os mais jovens só estão mesmo preocupados com si próprios e com mais ninguém, assim como fomos um dia.
E o que acontece com os que têm a ventura ou a desgraça de terem se tornado velhos? Ninguém os quer, se tornam na grande maioria estorvos para a família, sociedade e governo. Alguns, por terem dinheiro, ainda são lembrados principalmente pelos que são seus herdeiros e que o tempo todo lamentam a "saúde irritante" do velho.

Aqueles que achavam que a aposentadoria seria a solução financeira para o resto dos seus dias percebem hoje que foram mais uma vez enganados e que seus merecidos proventos na última fase da vida só diminuem, em função da política implantada por nossos dirigentes que relega a maioria dos velhos à miséria. E o que lhes resta? Muito pouco além da penúria, solidão e das dores.

E como vencer essa última batalha, como tornar esse período da vida mais útil, prazeroso e digno? Acho que, assim como Dom Quixote, é preciso descobrir novos desafios a serem vencidos, defender alguns sonhos e quimeras e acreditar em algumas causas, mesmo as que possam ser somente moinhos de vento.

É tempo de se preparar para os últimos obstáculos. É hora de dom e damas Quixotes irem mais uma vez à luta, como sempre fizeram. É hora de reivindicar nossos direitos e se formos mais de um, nem que seja só um Sancho Pança, não importa, temos de ir à luta. A primeira batalha já se avizinha, que é a "Revolução das Bengalas", para exigir dos nossos governantes que devolvam o que nos foi roubado de nossas aposentadorias. As eleições estarão aí no próximo ano e o nosso voto será a arma de um exército de quase 25 milhões de combatentes que ainda mantêm seus sonhos e a esperança até o fim.

Somos todos cavalheiros e damas de triste figura, mas ainda temos força para exigir somente o que nos é de direito. Precisamos nos engajar em todos os movimentos que nos defendam, pois se nos acomodarmos, ninguém estará preocupado com a nossa sorte.

Sylvia Romano é advogada trabalhista

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