domingo, 25 de setembro de 2011

UM CORRUPTO INCOMODA A MUITA GENTE...


Os flagrantes de corrupção no governo do PT nos últimos oito anos, bem como a necessidade da presidente Dilma de trocar alguns ministros sob a mesma suspeição logo no primeiro ano de seu governo, parecem ter despertado o espírito anticorrupção dos brasileiros.
Isso remonta aos anos pré-1964. Nunca é demais lembrar que a bandeira dos militares era combater “o comunismo, a corrupção e a subversão”. E curioso é que isso se deu quando emergiam no Brasil movimentos populares e havia um governo, supostamente, de esquerda.

Hoje, o comunismo não existe mais, pelo menos da forma “ameaçadora” como se apresentava na época da Guerra Fria, e os Estados Unidos estão muito mais preocupados em garantir os negócios de suas empresas ao redor do mundo e o suprimento energético para tocar sua economia, já que têm déficit de petróleo.

Não sou de esquerda, nem de direita, muito pelo contrário. Sou do que é certo, numa visão ética holística. Se é um governo de esquerda que alivia o sofrimento da Nação, sou parte da Nação. Se é um governo de direita, sou parte da Nação. Se é de Centro, sou parte da Nação.

Precisamos todos nos sentir parte de um todo, inclusive do quadro de degradação moral no trato com a coisa pública e privada, no cuidado com valores essenciais da existência humana. Meus amigos marxistas dizem que a corrupção é inerente ao sistema capitalista, mas a vejo também nos regimes que se dizem anticapitalistas, porque a vejo no ser humano. Parece ser a corrupção nosso pecado original.

O senador capixaba Ricardo Ferraço (PMDB) empunhou a bandeira contra a corrupção no Senado. Muito bom isso, principalmente para ele, que empunha uma bandeira nacional e projeta-se na mídia. A corrupção não é privilégio de governos de direita ou de esquerda, de ricos e nem de pobres, de políticos ou cidadãos comuns. É privilégio do ser humano, e precisamos cuidar mais desse ser que se desumaniza a cada dia na guerra do ter contra o ser.

A direita que se assenhorou do poder em 1964 praticando a subversão que ela depois dizia combater, se locupletou e enriqueceu seus aliados nos anos seguintes. É verdade, os generais-presidentes morreram sem ostentação de riqueza, mas os anos que se seguiram aos primeiros da ditadura mostraram os ocupantes anteriores do poder se encastelando nas diretorias e conselhos das grandes empresas que financiavam o golpe.

Quando a mamata acabou, os impérios construídos com as bênçãos dos militares de 1964 ruíram, exceto alguns que se profissionalizaram na arte de compor com o poder: “hay gobierno soy a favor”.
Então, o problema não está na ideologia de quem ocupa o poder central, mas dentro de cada um dos ocupantes do poder, em qualquer forma que ele se manifeste, desde suas formas mais primitivas, quando o pai compra o carinho e atenção dos filhos com o dinheiro que acumula na excessiva ausência na educação de seus descendentes e depois se queixa quando as coisas não dão certo: “onde foi que eu errei?”.

É muito boa a mobilização contra a corrupção, mas essa mobilização não deve voltar-se somente contra a classe política, a despeito de ela parecer mais sem-vergonha do que a maioria dos que ela representa. O movimento contra a corrupção deve ter “tolerância zero” e condenar cada pequeno deslize, até mesmo aqueles do cidadão que marca uma consulta na rede pública de saúde, não vai e nem avisa que não vai, tirando o direito de outro. Somos cada um parte de um todo e todos parte de cada um.

Em tempo: esta análise não isenta o governo petista, outrora reserva moral da nação, de varrer a corrupção de seu meio e nem as ONGs e movimento populares locupletados de se manifestarem, ao contrário do que estão fazendo – parece que corrompidas estão

José Carlos Costa

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