domingo, 13 de junho de 2010

CASO DE POLICIA.

Reinaldo Azevedo



A Folha noticiou na edição desta sábado que os novos aloprados, a serviço da candidatura de Dilma Rousseff, armaram também um dossiê contra Eduardo Jorge Cardas Pereira, vice-presidente do PSDB, numa evidência de que “os caras” não queriam apenas liquidar com o candidato da oposição. O objetivo era acabar com a oposição inteira.




O caso de Eduardo Jorge é especialmente perverso porque, ao tempo em que era secretário-geral da Presidência (governo FHC), quase foi esmagado pela calúnia petista e de setores aloprados do Ministério Público — com o endosso, infelizmente, de boa parte da imprensa. Processou seus caluniadores ou representou contra eles nos órgãos competentes e venceu todos os embates.



Quase 10 anos depois, reportagem da Folha demonstra que os petistas estão no poder, mas seus métodos continuam os mesmos. O mais importante agora: A PROVA DA VIOLAÇÃO DESMONTA UMA OUTRA FARSA PETISTA. DIREI POR QUÊ.



O sigilo fiscal de Eduardo Jorge foi quebrado ilegalmente. O dossiê que fizeram contra ele só seria possível com o vazamento de suas declarações à Receita Federal. Ou por outra: seu sigilo fiscal foi violado sem autorização judicial. Quem o fez violou também a CONSTITUIÇÃO. É um crime gravíssimo. Já volto a este ponto. Retomo a questão que deixei ali no pé do parágrafo anterior.



Pegos com a boca da botija, fazendo um novo dossiê, os petistas tentaram arranjar uma saída: o papelório contra Serra e sua família nada mais seria do que o conteúdo de um suposto livro do ex-jornalista Amaury Ribeiro Júnior. Não se trataria, portanto, de coisa nova, articulada pela Casa do Espanto de Brasília — aquela em que circulam os Lanzetta’s Boys, cujo aluguel é pago em dinheiro vivo. Ditas as coisas de outra maneira: os petistas tentaram usar o aliado Amaury para lavar a nova sacanagem. Essa versão também foi para o brejo.



O dossiê contra Eduardo Jorge contém dados relativos a 2009. Trata-se, portanto, de coisa fresca. Isso evidencia que os petistas mentem — alguém está surpreso? ELES ESTAVAM, SIM, PRODUZINDO NOVAS PEÇAS DE DENÚNCIA CONTRA OS ADVERSÁRIOS. Eduardo Jorge não é candidato a nada; não disputa eleições. É um quadro do PSDB. O jogo para aniquilar adversários incluía Serra, candidato da oposição, mas também o vice-presidente do partido. É o jogo da aniquilação do outro.



Eduardo Jorge é uma parada dura para os petistas porque é um obsessivo com a documentação. Da outra vez, provou a montanha de mentiras contra ele porque sempre muito bem-calçado com os fatos e suas provas. Desta vez, não é diferente. A movimentação dita “suspeita” em suas contas tem a ver com o inventário de um patrimônio familiar. O vice-presidente do PSDB tem todos os dados em mãos para demonstrar que estava sendo vítima de mais uma armação.



A Casa do Espanto do Lago Sul, em Brasília, onde ficava a turma do Lanzetta, tinha— ou tem — um chefe, e seu nome é Fernando Pimentel, cuja situação como “coordenador” de Dilma se torna, a cada dia, mais insustentável, ainda que, no mesmo ritmo, mais compreensível. As identidades entre ambos são mesmo impressionantes: militaram no mesmo grupo terrorista e fazem um esforço danado para simular seu apreço às regras do jogo democrático, mas, como se nota, podem atuar também no mundo das sombras. Quando o Brasil era uma ditadura, escolheram o caminho da luta armada e do terror; na democracia, escolhem o dos dossiês, mundo este em que são protagonistas os arapongas, os espiões e os bandidos.



Chega! A casa — também a do Espanto — caiu. Como se vê, a operação era bem mais ampla do que parecia. Serra poderia ser o principal, mas não era o único alvo dos enlameadores de reputações. Tratava-se de uma operação grande, em várias frentes. Supor que tudo aquilo estava em curso sob a coordenação de um simples Lanzetta corresponde a subestimar a inteligência alheia. E Pimentel, tudo indica, subestima.



Notem: a falcatrua que tentaram armar contra Serra é, sim, muito grave. Mas se trata, em boa parte, da imaginação aloprada de escribas de aluguel, pagos para caluniar, para difamar, para inventar. O caso de Eduardo Jorge é infinitamente mais grave. Os dados que foram parar no papelório petista integram o conjunto de informações sigilosas prestadas a um órgão público. Alguém se aproveitou de sua condição de servidor — provavelmente, uma das milhares de nomeações feitas no bojo do aparelhamento de estado — para violar um sigilo garantido pela Constituição.



Em seu discurso na convenção do PSDB (ver posts abaixo), Serra falou sobre esse jogo perverso de eliminação do outro. Na escolha entre o candidato tucano à Presidência e a candidata petista, há clivagens as mais distintas. Mas há uma, tudo o mais estivesse empatado, que desempata o jogo para que tem a democracia como norte: trata-se de optar entre o estado democrático e de direito e o estado policial.



O PT vinha tentando usar uma canalhice para lavar outra. O dossiê do tal Amaury era, com efeito, só a parte velha, requentada, do novo dossiê. Ou por outra: o PT juntava às mentiras e armações antigas as novas mentiras e armações. Como vocês bem se lembram, essa gente asquerosa tentou meter até este escriba em seu jogo sujo. A idéia é que não sobre nada em pé na República: tudo tem de cair de joelhos diante da divindade do Luís 14 do Mensalão.



Não há dúvida de que são tempos difíceis. Mas também são tempos muito interessantes porque nos impõem escolhas. Pode-se ficar com a democracia, com o estado de direito e com as garantias asseguradas pela Constituição. E se pode ficar com Dilma Rousseff, Fernando Pimentel, Lanzetta e seus métodos.

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