A política externa brasileira deverá manter as grandes linhas no governo Dilma Rousseff, segundo a visão de analistas do setor. Mas certas posições assumidas pelo Brasil por certo irão mudar. O estilo será diferente. Essa sensação cria a expectativa de melhores resultados concretos em algumas áreas.
No discurso de posse, a presidenta declarou que política externa estará baseada nos valores clássicos da tradição diplomática do país: promoção da paz, respeito ao princípio de não-intervenção, fortalecimento do multilateralismo e defesa dos direitos humanos.
Mas, o primeiro sinal de diferença do novo governo em relação ao anterior apareceu desde antes da posse. Dilma manifestou-se contrária ao não envolvimento da gestão Lula na sabatina a qual o Irã se submeteu na ONU sobre denúncias de violações de direitos humanos. A neutralidade do Brasil(não levantou questionamento), gerou críticas de Ongs brasileiras, da oposição iraniana e de outros países. Dilma considera "bárbara" a possibilidade de apedrejamento de Sakineh Ashtiani.
O governo Dilma se instala em cenário econômico mundial menos favorável do que o encontrado pela era Lula durante seis anos, isto é, até 2008. A recuperação da crise global é lenta. Ainda não terminou. Os Estados Unidos - um dos principais motores do planeta - patinam sem alcançar níveis razoáveis de crescimento. Na Europa, a fragilidade fiscal gera incertezas e emperra negócios. E além disso, o grupo Bric (Brasil, Rússia, Índia e China) assumiu papel inédito e crucial no dinamismo internacional. Esse conjunto de fatores exigirá mais ações apropriadas do Brasil.
E logo no discurso de posse, Dilma Rousseff mostrou a disposição do seu governo. "Não faremos a menor concessão ao protecionismo dos países ricos que sufoca qualquer possibilidade de superação da pobreza de tantas nações pela via do esforço de produção", declarou. Outras questões relacionadas a parceiros econômicos mostrarão a capacidade de articulação do novo governo brasileiro. Os testes já começam neste ano. No segundo semestre haverá reuniões da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) e do Mercosul, cujos países ainda não conseguiram implementar níveis de negócios em proporção compatível ao potencial da região.
Em novembro, o Brasil participará de um dos encontros mais importantes do ano. É a cúpula do G20, a se realizar em Cannes, na França. O Brasil lidera a coalizão dos 11 países emergentes.
A pauta do G-20 prevê a discussão de um tema que ficou sem solução na última reunião, na Coreia do Sul: é a guerra cambial em curso, alimentada pelo enfraquecimento do dólar, e que vem causando deformações no comércio internacional.
É fundamental que a política externa do governo Dilma seja pragmática, capaz de colher melhores resultados do que os registrados nos últimos anos.
Fonte: A Gazeta - http://bit.ly/h4vinp
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