quinta-feira, 31 de março de 2011

SAÚDE, UM DEVER DO ESTADO ( By Marco Sobreira )

Dia da saúde, não posso deixar passar em branco, mas o que fazer para não repetir as mesmas críticas que tenho feito sistematicamente? Motivos não me faltam, hoje mesmo os jornais do meu estado estampam nas primeiras páginas: “Homem morre após esperar três dias por uma vaga na UTI”. Essa é a rotina, em algum lugar nesse país todo dia morre alguém por absoluta incompetência e irresponsabilidade do Estado.


A Constituição é a lei maior de qualquer Nação, na nossa está claramente e incontestavelmente escrito que a saúde é um direito do cidadão e um dever do Estado, portanto é licito que qualquer um de nós acione judicialmente a União por descumprimento desta determinação constitucional. O que acontece é um verdadeiro jogo de empurra entre as três esferas do Executivo, não há uma responsabilidade claramente definida para cada um, então a União espera pelo Estado, que espera pelo Município, as definições existentes são dúbias e solenemente desrespeitada por todos e evidentemente quem paga a conta é o cidadão que depende do atendimento público.

De vez em quando aparece um salvador da pátria com seus planos mirabolantes, vejam agora, como não criticar o tão falado Projeto Rede Cegonha da Presidente Dilma? Que a nossa mandatária mor não entenda nada de saúde até compreendo, mas não posso crer que no Ministério da Saúde não existam técnicos competentes e corajosos o bastante para alertar ao Ministro e a Dona Dilma Rousseff que esse programa é totalmente irrelevante em se tratando de saúde pública. Os gastos com as milhares de ambulâncias , equipamentos e equipes especializadas no transporte das gestantes seriam muito mais úteis se investidos no pré-natal, na garantia das consultas, em exames, em medicamentos e em maternidades dignas, com equipe de obstetras, pediatras, anestesistas à disposição, não se admite mais que plantonistas de pronto-socorro fiquem responsáveis pelo atendimento às gestantes em trabalho de parto. Não se assustem, existe muito disso por aí.

Necessário são as maternidades de referência para as gestações de alto risco, que tenham UTIN com leitos suficientes para que os médicos não tenham que decidir qual criança deve ter chance de sobreviver. É desumano, é crime não dar a assistência correta aos nossos recén-nascidos. Até entendo a doação de enxoval para os bebês, mas isso é uma ação de assistência social, não tem nada a ver com saúde.

O que dizer das superlotação dos hospitais? As imagens de pacientes amontoados nos corredores já se tornaram tão comuns que os telejornais nem mostram mais, a não ser que morra alguém na fila, aí sim vira noticia nacional. Mães com crianças no colo por horas à espera de um atendimento, idosos arquejados pelo peso do tempo submetidos a dormirem na fila à espera de uma simples consulta, conseguir um especialista então é uma sorte grande, exames com meses de espera, cirurgias então nem pensar, verdadeiro sofrimento, humilhação, o povo mendiga por algo que lhes é de direito, a Constituição assim o diz, e a Presidente querendo fazer farra com ambulâncias para encher o bolso dos corruptos e criar factóide para a bajulação da imprensa comprometida.

Vou ousar sugerir à Presidente que mande seus técnicos levantarem o traseiro das poltronas do Ministério da Saúde e viajarem por esse Brasil para realmente conhecerem a nossa realidade, vai ficar surpresa com o tipo de saúde pública que o seu Criador disse ser de primeira qualidade.

Os grandes hospitais estão superlotados e a maioria na verdade não precisaria estar ali, esse é um grande gargalo e a solução não é tão difícil, é preciso vontade política , é preciso ações concretas que podem não trazer os holofotes, mas com certeza a saúde vai agradecer.

Investir e moralizar o Programa de Saúde da Família, fazê-lo funcionar corretamente resolve o problema da atenção básica que por si só resolve 80% dos problemas de saúde. Como responsáveis por todos os habitantes de seu território, a equipe do PSF têm que referenciar os casos necessários para a média complexidade. Aí entram os Pronto Atendimentos Municipais e outro problema, como não internam, após um período de observação de até 24 horas são obrigados a encaminhar para hospitais maiores os casos de internação por mais simples que sejam.

Por que não transformar os PAMs em pequenos hospitais municipais? Basta um pequeno corpo clinico composto de plantonistas, pediatras, clínicos gerais, um cardiologista, laboratório que pode ser próprio ou terceirizado e um Rx, seria suficiente para se internar e resolver doenças como pneumonias, gastroenterites, cólicas e infecções do aparelho urinário, acidente vasculares encefálicos isquêmicos e outras tantas afecções. Pacientes mais graves seriam referendados com vagas garantidas para hospitais regionais públicos, de responsabilidade do Governo estadual, que por sua vez encaminhariam as ações de grandíssima complexidade para os grandes hospitais que poderiam ser de responsabilidade estadual ou federal. Logo que possível esses pacientes fariam o caminho inverso, num sistema de contra-referência.

Propositalmente deixei de fora nessas simples sugestões os hospitais filantrópicos porque apesar de grande histórico de contribuição à saúde, hoje estão impossibilitados de atenderem dignamente os pacientes do SUS, os valores não são suficientes para cobrir as despesas e então começam a discriminar , sonegar vagas para pacientes com doenças crônicas que dão grande prejuízos. As chamadas Centrais de vagas deveriam solucionar esse problema, mas infelizmente não funcionam, não visitam os hospitais para comprovação das vagas, não há vontade política de denunciar as omissões. Há muito perdi minha fé na filantropia.

Finalizando Presidente Dilma Rousseff, tem muito o que ser feito pela saúde do povo brasileiro e não é com programas tipo Rede Cegonha, que pode até lhe render algum dividendo político, mas não melhora em nada a saúde pública desse país.





quarta-feira, 30 de março de 2011

QUEREMOS CONSTRUIR PESSOAS.

Não é possível vencer a criminalidade sem combater a desigualdade social. É na faixa dos 18 aos 26 anos que se encontra a maior quantidade de vítimas da violência, assim como a maioria da população carcerária. A maioria dos jovens envolvidos na delinquência advém das camadas mais carentes da sociedade. Os menores e adolescentes infratores, a exemplo dos jovens encarcerados, em geral não são alcançados pela ressocialização prevista tanto no Estatuto da Criança e do Adolescente quanto na Lei de Execução Penal.


Sem ressocialização, é incoerente acreditar que o aumento de prisões, por si só, será solução para o combate à criminalidade. Ao criminalizar uma conduta, o Estado precisa se fazer presente e punir, já que a impunidade é incentivo ao crime.

Desta forma, verifica-se que a criminalidade não decorre da ausência de leis, mas da ausência do seu cumprimento. Se o Estado não possuir policiais militares, delegados, investigadores, agentes penitenciários e outros profissionais públicos de segurança em número suficiente, bem treinados, com recursos e condições remuneratórias, não conseguirá punir.

Se o Estado, ao punir, identificou que a maioria dos apenados são jovens, então é forçoso reconhecer que o combate ao crime passa pela luta contra a desigualdade social. Esse combate, na ótica da Segurança Pública, deve ser feito através da ressocialização.

A lei penal deve ser punitiva. Mas a execução da pena não pode permitir a devolução à sociedade do infrator em condições piores do que foi encarcerado. Ao lado do investimento na construção de presídios, o Estado deve investir pesado em professores, assistentes sociais, psicólogos, psiquiatras, e profissionais públicos de educação e saúde. Todos muito bem remunerados, treinados e em número suficiente. Não adianta investir na construção de prédios, sem investir em recursos humanos.

O Estado deve criar estabelecimentos para tratamento de viciados em drogas, deve dar condições às instituições religiosas e outras organizações sociais de participarem da ressocialização. Destaque fundamental deve ser dado às entidades de defesa dos direitos humanos, pois sem a defesa dos direitos humanos não se distingue o homem de bem do delinquente.

Enquanto prisões forem referenciadas como "universidades do crime", "depósitos de gente", onde os menores e adolescentes ou jovens encarcerados passem anos a fio no ócio, tramando vingança contra a sociedade que os encarcerou, a desigualdade social cobrará seu preço. Não queremos construir mais presídios, queremos construir mais pessoas de bem. Quanto mais investirmos nas pessoas, menos presídios teremos de construir.

A Comissão de Segurança da Assembleia Legislativa deve focar seu trabalho no combate à desigualdade. Para atingir seu objetivo, o primeiro passo é ouvir as autoridades constituídas, as organizações não governamentais e a sociedade em geral, em busca de soluções para a ressocialização.

Gilsinho Lopes é deputado estadual, presidente da Comissão de Segurança da Assembleia Legislativa e delegado de polícia



REBELIÕES DESVENDAM EMBUSTES DO PAC.

Embora politicamente tenha sido uma jogada de mestre (leia análise a seguir), a inclusão do projeto do metrô de Porto Alegre no elenco de obras do chamado PAC da Mobilidade não irá adiante neste início do governo Dilma Roussef.


. Dilma (Lula) deixou uma herança maldita para si mesma.

. Em todo o Brasil, pelo menos seis grandes obras do PAC estão paralisadas. Trabalhadores irados produzem uma revolta poucas vezes vistas no Brasil. A mídia nem replica com honestidade o que está acontecendo enquanto a presidente Dilma Roussef refugia-se no gabinete ou larga tudo para uma viagem inútil a Portugal.

. Pelo menos 80 mil trabalhadores estão neste momento de braços cruzados. Canteiros de obras de Rondônia (Jirau) foram destruídos e incendiados. Ainda em Rondônia, as obras da Usina Santo Antonio pararam.

. Os peões estão em pé de guerra por causa do trabalho escravo.

. Aparelhadas pelo governo, centrais sindicais como CUT e Força Sindical sentam nas poltronas do Palácio do Planalto para fazerem acordos com Dilma Roussef. O desta terça-feira foi uma tentativa de acertar um acordo coletivo para todas as obras do PAC, o que é pura demência, porque 3.800 obras foram incluídas no PAC.

. O governo do PT já mobilizou a polícia para garantir a retomada das obras.

Link: http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2011/03/governo-quer-acordo-para-acabar-com-conflitos-que-paralizam-obras-do-pac.html
 
Fonte: Polibio Braga - http://bit.ly/hCVqw9

A MÃO INVISIVEL DO ESTADO.

Todos os números mostram que a privatização da Vale foi positiva para a empresa e para o país. Na gestão do presidente Roger Agnelli, em especial, ela deu um salto. A interferência do governo no comando da companhia, da maneira como foi feita, numa ação truculenta e ilegítima, representa um retrocesso que arranha a imagem do país e desperta a desconfiança do mercado, com razão. A empresa agora vai operar de acordo com os interesses do governo ou dos acionistas?


O governo também é acionista da empresa, por meio do BNDES, e pode ter o direito de interferir nos seus negócios, mas na instância adequada, no conselho de acionistas, e não numa reunião reservada entre o ministro da Fazenda e o presidente do Bradesco. Reportagem publicada no sábado em O Globo revela que integrantes do comando do banco definiram como "pressão massacrante" a ofensiva do Planalto para tirar Agnelli do cargo. O ministro agora será convidado para prestar esclarecimentos em comissões do Senado e da Câmara.

A decisão de investir ou não em siderurgia deve levar em conta a demanda interna e externa por aço e deve, sobretudo, atender ao interesse dos acionistas, não aos objetivos econômicos do governo. Há quem diga, contudo, que nem seria esse o verdadeiro motivo da fritura de Agnelli - inclusive porque a Vale acabou cedendo e ampliou os investimentos no setor. A empresa inaugurou uma siderúrgica no Rio no ano passado e está construindo mais três no país, incluindo uma no Espírito Santo, em Ubu, que acabou de receber licença prévia do Iema.

As razões do governo não estão muito claras, mas tudo indica que, aliado aos fundos de pensão, ele pretende interferir cada vez mais na companhia. Seria muito ruim para a empresa e para o país se a sua gestão voltasse a um modelo estatal, sofrendo influência política.

Privatizada em 1997, a Vale hoje produz mais, lucra mais, recolhe mais impostos e emprega mais gente. Somente na Era Agnelli, nos últimos dez anos, seu valor de mercado saltou de US$ 9,2 bilhões para US$ 176,3 bilhões, ou 20 vezes mais. No ano passado ela bateu seu próprio recorde, alcançando US$ 17,3 bilhões de lucro líquido, o maior da história da companhia. Do ponto de vista da gestão do negócio, nada justificaria a substituição de seu presidente, a não ser, claro, motivações políticas.

A Petrobras também teve lucro recorde no ano passado, superior inclusive ao da Vale, e é uma empresa estatal, diriam observadores favoráveis a uma presença maior do Estado na economia. Pois esse lucro provavelmente seria ainda maior se a empresa se livrasse da disputa política entre o PT e o PMDB pela indicação de cargos, disputa esta que pode envolver muitos critérios, mas a competência técnica certamente não é o principal.

As experiências na telefonia, na siderurgia e na mineração, na própria Vale, mostram que as privatizações promovidas nos anos 90 ajudaram a modernizar a economia do país, gerando mais emprego e mais riqueza e reduzindo a margem para a corrupção e o clientelismo. Certos agentes políticos parecem não ter assimilado até hoje o êxito dessas mudanças. Resta torcer para que o fracasso não suba à cabeça do governo.

André Hees - A Gazeta - http://glo.bo/fwpLuF

terça-feira, 29 de março de 2011

EI VOCÊ AÍ! ME DÁ UM BLOG AÍ!!!

SAÚDE PEDE SOCORRO. (CAOS NO ESP. SANTO)

Depois de nove meses funcionando provisoriamente no Hospital da Polícia Militar (HPM), em Vitória, o atendimento no Hospital São Lucas chegou a ser suspenso por decisão dos médicos que trabalham no local. Eles chamaram a polícia e fecharam as portas da unidade, alegando que uma pessoa morreu e outras estavam sendo atendidas de forma precária, em corredores e outros ambientes sem ventilação.


O clima de caos que se formou no São Lucas se estendeu para outras unidades da Grande Vitória. Ontem, doentes eram atendidos em cadeiras e no chão do Hospital Dório Silva, na Serra e outros, por falta de macas, aguardavam socorro dentro de ambulâncias em frente ao Hospital Antônio Bezerra de Faria, em Vila Velha. No hospital da Serra, além das consequências da paralisação no São Lucas, a direção diz enfrentar a falta de médicos.

O estudante Eduardo de Souza, 24 anos, que sofreu um acidente de trânsito, ficou cerca de uma hora no chão da ambulância até ser levado para o Hospital Antônio Bezerra de Faria. Na mesma ambulância estava o salva-vidas Rony Pontara, 28.

O registro de um boletim de ocorrência no último domingo ocorreu após a morte de um rapaz de 23 anos, e denuncia as deficiências do hospital, segundo o presidente do Sindicato dos Médicos, Otto Baptista. "Os principais problemas do São Lucas são a superlotação e a falta de equipamentos para tratar pacientes graves, principalmente o respirador artificial. No domingo, chegou um paciente grave. Ele foi entubado com ventilação mecânica. Todos os respiradores estavam ocupados, e ele morreu".

Após o atendimento ter sido paralisado no São Lucas por causa dos corredores lotados de pacientes, outros tiveram de esperar dentro de ambulâncias no Hospital Antônio Bezerra de Farias para ser atendidosSegundo ele, havia mais de 100 pessoas além da capacidade do hospital. O sindicalista fez um vídeo que traduz o drama de quem depende do Sistema Único de Saúde (SUS). Pacientes e acompanhantes disputavam o espaço de um corredor sem janelas. Alguns aparecem ao lado de lixeiras, com ferimentos expostos e não têm nem sequer um lençol para se cobrir. (Com informações de Letícia Gonçalves, Mayra Bandeira e Patrícia Scalzer)

Sesa transfere pacientes e dá alta a outros 10

Diante da interrupção no atendimento por iniciativa dos próprios médicos que trabalham no Hospital São Lucas, a Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) investiu em transferências e compra de leitos da rede privada para reduzir a superlotação no local.

O secretário estadual de Saúde, Tadeu Marino, informou que 15 pessoas foram transferidas e 10 tiveram alta da unidade, ontem. O secretário disse ainda que os médicos voltaram a atender casos de urgência e emergência. Ele garante que não há falta de equipamentos.

"Começamos a comprar leitos na iniciativa privada. Mas a resposta não é imediata. Incluímos outros hospitais além daqueles que normalmente cedem os leitos para normalizar a situação. O São Lucas é referência em trauma, urgência e emergência em toda a Grande Vitória", enfatiza.

Mais um ano de obras

A população terá que aguentar mais um ano até o fim das obras na sede do Hospital São Lucas, em Vitória. A expectativa, segundo o secretário, é que a primeira parte da reforma e ampliação do hospital seja entregue no primeiro semestre do próximo ano, com 30 vagas em UTI mais emergência, além de sete salas de cirurgias. A capacidade total será de 271 leitos e 74 de UTI. A previsão inicial no início das obras, em junho do ano passado, era que os serviços fossem concluídos em 12 meses. O investimento é de cerca de R$ 41 milhões.

Já as obras do Hospital Dório Silva devem terminar no começo do próximo ano, com 371 leitos e 84 vagas na UTI, além de um heliponto. O investimento é de R$ 121 milhões.

A situação da rede

Hospital São Lucas.

Está funcionando provisoriamente em parte do Hospital da Polícia Militar (HPM), em Bento Ferreira. Até ontem, possuía cerca de 100 pessoas no chão ou corredores, de acordo com o Sindicato dos Médicos. A primeira etapa das obras de ampliação e reforma serão entregues no primeiro semestre de 2012. Terá capacidade para 271 leitos e 74 vagas na UTI

Hospital Estadual Dório Silva.

Com a paralisação do São Lucas, ontem, ficou ainda mais sobrecarregado. Faltavam até macas para os pacientes ficarem no corredor, e acompanhantes afirmam que muitos estão em lençóis, no chão. O novo hospital está em construção, com previsão de conclusão em 2011. A unidade terá 371 leitos, sendo 84 de terapia e com heliponto. O Pronto-socorro terá capacidade para 10 mil atendimentos por mês

Hospital Estadual Infantil Nossa Senhora da Glória.

Hoje funciona no Hospital Estadual Infantil e Maternidade de Vila Velha (Himaba) para que a reforma do espaço aconteça. As obras incluem pintura, correção das infiltrações em diversas paredes e a criação de um ambiente de repouso para crianças em observação

Hospital Estadual Antonio Bezerra de Faria.

Ontem, muitos pacientes aguardavam atendimento dentro das ambulâncias, por falta de maca. A reportagem não pode ter acesso nem mesmo à recepção

Rapaz ferido em acidente segue em estado grave

O auxiliar administrativo Alexandre Matos Novaes permanece internado no Hospital São Lucas em estado grave. Ele sofreu um acidente de carro sábado, em Vila Velha, e foi dado como morto por um técnico em Enfermagem que prestava socorro por meio do Samu 192. A Secretaria Estadual de Saúde admitiu que houve erro, informou que o profissional foi afastado e que vai reforçar a capacitação do restante da equipe.

Sindicato aponta queda na compra de leitos da rede privada desde 2010

Apesar da falta de leitos nos principais hospitais da Grande Vitória, o Hospital Estadual Central - que funciona como retaguarda no atendimento de urgência - ainda não está sendo utilizado em toda sua capacidade. A redução na compra de leitos na rede particular registrada desde o início do ano também contrasta com a superlotação.

Segundo dados da própria Secretaria Estadual de Saúde (Sesa), hoje há 103 leitos sendo utilizados no Hospital Estadual Central, inaugurado em dezembro de 2009, e cuja capacidade máxima é de 120 vagas.

Além disso, houve queda na procura por leitos particulares. O presidente do Sindicato dos Médicos, Otto Baptista, acredita que a redução tenha sido de 70%. Só no Hospital Meridional, em Cariacica, o número médio de pacientes passou de 15 (80% deles em UTI) em 2010 para cerca de um ou dois este ano. A queda aconteceu bruscamente em fevereiro.

"Verificamos a diminuição do número de atendimentos para pacientes da Sesa. A contratação é sob demanda, portanto, não há necessidade de justificativa para a redução na procura por parte do Estado. Quando vendemos o serviço para a rede estadual, usamos o menor valor praticado pelos convênios", explica o diretor de relacionamento do Hospital Meridional, Marne Nascimento.

O secretário estadual de Saúde, Tadeu Marino, diz que a Sesa investiu R$ 65 milhões na compra de leitos no ano passado e só nos primeiros três meses deste ano foram mais R$ 8 milhões.

Fonte: A Gazeta - http://glo.bo/gKjYdO

DILMA, A VALE E A SOMBRA DE LULA.

O governo venceu, depois de quase dois anos e meio de campanha contra o presidente da Vale, maior empresa privada do Brasil, segunda maior mineradora do mundo e líder mundial na extração de minério de ferro. Roger Agnelli deixará o posto, afinal, porque o Bradesco desistiu de enfrentar a pressão do Palácio do Planalto. Sem a rendição do banco, o governo federal não teria os votos necessários para forçar a mudança na cúpula da empresa. O acordo foi concluído em reunião do ministro da Fazenda, Guido Mantega, com o presidente do conselho de administração do Bradesco, Lázaro Brandão, na sexta-feira. O resultado já era dado como certo por fontes do governo e, portanto, não surpreendeu. Mas a disputa em torno da presidência da mineradora foi muito mais que um embate entre dois grandes acionistas. Este é o ponto mais importante, não só para os diretamente envolvidos nesse confronto, mas, principalmente, para o País.


Se houve algo surpreendente, não foi a rendição do Bradesco, na semana passada, mas sua longa resistência. Há uma enorme desproporção de forças entre o governo federal e uma instituição financeira privada, mesmo grande. Os dirigentes do banco acabaram levando em conta seus interesses empresariais e os possíveis custos de um longo confronto com as autoridades. A pressão exercida a partir do Palácio do Planalto foi "massacrante", segundo uma fonte do banco citada pelo jornal O Globo.

Ao insistir no afastamento de Roger Agnelli, a presidente Dilma Rousseff seguiu no caminho aberto por seu antecessor. Derrubar o presidente da Vale foi um dos grandes objetivos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Desde o agravamento da crise internacional, em 2008, quando a Vale anunciou a demissão de cerca de 1.300 funcionários, as pressões contra os dirigentes da empresa foram abertas. Além de se opor às dispensas, o presidente da República passou a exigir da Vale maiores investimentos em siderurgia.

Seria preciso, segundo ele, dar menos ênfase à exportação de minério e realizar um maior esforço de venda de produtos processados. Em sua simplicidade, o presidente Lula nem sequer levou em conta a enorme capacidade excedente da indústria siderúrgica, não só no Brasil, mas em escala mundial.

Mas nem é o caso de examinar o mérito das ações defendidas pelo presidente da República e por seus estrategistas. Se essa discussão valesse a pena, os argumentos teriam ocupado espaço na imprensa e os principais dirigentes da Vale com certeza os teriam examinado, com a mesma competência demonstrada ao promover o crescimento da empresa desde sua privatização. O ponto importante é outro.

O presidente Lula agiu como se fosse atribuição de seu gabinete administrar tanto as estatais quanto as grandes companhias privadas. Deu ordens a diretores da Petrobrás e censurou-os publicamente. A imprudente associação da Petrobrás com a PDVSA para construir a refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. é fruto do cumprimento de uma dessas ordens. Aliás, nem sempre os dirigentes da estatal conseguiram seguir as determinações de Lula - a preferência a fornecedores nacionais, por exemplo - porque isso comprometeria seu trabalho.

Um presidente sensato não se meteria sequer na administração de uma estatal grande e complexa. Muito menos se atreveria a ditar políticas para empresas privadas também grandes, complexas e bem-sucedidas como a Vale e a Embraer, mas a autocrítica e o sentido de proporção nunca foram grandes atributos do presidente Lula. Além do mais, sentimentos como esses acabariam facilmente sufocados pelo objetivo maior: comandar de seu gabinete várias da maiores empresas brasileiras. Se bancos federais se meteram onde não deveriam, comprando, por exemplo, participação no Banco Panamericano, foi para atender a essa concepção de poder.

A presidente Dilma Rousseff já mostrou, em mais de uma ocasião, diferenças importantes em relação a seu antecessor e grande eleitor. Neste caso, no entanto, quando se trata da fome de poder e da ambição centralizadora, a continuidade da política anterior parece garantida.

Fonte: O Estadão - http://bit.ly/fdNfbS

segunda-feira, 28 de março de 2011

FIM DO MUNDO EM 2012, A ARCA DE NOÉ BRASILEIRA.

Um dia, o Senhor chamou Noé que morava no Brasil e


ordenou-lhe:

- ANTES DE 21.12.2012 , 6 meses antes ,( NOVO FIM DO MUNDO ) farei chover ininterruptamente durante 40 dias e 40 noites, até que o Brasil seja coberto pelas águas.

Os maus serão destruídos, mas quero salvar os justos e um casal de cada espécie animal.

Vai e constrói uma arca de madeira.

No tempo certo, os trovões deram o aviso e os relâmpagos cruzaram o céu.

Noé chorava, ajoelhado no quintal de sua casa, quando ouviu a voz do Senhor soar furiosa, entre as nuvens:

- Onde está a arca, Noé?

- Perdoe-me, Senhor suplicou o homem.

Fiz o que pude, mas encontrei dificuldades imensas:

Primeiro tentei obter uma licença da Prefeitura, mas para isto, além das altas taxas para obter o alvará,

me pediram ainda uma contribuição para a campanha de eleição do prefeito.

Precisando de dinheiro, fui aos bancos e não consegui empréstimo, mesmo aceitando aquelas taxas de juros ...

O Corpo de Bombeiros exigiu um sistema de prevenção de incêndio, mas consegui contornar, subornando um funcionário.

Começaram então os problemas com o IBAMAe a FEPAM para a extração da madeira.

Eu disse que eram ordens SUAS, mas eles só queriam saber se eu tinha um "Projeto de Reflorestamento " e um tal de "Plano de Manejo ".

Neste meio tempo ELES descobriram também uns casais de animais guardados em meu quintal..

Além da pesada multa, o fiscal falou em "Prisão Inafiançável " e eu acabei tendo que matar o fiscal, porque,

para este crime, a lei é mais branda.

Quando resolvi começar a obra, na raça,apareceu o CREA e me multou porque eu não tinha um Engenheiro Naval responsável pela construção.

Depois apareceu o Sindicato exigindo que eu contratasse seus marceneiros com garantia de emprego por um ano.

Veio em seguida a Receita Federal , falando em " sinais exteriores de riqueza " e também me multou.

Finalmente, quando aSecretaria Municipal do Meio Ambiente pediu o " Relatório de Impacto Ambiental " sobre a zona a ser inundada, mostrei o mapa do Brasil.

Aí, quiseram me internarnum Hospital Psiquiátrico!

Sorte que o SUS estava de greve...

Noé terminou o relato chorando, mas notando que o céu clareava perguntou:

- Senhor, então não irás mais destruir o Brasil?

- Não! - respondeu a Voz entre as nuvens

- Pelo que ouvi de ti, Noé,

cheguei tarde!

O governo já se encarregou de fazer isso!

NÃO COMPRAREMOS GATO POR LEBRE ( By Marco Sobreira )


A semana iniciou com duas noticias sobre saúde pública, não vou nem mencionar a dengue porque a epidemia já virou rotina e nem rende mais manchetes nos jornais.

Mas vamos ao que me chamou a atenção, a Presidente Dilma foi a Belo Horizonte para implantar a Rede Cegonha, transporte em ambulância para a hora do parto, enxoval para os bebês de gestantes que fizerem o pré-natal na rede pública. Nada contra, embora o importante mesmo é que se garanta as 07 consultas na gestação, exames, ultrassonografia, medicamentos e o mais importante, garantia de vaga na maternidade que deve ter assistência pediátrica e UTIN caso seja necessário, isso sim, seria um grande avanço. A tal rede cegonha vai necessitar de milhares de ambulâncias, para a felicidade de fabricantes, intermediários e os larápios dos tradicionais 10% de comissão, vai ser uma festa.

Será preciso equipe para acompanhamento da parturiente e pela minha experiência posso garantir que as Prefeituras terão que arcar com essa responsabilidade e aí o programa vai começar a fracassar. As pequenas cidades ficarão fora, como fora estão do programa de transporte de urgência ( SAMU ) , que só funciona nas capitais e grandes cidades, assim mesmo com falhas tão freqüentes que a população nele não acredita.

As prefeituras já não agüentam mais bancar a grande parte da saúde pública nesse país e aí está a razão da segunda noticia do dia, “CORRUPÇÃO NO PSF”.
Médicos estão cadastrados em várias equipes do programa e em apenas 40% dos municípios cumprem a carga horária de oito horas/dia. Nenhuma novidade, estamos cansados de denunciar os problemas do PSF, a matricula em várias equipes geralmente ocorre não por corrupção do médico e sim do Secretário de Saúde que não quer perder o repasse do recurso , mantém o cadastro do profissional, e como nem sempre arranjam substitutos com facilidade, já que o salário há muito deixou de ser convidativo, demoram em retirar o nome do médico da equipe. Não seremos bodes expiatórios, não vamos deixar que joguem em nossas costas a culpa da irresponsabilidade dos gestores.

A carga horária correta só é cumprida onde se paga o salário justo , para isso é necessário que o Município invista recursos próprios no programa , o que infelizmente não ocorre porque preferem pagar menos, não cobrar horários e assim um bom programa de saúde pública vai caminhando para o descrédito.

Na pressa de cumprir o que prometeu em campanha a Presidente Dilma Rousseff vai implantando sua rede cegonha, faz festas, discursos, até já diz que vai fazer mais que o seu criador, esquecendo que antes é preciso evitar que brasileiros morram de dengue, que não falte remédios para as crianças e idosos, que o povo não morra nas filas dos hospitais públicos e os bebês por falta de UTIN. Não venha nos vender gato por lebre, há muito não acreditamos em Papai Noel, Saci Pererê, mula sem cabeça, cegonhas e milagreiros, é hora de governar Presidenta.

A GALINHA DOS OVOS DE MINÉRIO.

MENSALÃO.

domingo, 27 de março de 2011

CONFIRMADO, ADÃO E EVA ERAM BRASILEIROS.

Qual era a nacionalidade de Adão e Eva


Adão e Eva é um dos quadros mais famosos de Dürer. Foi pintado em 1507 e pode ser admirado no Museu Nacional del Prado, em Madrid .

NACIONALIDADE DE ADÃO E EVA

Um alemão, um francês, um inglês e um brasileiro apreciam o quadro de Adão e Eva no Paraíso.

O alemão comenta:

- Olhem que perfeição de corpos:

Ela, esbelta e espigada;

Ele, com este corpo atlético, os músculos perfilados.

Devem ser alemães.

Imediatamente, o francês contesta:

- Não acredito. É evidente o erotismo que se desprende das figuras....

Ela, tão feminina...

Ele, tão masculino...

Sabem que em breve chegará a tentação...

Devem ser franceses.

Movendo negativamente a cabeça o inglês comenta:

- Que nada! Notem a serenidade dos seus rostos, a delicadeza da pose, a sobriedade do gesto. Só podem ser ingleses.

Depois de alguns segundos mais, de contemplação silenciosa, o brasileiro declara:

- Não concordo. Olhem bem:

não têm roupa,

não têm sapatos,

não têm casa,

tão na merda...

Só têm uma única maçã para comer.

Mas não protestam,

ainda estão pensando em sacanagem e pior, acreditam que estão no Paraíso.

Só podem ser BRASILEIROS...!!

MENSALÃO DO PT- RÉUS SERÃO ABSOLVIDOS POR PRESCRIÇÃO DO CRIME.

O processo de desmantelamento do esquema conhecido como mensalão federal (2005), a pior crise política do governo Lula, já tem data para começar: será a partir da última semana de agosto, quando vai prescrever o crime de formação de quadrilha. O crime, citado por mais de 50 vezes na denúncia do Ministério Público - que foi aceita pelo Supremo Tribunal Federal (STF) -, é visto como uma espécie de "ação central" do esquema, mas desaparecerá sem que nenhum dos mensaleiros tenha sido julgado. Entre os 38 réus do processo, 22 respondem por formação de quadrilha.


Para além do inevitável, que é a prescrição pelo decorrer do tempo, uma série de articulações, levantadas pelo Estado ao longo dos últimos dois meses, deve sentenciar o mensalão ao esvaziamento. Apontado pelo Ministério Público como o "chefe" do esquema, o ex-ministro José Dirceu parece estar mais próximo da absolvição.

O primeiro sinal político concreto em prol da contestação do processo do mensalão foi dado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ao deixar o governo, ele disse que sua principal missão, a partir de janeiro de 2011, seria mostrar que o mensalão "é uma farsa". E nessa trilha, lentamente, réus que aguardam o julgamento estão recuperando forças políticas, ocupando cargos importantes na Esplanada.

Fonte: O Estado de São Paulo

A DEMOCRACIA SUPLETIVA.

O poder das coisas suplanta o poder das ideias. A hipótese pode parecer um disparate. Inserida, porém, no bojo da sociedade contemporânea - emoldurada pela expansão econômica, despolitização, pelo esfacelamento de doutrinas, luta por interesses setoriais e grupais, administração de coisas materiais -, começa a ganhar sentido. O território da política é o que mais sofre os efeitos dessa nova ordem. E a razão é a crise que assola o modelo de representação. O declínio dos partidos corrói a imagem dos mandatários e faz nascer múltiplos aglomerados, os quais, por sua vez, procuram substituir a esmorecida instituição política. E por que esta definha? Porque a democracia deixou de cumprir seus compromissos para com a sociedade, como ensina Norberto Bobbio. A descrença no sistema representativo faz emergir polos de agregação e contestação fora do Parlamento. Nesse vácuo desponta uma nova designação na fisionomia das nações democráticas: democracia supletiva. A expressão, adotada pelo sociólogo Roger-Gérard Schwartzenberg e que indica a existência de uma subestrutura em auxílio à democracia representativa, cobre a constelação de entidades que fazem micropolítica, a política do varejo, das pequenas coisas.


Como se avalia a força desse fenômeno entre nós? Pela composição da organicidade social. Tanto sob a dimensão vertical (classes sociais, grupos e categorias profissionais) quanto sob o prisma horizontal/espacial (regiões centrais e periféricas), espraia-se vigorosa onda formada por entidades focadas na intermediação de interesses: associações, sindicatos, federações, clubes, núcleos, movimentos, etc. Na esfera das nações, o Brasil desponta com um vasto território coberto pela democracia supletiva. Dispomos de uma rica moldura de entidades. Algumas instâncias são bem aparelhadas, a mostrar grupos atuantes, seja nas retaguardas corporativas - defesa de interesses de setores negociais -, seja na vanguarda da cidadania, que abriga o debate sobre temáticas coletivas, como sustentabilidade, igualdade de gêneros, luta contra as drogas, proteção da criança e do adolescente, segurança pública, entre outras. O que chama a atenção na teia organizativa é o poder de mobilização de certos núcleos, particularmente os que atuam na base da pirâmide social, hoje mais parecida com um losango. Temos, já, 101 milhões de brasileiros na classe média.

Sob esse olhar, surge a primeira observação: a massa laboral detém, hoje, maior poder de barganha e pressão do que o eixo empresarial. É patente o esmorecimento das tradicionais entidades empresariais, como Confederação Nacional da Indústria (CNI), federações de indústrias, associações comerciais e outras. No passado, definiam rumos da economia. Hoje, mais parecem leões desdentados. Cedem espaço às associações das cadeias produtivas, que, estas, sim, assumem funções políticas nas frentes institucionais. Já as bases laborais urbanas atingem o clímax de sua força, a partir do ciclo Lula e da legalização das centrais sindicais. Endinheiradas e prestigiadas, essas entidades dão o tom em múltiplos espaços da administração pública. Dirigem a orquestra das relações do trabalho. O capital praticamente não apita em matéria de política trabalhista. Os trabalhadores rurais, por sua vez, não dispõem de um sistema de interlocução tão contundente quanto o dos conglomerados urbanos. Sua imagem, ademais, é embaciada pela cor vermelha das bandeiras do Movimento dos Sem-Terra, que, mesmo desprestigiado, encampa a agenda rural. Já a representação empresarial do campo expressa discurso mais harmônico que a urbana. Sua imagem, porém, resvala pelo extremo conservadorismo.

Ainda na parte inferior da pirâmide/losango, formam-se as associações de bairros, que atuam de maneira pragmática na arena institucional, funcionando como extensões da representação política. As questões locais entram no menu servido aos políticos. Nesse vasto território, e até mais em cima, assumem destaque as vertentes religiosas, que, ao lado da defesa de crenças e dogmas, também começam a vestir cores políticas. Passam a entoar o canto geral dos anseios coletivos, como a defesa do meio ambiente, que, por sinal, é o tema deste ano da Campanha da Fraternidade, patrocinada pela Igreja Católica. Igrejas e credos desenvolvem, à sua maneira, a democracia supletiva. E saindo da base para o meio, expande-se a vasta cadeia organizativa sob a qual se abrigam profissionais liberais, habitantes do centro e do topo da pirâmide. Trata-se de uma rede corporativa com poder de persuasão e forte articulação junto às instituições políticas, posição que lhe garante escudo normativo. Mas a influência midiática dos polos centrais acaba se diluindo nos variados compartimentos que conduzem as demandas de cada grupamento.

O contingente jovem, que se retraiu após a mobilização dos caras-pintadas da era Collor, recomeça agora a se fazer presente nas ruas, sendo esta a boa novidade na paisagem de nossa democracia supletiva. O mais recente movimento dos jovens, em São Paulo, fazendo pressão contra o aumento da passagem de ônibus, aponta para o despertar de segmento considerado transcendental para a vivificação de nossa democracia. Eventuais mobilizações que ocorrem no território são motivadas, porém, menos em defesa de ideários e mais por proteção ao bolso. Os jovens continuam apartados da esfera de participação política.

Por último, ressaltam as correntes que se formam em defesa da igualdade de gêneros e raças, algumas responsáveis pelas maiores concentrações de massa no País, como a Parada Gay de São Paulo.

Nossa democracia supletiva tende a se expandir, no bojo da conscientização social, da expansão econômica, da melhoria de padrões de vida e do declínio dos mecanismos clássicos da política, como doutrinas, partidos, Parlamentos e oposições. A perspectiva é alvissareira. Afinal, esse é o oxigênio que vivifica todos os poros do corpo social.



TENSÃO NAS OBRAS DO PAC...

Usando métodos semelhantes aos empregados com frequência pelos sindicalistas vinculados à Central Única dos Trabalhadores (CUT), o braço sindical do PT, trabalhadores contratados para executar algumas das principais obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) paralisaram os serviços e realizaram outras ações, algumas violentas, para fazer valer suas reivindicações. Forçado a provar, ainda que indiretamente, do veneno que seu partido nunca hesitou em aplicar aos empregadores, tratados como verdadeiros inimigos, o governo do PT corre para tentar reduzir as tensões nos canteiros de obras do PAC.


Más condições de trabalho e alojamento, diferença de tratamento entre os trabalhadores, parte dos quais não tem direito a benefícios oferecidos aos demais, e salários insuficientes, entre outros problemas, alimentaram a intranquilidade nos canteiros. A tensão já resultou em revoltas - como no acampamento de Jirau, hidrelétrica em construção no Rio Madeira, no Estado de Rondônia - e greves que se estendem por diversas regiões e levaram à paralisação do trabalho de cerca de 100 mil pessoas.

Ainda não há prazo para a retomada do ritmo normal das obras de Jirau, onde um conflito não controlado pela força policial destacada para o canteiro de obras resultou em destruição de alojamentos e de equipamentos de serviços e lazer, espalhou o medo entre os alojados e forçou a remoção, para Porto Velho e outras localidades, de praticamente todos os mais de 20 mil trabalhadores que ali se encontravam.

Em outra obra do Complexo Hidrelétrico do Rio Madeira, a da Usina de Santo Antônio, os trabalhadores cruzaram os braços à espera de uma solução para o conflito em Jirau. Com a interrupção dos atos de violência em Jirau, as obras vão sendo normalizadas aos poucos em Santo Antônio. Mas a greve continua em duas outras regiões onde estão sendo executadas obras importantes do PAC, Pecém (no Ceará) e Suape (em Pernambuco).

O governo convocou para terça-feira, dia 29, uma reunião da qual devem participar representantes do Ministério Público do Trabalho, das centrais sindicais e das empresas responsáveis pelas obras. As autoridades consideram que só um acordo prévio entre os envolvidos poderá evitar a repetição dos problemas.

As centrais sindicais admitem que não têm experiência para lidar com multidões, como as que ocupam os canteiros onde é tenso o ambiente de trabalho. Há muitos problemas trabalhistas, como diferentes formas de remuneração e condições de trabalho, que distinguem os trabalhadores de uma empresa dos de outra, subcontratada da empresa principal, mesmo que desempenhem as mesmas funções. O presidente da CUT, Artur Henrique, que deve participar da reunião de terça-feira, observou que há serviços terceirizados e até quarteirizados, cada um com contratos trabalhistas específicos. "Não dá para colocar 20 mil homens trabalhando sem um mínimo de organização".

O problema ameaça ampliar-se. Dirigentes da Força Sindical, outra central convocada para a reunião com o governo, calculam que, se as obras do PAC, especialmente aquelas ligadas à Copa do Mundo de 2014 e à Olimpíada de 2016, forem executadas de acordo com a previsão do governo, em algum momento haverá cerca de 1 milhão de trabalhadores nos diversos canteiros de obras.

Esses problemas mostram que nem o governo, nem as empreiteiras, nem os sindicalistas, nem o mercado de trabalho estavam preparados para o rápido aumento do ritmo das obras em todo o País em tão pouco tempo. Em 2006, a construção empregava 1,8 milhão de trabalhadores; hoje são 2,8 milhões e a demanda é crescente. Já há escassez de mão de obra, o que provoca aumento das reivindicações por melhores condições e melhores salários.

Espera-se que, admitindo a sua inexperiência em problemas dessas dimensões, as principais centrais ajam com prudência. Se elas insistirem em disputar o controle da representação sindical nos principais canteiros, estarão levando mais lenha à fogueira.

Fonte: O Estadão - http://bit.ly/ewNkEc



sábado, 26 de março de 2011

PSDB REAGE À INTERFERÊNCIA DO GOVERNO NA VALE.

O PSDB reagiu com veemência, nesta quarta-feira, à tentativa de interferência do governo da presidente Dilma Rousseff na Companhia Vale do Rio Doce. “Não dá para aceitar”, avisou o presidente do partido, deputado Sérgio Guerra (PE), destacando que a ação do governo é “primitiva e antidemocrática”. Guerra destacou que qualquer inferência do Estado numa empresa sob controle privado, como é o caso da Vale, só pode ser aceita na hipótese dos interesses dos acionistas estarem sendo contrariados. “Não é o caso da Vale. Os bons resultados da empresa estão aí”, destacou.


Ao comentar as notícias sobre a reunião do ministro da Fazenda, Guido Mantega, com controladores privados da Vale para discutir a substituição do presidente da companhia, Roger Agnelli, o presidente do PSDB disse que “uma coisa é o discurso da presidente Dilma e outra são os gestos do seu governo que agora começam, cada vez mais, a divergir”. E concluiu: “Deixem a Vale em paz. Ela é um pedaço do Brasil que vai bem”.

Em plenário, o senador Aécio Neves (MG) fez um discurso também criticando a ação do ministro. “Não me parece apropriado que o ministro, a mais alta autoridade da área econômica do governo, apareça como alguém que força, solicita ou que impõe uma mudança na direção de uma empresa controlada por capital privado”, afirmou destacando que a tentativa do governo é a de impor que a empresa seja conduzida de forma a atender interesses políticos “de um governo circunstancial”. Segundo Aécio, a Petrobras e os Correios estão aí para mostrar à sociedade os custos e as perdas por adotarem programas e investimentos “planejados por Brasília”.

Ainda em plenário, o senador mineiro antecipou que a intenção do PSDB é a de convocar o ministro da Fazenda para explicar a sua ação na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE). Para o senador Mário Couto (PA), a ação do governo que, aliás, nasceu ainda na gestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, é “coisa de ditadura

Fonte: http://bit.ly/fqaCwv

O TIME INVENCÍVEL ( By Marco Sobreira )

Iúna é uma bonita e próspera cidade do sudoeste do Espírito Santo, na época ( 1987 ) o Rio Pardo F;C tinha um bom time e como falei em O MUDINHO ARTILHEIRO, fomos enfrentá-lo, nossos ônibus ficaram na pracinha e subimos uns 300 metros até o estádio.


Terminou em confusão o jogo preliminar, o clima ficou tenso e parecia que toda a cidade estava lá para assistir ao grande jogo, nosso time era o campeão sulino de futebol amador e o Rio Pardo não perdia para ninguém em seu gramado, quebrar essa invencibilidade era nossa intenção, afinal viajamos três horas para isso. Entramos em campo sob intensa vaia e um tremendo foguetório saldou o time da casa.

-Vamos acabar com essa turma de “rasga pão” gritavam os torcedores, explico, “rasga pão” era como éramos conhecidos, apelido herdado dos tempos que o então Distrito de Marapé pertencia ao Município de Cachoeiro de Itapemirim.

Como de costume, o juiz era de nossa responsabilidade e mal começou o jogo e a mãe do pobre coitado começou a receber os “elogios” de costume.

Aos 20 minutos do primeiro tempo, numa cobrança de falta abrimos o marcador, o que irritou profundamente a torcida local que jurava que o juiz tinha inventado a falta. A situação começou a ficar preocupante, ameaças do tipo “vamos matar esse juiz” procurava amedrontar o árbitro. Quase ao final do primeiro tempo, numa cobrança de escanteio, o Rio Pardo empatou o jogo para delírio de seus fanáticos torcedores, e confesso para um certo alivio nosso.

Olhei para a arquibancada e vi claramente três a quatro torcedores sacaram seus revolveres e começaram a atirar para o alto, chamei o policiamento e pedi para retirarem os torcedores armados , caso contrário iríamos tirar o time de campo.

-Podem continuar o jogo que vamos fazer uma revista, se tiver alguém armado vamos retirá-los, falou o que me pareceu ser chefe dos policiais.

Concordamos em continuar, avaliei que seria pior abandonarmos o gramado, isso iria gerar uma terrível confusão e muitas mulheres e crianças em nossa torcida me preocupava, aproveitei o intervalo e dei a seguinte orientação aos jogadores,

-Gente, o negócio é o seguinte, se ganharmos esse jogo não vamos sair inteiros daqui, é melhor tentar empatar, se perder não faz mal, ok? Tenho medo que alguém se machuque, afinal temos que descer a ladeira a pé até os ônibus e sinceramente acho que esses policiais não vão garantir nada.

Antes de iniciar o segundo tempo os policiais voltaram e deram o recado curto e grosso,

- O Sr está vendo demais, não tem ninguém armado, tratem de jogar futebol.

Após algumas pequenas confusões, o jogo chegou ao final com a vitória do time da casa pelo placar de 2 X 1. Chegamos aos nossos ônibus, alguns torcedores nossos mais exaltados me deram o maior trabalho pois queriam responder as provocações. Só respirei aliviado quando pegamos a estrada de volta pra casa. Pelo que sei o glorioso Rio Pardo FC ficou invicto por muitos e muitos anos.

sexta-feira, 25 de março de 2011

NA ERA LULA, BNDES PRIVILEGIOU GRANDES GRUPOS.

Quase três vezes maior que em 2002, o BNDES chegou ao fim da Era Lula com um perfil completamente diferente do que tinha durante o governo de Fernando Henrique Cardoso. Seu balanço de 2010, divulgado esta semana, confirma que se o apoio à privatização foi a marca do banco na gestão tucana, na era petista o BNDES retomou seu foco de agente de fomento, porém ficou marcado pela ajuda a grandes grupos, como Petrobras, JBS/Friboi, Braskem, AmBev, Vale e as empresas de Eike Batista. Mudou também o perfil dos segmentos atendidos. Se antes o grande "cliente" do BNDES eram as montadoras de automóveis, nos últimos oito anos empresas do setor de alimentos e de química e petroquímica ganham espaço e a Petrobras dominou, com folga, as liberações em 2009 e 2010: foram mais de R$50 bilhões.


Essa atuação gera críticas de alguns economistas, que veem o banco "escolhendo" grandes grupos que ganham com os juros subsidiados do crédito do BNDES. Outros, porém, veem como positiva a maior presença do banco e alegam que o BNDES deu mais fôlego para a economia brasileira crescer.

O crescimento das operações foi vigoroso. Em valores atualizados pela inflação (IPCA), o BNDES liberou R$709,2 bilhões nos últimos oito anos. No ano passado, foram R$168,4 bilhões, quase três vezes os R$59,86 bilhões de 2002. Dados divulgados ontem pelo banco mostram que os desembolsos dos dois primeiros meses de 2011 chegaram a R$17,2 bilhões, 7% a mais que no mesmo período de 2010
 
Fonte: O Globo

CASO PANAMERICANO DERRUBA CÚPULA DA CEF.

Maria Fernanda Coelho caiu da presidência da Caixa Econômica Federal. A saída se dá cinco meses após a compra, pela Caixa, de 49% do banco Panamericano, de Silvio Santos, e da fraude contábil envolvendo o balanço divulgado em novembro. O empurrão final para a demissão foi a divergência com o ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, por conta do preenchimento de diretorias da Caixa com políticos aliados do Planalto

Fonte: O Estado de São Paulo

REPÓRTERES SEM FRONTEIRAS COBRAM INVESTIGAÇÃO DE ATENTADO A BLOGUEIRO NO RIO.

A organização não governamental Repórteres Sem Fronteiras (RSF), com sede em Paris, pediu nesta quinta-feira que a Polícia Federal investigue a pista de um possível acerto de contas no ataque contra o blogueiro Ricardo Gama, conhecido por críticas regulares a políticos, empresários e autoridades policiais.


Gama, de 40 anos, foi baleado nesta quarta-feira, no Rio de Janeiro, nas costas, no pescoço e na cabeça e, embora sua vida não corra risco, os médicos temem que ele perca a visão de um olho.

A RSF indicou que há pouco tempo o blogueiro denunciou a presença de um empresário envolvido no tráfico de drogas na favela da Rocinha e solicitou que a investigação leve em conta essa última acusação.

“Abordar o crime organizado ainda expõe os jornalistas brasileiros a graves ameaças”, assinalou a RSF em comunicado, segundo o qual a vítima é conhecida por “suas fortes críticas contra as autoridades locais”.

Para o RSF, apesar dos avanços em liberdade de expressão sob o mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, a imprensa, “exposta a uma forte insegurança em várias regiões”, sofre “o abuso por parte de algumas autoridades locais”, o que é “outra forma de censura que também afeta os blogueiros”.

Fonte: Correio do Brasil - http://bit.ly/ePFGoG

BRADESCO QUER MANTER AGNELLI

FICHA LIMPA SERÁ FATIADA COMO SALAME, DIZ MINISTRO

Fragilizada no Supremo Tribunal Federal (STF), a Lei da Ficha Limpa corre riscos reais de ser ainda mais esvaziada. "A constitucionalidade da lei referente aos seus vários artigos poderá vir a ser questionada futuramente antes das eleições de 2012", admitiu o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministro do STF e defensor da lei, Ricardo Lewandowski. Segundo ele, nesse futuro exame "a lei vai ser fatiada como um salame e será analisada alínea por alínea".


O STF deverá se posicionar sobre a constitucionalidade da lei se alguma autoridade, partido político ou entidade de classe de âmbito nacional provocar formalmente o tribunal por meio de uma ação. Na quarta-feira, os ministros apenas decidiram que a norma, publicada em junho de 2010, não poderia ter sido aplicada na eleição do ano passado porque a legislação exige que mudanças desse tipo sejam aprovadas com pelo menos 12 meses de antecedência. Uma decisão anterior, do TSE, tinha determinado a aplicação da lei às eleições de 2010.


Fonte: O Estado de São Paulo

BRASIL MUDA DE POSIÇÃO NA ONU E IRRITA O IRAN.



O Brasil votou favoravelmente no Conselho de Direitos Humanos da ONU ao envio de um relator para investigar a situação das garantias individuais no Irã, informa o correspondente Jamil Chade. A ordem do Itamaraty era a de mostrar que o País terá nova postura em relação ao tema. ONGs e países ocidentais comemoraram a decisão. O Irã acusou o governo de Dilma Rousseff de “dobrar-se" à pressão dos Estados Unidos e insinuou traição. "É mesmo lamentável ver o Brasil adotar essa posição", disse o embaixador do Irã na ONU, Sayad Sajjadi. Teerã esperava uma abstenção, repetindo o padrão de votação durante o governo Lula. A avaliação do chanceler Antonio Patriota é que a relação entre os dois países é "madura para não ficar refém de uma ou outra decisão". A proposta teve 22 votos a favor, 7 contra e 14 abstenções.

Mac Margolis: Voto mostra divergência de Dilma com antecessor

Dilma não concordara com a posição brasileira no caso do apedrejamento de Sakineh. Ontem, confirmou suas declarações.

Fonte : O Estadão.

PRESIDENTE DA OAB: VOTO DE FUX FRUSTRA SOCIEDADE.

O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Ophir Cavalcante, afirmou por meio de nota que o voto do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luix Fux, contra a aplicabilidade da Lei da Ficha Limpa em 2010, "frustra a sociedade". Ele afirmou, no entanto, que "tal fato não significa uma derrota" por que a iniciativa popular "é constitucional e será aplicada às próximas eleições".


Único ministro que ainda não havia se manifestado sobre a aplicabilidade da lei, Fux, defendeu que as regras valham apenas a partir do pleito municipal de 2012. Segundo ele, sua aplicação no momento violaria o princípio da anualidade eleitoral, que estabelece que a lei que alterar o processo eleitoral não pode ser aproveitada à eleição que ocorra a menos de um ano da data de sua vigência.

Cavalcante afirmou que a discussão "ajudou a banir do cenário eleitoral vários políticos que acumularam durante a vida uma extensa folha corrida de condenações judiciais e que zombavam da sociedade e da Justiça com incontáveis recursos para impedir o trânsito em julgado de decisões condenatórias". Ela também "foi importante do ponto de vista da conscientização do eleitor sobre o seu papel na escolha de candidatos".

Fonte: Terra - http://bit.ly/h01XSg

FICHAS SUJAS COMEMORAM.

Políticos que tiveram votos invalidados na última eleição por conta da Ficha Limpa comemoraram a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), na noite desta quarta-feira, de que a aplicação da lei contra candidatos condenados por órgãos colegiados ou que renunciaram ao mandato só valerá para as eleições de 2012.




João Capiberibe, Jader Barbalho, Cássio Cunha Lima e Janete Capiberibe, que, sem validade da Ficha Limpa para as últimas eleições, podem tomar posse

“O dispositivo da Constituição (que trata da aplicação de novas leis) está em português, não está em grego”, afirmou ao iG o ex-deputado Jader Barbalho (PMDB-PA), minutos antes de terminar o julgamento do STF. Eleito para o Senado, ele ocupará o lugar de Marinor Brito (PSOL-PA), que fez um discurso duro na tribuna contra a decisão do Supremo.

Jader tem duas renúncias no currículo: em 2001, ao mandato de senador, para escapar de cassação em processo no Conselho de Ética, e no ano passado, ao cargo de deputado federal, devido à indefinição da Ficha Limpa no Supremo.

Sobre o voto do ministro Luiz Fux, que desempatou o entendimento da Corte, Jader comentou: “Foi um voto de natureza jurídica constitucional. Não pode haver alteração na legislação eleitoral um ano antes da eleição. Isso já foi dito e repetido”.

Também foram beneficiados pela decisão do Supremo o ex-senador João Capiberibe (PSB-AP) e o ex-governador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) – ambos, como Jader, barrados pela Ficha Limpa, embora tivessem obtido votos suficientes para conquistar uma vaga no Senado.

“Não é uma decisão sobre mandatos, mas sobre a Constituição”, afirmou Capiberibe ao iG. “Se o STF, como guardião da Constituição, decidisse diferente, seria uma ditadura". O ex-senador teve o registro de candidatura negado por ter sido condenado em processo no qual foi acusado de compra de votos.

“Sofremos uma campanha intensa de desqualificação desmoralização, que vem de longos anos”, assinalou Capiberibe. “A decisão de hoje garante a posse do mandato legítimo que o povo do Amapá nos concedeu em 2010”.

Em sua página no Twitter, Cunha Lima – que teve a candidatura impugnada por ter sido cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral por abuso de poder político e econômico –, se disse “emocionado”. “Louvado seja Deus! Sem palavras para agradecer. Peço desculpas por não poder responder neste instante. Saberei honrar esse mandato!”.

Após o julgamento, o presidente da Câmara, deputado Marco Maia (PT-RS) afirmou que a decisão do Supremo “não muda muito” a situação na Casa. “A decisão de hoje reforça o Ficha Limpa e fortalece as instituições democráticas do País”, disse à reportagem. “Ela resolve o impasse jurídico de que a lei não pode retroceder no tempo”.

Fonte: IG - http://bit.ly/fkiOoc

FICHA LIMPA TRAÍDA.

O STF decidiu ontem: a Ficha Limpa só será válida para 2012.


O Ministro Luiz Fux quebrou todas as expectativas e frustrou a sociedade brasileira ao dar o voto do desempate que liberou os corruptos barrados a assumirem seus postos no Congresso Nacional. Ao ser apontado para o STF, o Ministro Fux elogiou a Ficha Limpa dizendo que ela “conspira a favor da moralidade”. Somente ontem ficamos sabendo do seu verdadeiro posicionamento.

O voto do Ministro Fux significa que corruptos famosos como Jader Barbalho, João Capiberibe e Cássio Cunha Lima irão assumir seus cargos. É um tapa na cara da sociedade brasileira que lutou árduamente pela aprovação da Ficha Limpa.

Vamos dizer para o Ministro Luiz Fux o que pensamos, clique abaixo para enviar uma mensagem para ele:

http://www.avaaz.org/po/mensagens_luiz_fux/?vl

Cinco Ministros do STF, o Ministério Público Federal e o Tribunal Superior Eleitoral, todos analisaram a Ficha Limpa e concordaram que a sua validade para 2010 é plenamente constitucional. Até a Ministro Fux ser apontado havia um empate de 5 juízes contra e 5 a favor da validade da Ficha Limpa para 2010. Ele deveria ter quebrado o empate favorecendo o povo brasileiro, não os interesses dos corruptos.

Brasileiros de todos os cantos do país se uniram em uma escala fenomenal e lutaram bravamente para aprovar a Ficha Limpa. No começo poucos acreditavam que ela seria aprovada, mas juntos nós pressionamos os deputados durante todo o trâmite da lei no Congresso, garantindo que a Ficha Limpa finalmente se tornasse lei. E nós vencemos. Mais de 2 milhões de nós fizemos isto acontecer. O entusiasmo pela aprovação da Ficha Limpa tomou conta da mídia e da sociedade, simbolizando uma nova era na política brasileira.

O Ministro Luiz Fux foi bem recebido pelos grupos da sociedade civil como um “apoiador da Ficha Limpa” porém ontem, ele decepcionou a todos nós. Há pouco que podemos fazer para reverter a decisão do STF, mas vamos inundar os emails do Ministro Fux com mensagens de todo o Brasil, mostrando a nossa indignação. Clique abaixo para enviar a sua:

http://www.avaaz.org/po/mensagens_luiz_fux/?vl

Este não é o fim desta história, ainda temos um longo caminho a percorrer para consertar a política brasileira, acabar com a impunidade e finalmente ter políticos decentes nas urnas. Não será fácil, mas este é um movimento do povo brasileiro e com determinação, nós temos o poder de gerar as mudanças a longo prazo que o nosso país tanto merece.

Com esperança,

Alice, Graziela, Ben, Laura, Milena, Pascal, Ricken e toda a equipe Avaaz

CARTA A UM DESEMPREGADO.

Caro cidadão Luiz da Silva, como você está se sentindo agora que retornou à planície? Na verdade, apenas trocou de Planalto - para o Paulista. É duro ficar ocioso. Permanecer em casa o dia inteiro é uma coisa enfadonha. Ainda mais quando não se tem o hábito da leitura.


A sua mulher não deve estar gostando nem um pouco dessa situação. A presença constante dos maridos no lar, como se sabe, perturba o andamento das lides domésticas.

Problemas financeiros, ao que parece, você não tem. Como é sabido, os seus antigos amigos - com grande desprendimento - cuidam de lhe prover de tudo. Mas haja tédio. Além da insegurança quanto ao futuro, essa condição abala a autoestima das pessoas.

Quase todos os governantes, enquanto estão no comando, acreditam que vão tirar de letra. E quando seus mandatos terminam caem em depressão.

São poucos os que o visitam na sua casa e são raros os que ainda lhe telefonam.

E se, de repente, você ouvir ruídos na porta?

Não se preocupe. São apenas folhas secas levadas pelo vento.

Por que você não telefona para a nova intendente? Ela, por enquanto, ainda vai atendê-lo. Anotará, atenciosamente, as suas recomendações e depois fará tudo diferente. Não fique aborrecido. Já está muito bom. Pior vai ser quando ela trocar os telefones e não lhe comunicar os novos números.

"A companheira tem muito que fazer", deduzirá você. Procurará, então, deixar um recado com a secretária dela. Impossível. Virá à linha uma assessora, com voz impessoal para lhe dizer que, no momento, a secretária da chefa não pode atender.

"Por quê?"

"Ela está "em reunião". Daria para o senhor adiantar o assunto?"

"O que é isso, companheira?! Aqui quem está falando é o ex-presidente!"

"Qual deles? Tem tantos..."

"Eu, é claro!"

"Ah! Eu acho que estou reconhecendo a sua voz. "Você" não é aquele senhor sexagenário que desceu a rampa no dia do réveillon?"

"Sou! Veja aí, no caderno de "autoridades" que deve estar em sua mesa!"

"Não vai dar, não. A agenda que tem aqui é antiga, do ano passado."

"Então eu vou pessoalmente até aí, amanhã!"

"Pode vir. O problema é que a porta que dá para a rampa fica trancada durante a semana. Venha no domingo, que fica aberto para visitação."

Você, enraivecido, desliga o telefone. Vai abordar a "companheira-em-chefe" em alguma cerimônia pública. Isso se os seguranças dela permitirem.

Por falar nisso, cidadão, por que você faltou ao almoço em homenagem àqueles americanos que estavam aqui, em férias? Sua ausência não pegou bem. Deu a impressão de que não gosta dos gringos. Ou, então, que não vai a festas em que os holofotes não estejam sobre você.

Todos os seus antigos colegas foram. E olhe que muitos deles, apesar de aposentados, ainda estão na ativa. Ficou feio para você.

Mudando de assunto, você pretende voltar ao serviço? Eu estou lhe perguntando isso porque, se você tem essa intenção, o grande problema é que a senhora sua sucessora vai querer renovar o contrato. E nesse cargo só cabe um.

Em outras palavras, o que acontece é o seguinte: para você se dar bem ela tem de se dar mal. E vice-versa. Entendeu agora por que ela não segue os seus conselhos?

A gente não tem ainda uma imagem clara de como será a sua gestão. Ela tem aparecido pouco, mas dizem que é competente. Ou seja, o contrário de você.

Ao menos para o paladar da "zelite", ela é muito melhor do que você e a sua "companheirada". A "zelite" somos todos nós que lemos jornais. Eu daria a isso outro nome: opinião pública bem informada.

Bem, para que a gente não brigue, vamos falar de outras coisas. O que é que você pretende fazer da vida, por enquanto?

Pelo que corre por aí, ora você pretende montar um instituto, ora você se oferece para atuar em algum órgão internacional. Você mesmo já declarou que pretende passar o ano inteiro percorrendo o Brasil para provar que nunca houve corrupção na sua gestão.

Já ouvi também que o seu "sonho de consumo" é ser eleito secretário-geral da Organização das Nações Unidas. O pessoal de lá, diplomaticamente, já mandou avisar a você que não vai dar. O titular desse cargo - alegam eles - é eleito pelo critério de rodízio entre os continentes. A nossa vez já passou.

Como isso não será possível, fala-se por aí que você aceitaria um posto menor: iria morar em Roma e trabalhar na Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).

A ideia, nesse caso, seria a de levar aos desvalidos do mundo - principalmente da África - a sua tecnologia de "combate à fome". Por acaso você pretende ressuscitar o finado Fome Zero? Ou vai propor a eles algum tipo de Bolsa-Família? Cuidado para não ser acusado de plágio. Ao que eu saiba, não foi você que criou. Você apenas pegou alguns programas que já existiam e tratou de juntá-los em um só.

Aliás, por falar nisso, onde é que anda o Amorim? Alguém falou que ele iria trabalhar com você no "instituto". E também ouvi que ele está ainda indeciso entre outras três propostas internacionais de emprego: da Bolívia, da Venezuela e do Irã.

Outro dia pude ler aqui, no jornal, uma justificativa sua por não ter comparecido ao banquete de Brasília: você não queria ofuscar a sua sucessora.

Você ainda não entendeu que fora do poder - e não sendo mais novidade - aquilo que faz não é mais notícia.

Como dizem os árabes, "uma mosca escura, numa mesa escura, numa noite escura: somente Deus a vê".

Cidadão Luiz Inácio, é melhor você aprender a rezar.

João Mellão Neto - O Estado de S.Paulo - http://bit.ly/fFzjBj




MAIS DOIS MINISTÉRIOS

Não se criam Ministérios impunemente sob o ponto de vista fiscal. O Brasil, que já tinha 37 Ministérios, se computados órgãos como o Banco Central e Advocacia-Geral da União, cujos titulares têm status de ministros, deve passar em breve a contar com 39, com a recente instituição da Secretaria de Aviação Civil e do Ministério das Micro e Pequenas Empresas, a ser criado. Esse número é quase o triplo do da França (14 ministros). Naturalmente, o inchaço do organograma federal acarreta novas despesas, não só com relação à remuneração do ministro, do gabinete e funcionários, mas também porque toda nova Pasta tem planos próprios a implementar, exigindo dotações especiais. No caso do Ministério voltado para as empresas de menor porte, uma promessa de campanha da presidente Dilma Rousseff, o acréscimo provavelmente não será muito pesado, uma vez que está em plena operação, em todos os Estados do País, o Sistema Sebrae, que constituirá a espinha dorsal da Pasta. Mas, certamente, o novo Ministério só fará sentido se o governo federal realmente utilizá-lo para implementar um programa de estímulo ao empreendedorismo e à inovação.


O Sebrae deve sair da órbita do Ministério do Desenvolvimento (MDIC), do qual também será retirada a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos, presumivelmente com o propósito de engajar mais as pequenas e médias empresas nas vendas externas, nas quais têm tido uma participação diminuta. Significativamente, o nome mais cotado para chefiar o novo Ministério é o do economista Alessandro Teixeira, que presidiu a Apex-Brasil no governo Lula e atualmente é secretário executivo do MDIC.

Razões econômicas para dar maior suporte às micro, pequenas e médias empresas não faltam. Segundo dados do Sebrae, elas representam 98% dos 5,1 milhões de empresas em funcionamento no País, respondem por 58% dos empregos - o equivalente a 13,2 milhões de pessoas -, e movimentam anualmente um valor que corresponde a 20% do PIB. Quase todos os países desenvolvidos dispõem de órgãos governamentais para apoio às empresas menores, destacando-se entre elas a Small Business Administration dos EUA, criada em 1953, reunindo agências de desenvolvimento cuja existência remonta à Grande Depressão da década de 1930.

Relativamente aos países desenvolvidos, o número de jovens ou de ex-empregados que resolvem se estabelecer por conta própria, no mercado formal, é bastante baixo no Brasil e somente há pouco o número de pequenos empreendimentos em operação regular atingiu 1 milhão. Isso é diretamente atribuído aos entraves burocráticos e os dispêndios para abertura de um negócio. Calcula-se que o tempo requerido para constituir uma firma seja de 40 dias, no mínimo, se toda a documentação estiver correta. Se houver erro, o tempo pode chegar a 150 dias. Além disso, o processo de abertura de um negócio, por menor que seja, exige gastos do empreendedor, que variam de Estado para Estado ou mesmo de município para município, mas que estão na faixa de R$ 1.000 a R$ 4.000. Além de registros, inscrições, visto de um advogado nos estatutos, etc., são exigidos, em alguns casos, licença ambiental e alvará do Corpo de Bombeiros.

Os riscos são enormes. Segundo dados do Sebrae, 27% das microempresas vão à falência no primeiro ano de funcionamento, 37% no segundo e 58% ao fim do quinto, devido, em grande parte, a deficiências de gestão. A carga tributária foi reduzida com a introdução do SIMPLES, mas ainda é elevada e a lista de setores beneficiados, recentemente ampliada, ainda é reduzida. Além do custo do dinheiro ser pesado, o acesso ao crédito é problemático em face das garantias exigidas pelos bancos, que as empresas de pequeno porte frequentemente não têm condições de oferecer. Assim, espera-se que o novo Ministério, em vez de contribuir para o aumento da burocracia, aja para reduzi-la substancialmente e contribua para limitar a informalidade que ainda prevalece na área de pequenos negócios.


Fonte: O Estadão - http://bit.ly/hsebNp




ESTREITA VIGILÂNCIA.

Ruim mesmo é ter de aguentar a impertinência de Jader Barbalho jactando-se de ter tido votos (1,8 milhão) em quantidade superior às assinaturas (1,6 milhão) recolhidas em apoio à Lei da Ficha Limpa. Inclusive porque não é verdade: depois da apresentação formal da proposta à Câmara, a iniciativa recebeu mais de 5 milhões de adesões via internet.


Tirando isso e alguma frustração pelo fato de o Supremo Tribunal Federal não ter seguido, no voto de desempate do ministro Luiz Fux, a orientação que adota desde 1989, de que condições de elegibilidade não estão submetidas ao princípio da anterioridade e, portanto, não precisam estar em vigor um ano antes das eleições, está tudo nos conformes.

O Congresso foi obrigado a fazer o que a maioria dos parlamentares não queria, instituindo uma barreira para candidatos com contas em aberto na Justiça, e a lei já foi genericamente considerada constitucional pelo STF.

Há, é verdade, pontos que ainda podem vir a ser contestados isoladamente por candidatos que se sentirem prejudicados. Por exemplo: são válidos julgamentos feitos por conselhos profissionais? Os prazos de punição não seriam exorbitantes? Condenações por improbidade administrativa, como prevê a lei, podem cassar uma candidatura? E atos cometidos antes da aprovação da lei podem ser levados em conta?

São questões que suscitam polêmica. O ministro Marco Aurélio Mello já se manifestou contra a aplicação da inelegibilidade retroativa. Mas o senador Demóstenes Torres, procurador de Justiça, lembra que o Supremo aceitou o princípio de que a lei pode "retroagir para prejudicar" quando declarou constitucional a cobrança de contribuição para os inativos da Previdência Social.

Que a lei vale é fato, mas é fato também que o STF será instado a voltar a se pronunciar por provocação dos candidatos que se enquadrem na categoria "ficha-suja" e, portanto, caberá ao tribunal zelar pela aplicabilidade da lei.

A julgar pela posição da maioria do tribunal e das saudações feitas ao seu objetivo - exceção feita a dois ou três ministros que não nutrem simpatia pela quebra da presunção de inocência até que os processos transitem em julgado -, há relativa segurança de que a Justiça não vai torná-la letra morta na prática.

De qualquer modo, conviria à sociedade manter-se mobilizada em torno da validade do preceito geral: o de que, como disse o ministro Ayres Britto, "o político que desfila pelo Código Penal com sua biografia não pode ter a ousadia de se candidatar". Ou seja, quem pretende exercer mandato representativo não pode carregar consigo folhas corridas.

Tal exigência não tem nada a ver com agressão aos direitos das minorias nem fere princípios democráticos. De novo, o exemplo já batido, mas incontestável: se é vedado o acesso de processados aos concursos públicos, por que autorizar o ingresso de condenados por órgão colegiado ao Congresso?

Isso não significa dizer que devam ser alimentadas as manifestações de ira ou menosprezo ao Supremo. Tampouco são aceitáveis como resultado de frustração popular conclusões segundo as quais a indiferença à vida política seja o melhor remédio, dado que "nada muda mesmo".

Cumpre lembrar que ministros do Supremo não tomam decisões baseados em vontades pessoais. Interpretam a Constituição. O Congresso, se quisesse, poderia ter votado uma lei semelhante há mais tempo - propostas em tramitação no Legislativo não faltavam para isso - e de forma juridicamente mais perfeita.

Bem como poderia, mediante reforma do sistema eleitoral, dar ao eleitor instrumentos efetivos de punição pelo voto.

Da parte da sociedade, a existência do debate em torno de uma questão até a aprovação da lei da Ficha Limpa relegada a um segundo plano, sem sombra de dúvida ajudará o eleitorado a fazer a sua parte na hora de escolher o candidato.

Ademais, não seria a simples aprovação de uma lei que de uma hora para outra modificaria uma dinâmica malsã arraigada desde os primórdios da República.

Democracia é assim mesmo: dá um trabalho danado, requer paciência, mas vale o esforço.

Dora Kramer - O Estado de S.Paulo






quinta-feira, 24 de março de 2011

O MUDINHO ARTILHEIRO ( By Marco Sobreira )

Toda cidade tem seus tipos folclóricos, em Atílio Vivácqua não é diferente e um dos mais interessantes é o mudinho. Trabalhador responsável, trabalhava na fábrica de Calçados Itapuã em Cachoeiro de Itapemirim, onde era chefe do setor. Tudo mudava nos finais de semana, tomava umas cachaças e pronto, ficava pegajoso, inconveniente, exigia atenções para si e até meio agressivo. Uma das coisas mais engraçadas era mandar botar músicas e ficava dançando como se estivesse ouvindo, não perdia um jogo de futebol e acabava virando atração tal seu entusiasmo na torcida.


Como médico no interior acaba fazendo de tudo, certa época, lá pelo ano de 1987 se não me falha a memória, eu era Presidente, jogador e técnico do segundão do glorioso Nacional Beira-Rio EC, tínhamos um bom time e sem adversários à altura nas redondezas, chegamos a ser Campeões Sulinos de futebol amador, resolvemos marcar jogos amistosos com times de cidades mais distantes.

Nosso primeiro compromisso seria em Iuna, simpática e progressiva cidade no sudoeste do Espírito Santo, terra de gente brava mas que tinham um bom time chamado Rio Pardo FC. Saímos num domingo pela manhã, dois ônibus lotados de torcedores e entre eles o mudinho, aproveitei para durante o percurso conversar e alertar para que evitassem confusão, como todo mundo sabe, torcida de futebol tem de tudo, inclusive os brigões, nosso amigo era um deles.

Após três horas de viajem, chegamos e de cara tivemos uma surpresa, o estádio ficava no alto de um morro tão a pique que os ônibus não puderam subir, ficaram estacionados na pracinha embaixo, o que já me deixou apreensivo, em caso de confusão estaríamos em maus lençóis.

Sacos de roupas e chuteiras nas costas, mochilas, bandeiras, batuque, lá fomos nós subindo a ladeira , foguetes anunciavam a nossa chegada.

O jogo estava bastante divulgado e a cidade estava animada, nosso time tinha fama e o Rio Pardo não perdia em casa pra ninguém, todos esperavam um grande jogo.

A primeira confusão começou ainda no jogo preliminar e por minha culpa, ao escalar o segundão, fiquei surpreso ao perceber que não tínhamos reservas, vieram somente os onze jogadores e o goleiro reserva, e então cometi o grande erro, o mudinho insistiu em ficar no banco e para não ficar sem ninguém acabei concordando, não tinha mesmo idéia de aproveitá-lo, apesar de que não faria feio, já que gostava de jogar uma pelada e me garantiram que não tinha bebido nada.

Jogo transcorrendo sem problemas, apesar do juiz, que insistia em puxar a sardinha para o time da casa, perdíamos por 2X1, já na metade do segundo tempo quando um dos nossos jogadores torceu o pé num buraco do campo e não tinha condições de continuar. E agora? Olhei para o banco de reservas e lá estava o mudinho se aquecendo, minha única opção, me esforcei para entendesse que queria que ficasse do meio do campo pra frente, sem posição fixa, seria pedir demais e pensando bem perder por 2X1 já estava de bom tamanho.

O mudinho estava realizando o seu grande sonho, entrou acenando para a torcida, feliz da vida, era sua grande chance e por coincidência na primeira bola lançada, partiu para o gol, estava em completo impedimento, o juiz apitava freneticamente , os jogadores pararam e o mudinho nem aí, entrou no gol com bola e tudo e saiu como louco comemorando, gesticulando, literalmente foi para a galera. O juiz esperou pacientemente, anulou o gol, expulsou o mudinho e a confusão estava formada, quis bater em todo mundo e quando fui argumentar com o juiz que não escutou o apito porque era surdo e mudo, também fui expulso. Jogo encerrado, ânimos serenados, nos preparamos para o jogo principal, o pior estava por vir, mas isso é o tema da próxima história.

Até hoje, quando toma umas cachaças o mudinho se revolta com a anulação do único gol , da única partida que disputou em toda sua vida.

PRIVILÉGIO ÀS CUSTAS DO DINHEIRO PÚBLICO.

Em discussões lúcidas sobre política, tem sido questionado o custo-benefício de várias câmaras municipais. Muitas descumprem o papel constitucional de fiscalizar o Executivo. Mas existe uma situação infinitamente pior: é quando há suspeita de corrupção em matéria aprovada por vereadores.


E isso, infelizmente, está ocorrendo na Câmara Municipal de Vitória. Um escândalo veio à tona. Trata-se de inexplicável benefício financeiro a empresas de planos de saúde e prestação de assistência médica, capaz de provocar séria sangria nos cofres da municipalidade. Para isso, o legislativo da Capital aprovou a estranhísssima Lei nº 7.992/2010 que estabelece redução retroativa de alíquota do Imposto sobre Serviços (ISS). A matéria foi vetada pelo prefeito, mas o veto foi derrubado. Em 24 de setembro, houve a publicação do texto legal, que passou a valer.

Redução retroativa de imposto é um mecanismo nebuloso. A Lei 7.992/2010 institucionaliza quebra de contrato premiando a inadimplência. É privilégio inaceitável com o uso do dinheiro público.

Em alguns casos, empresas beneficiadas com a iniciativa da Câmara de Vitória podem reverter sua situação perante a Fazenda municipal, passando de devedoras a credoras - uma metamorfose fiscal de gritante imoralidade. À luz da decência, nada explica incentivo tributário a inadimplente. Assim, deixar de honrar compromissos fiscais pode virar negócio lucrativo - e também espúrio. Em consequência, passam a ser tratadas de otárias aquelas empresas que fizeram por onde - às vezes com muito esforço - se manter em dia com a fazenda municipal. É um deboche à legalidade. Iniciativas parecidas com essa foram tomadas pela Assembleia Legislativa entre o final dos anos 90 e o início da década seguinte, quando a lama da corrupção infiltrou-se na esfera pública estadual.

Registre-se que o projeto de lei (141/210) que deu origem à lei que beneficia o setor privado de saúde é de autoria do médico e vereador Dermival Galvão. Ele declarou que "não entende de números", ao ser questionado sobre a transformação de empresas devedoras em credoras. O referido parlamentar acumula experiência no envolvimento em escândalos. Tornou-se alvo de ação do Ministério estadual acusado de usar servidores do Legislativo, nomeados em seu gabinete, para fins particulares. Antes surgira a denúncia, também investigada pelo MPES, de que médicos da prefeitura à disposição da Câmara atuaram em projeto social criado pelo vereador.

Não se sabe de que mais pode ser capaz um colegiado que aprova uma lei como a 7.992/2010, cujos efeitos estão suspensos em função de liminar concedida pelo Tribunal de Justiça. Espera-se que mais esse escândalo sirva de advertência ao eleitor. Em 2012 tem eleição para vereador.

Fonte: A Gazeta - http://glo.bo/gwmarE

NANOCRACIA.

Aileda de Mattos Oliveira* (22/03/2011)


Os ocupantes de cargos nos governos petistas sequer se aproximam da sombra do modelo político que se deseja para o comando deste país e de suas instituições. Faltam-lhes seriedade, competência, probidade, brasilidade.

Se o Brasil tem uma nova fisionomia, isto se deve ao trabalho da parte laboriosa da sociedade, incansável, responsável, que contribui para o fortalecimento de sua economia, como uma máquina bem-azeitada, em perfeito funcionamento.

Poderia o Brasil estar em melhor situação, se os ávidos que assumiram o poder não transformassem o tesouro nacional em patrimônio particular e não liberassem gastos orgíacos aos favorecidos e não os consumissem, também, na fecunda criação de ministérios. Os tais cortes no orçamento são “tesouradas” certeiras nas instituições que incomodam o poder, por estarem, obedientes à Constituição, a serviço, unicamente, do Estado e não do governo, independente da cor política que o sustenta.

Se o país tem uma voz mais atuante, geopoliticamente, e isto é reconhecido até mesmo pelo farsesco presidente americano, mantém-se, no entanto, a tendência ao nanismo político, a pequenez empresarial, a servil dependência jornalística diante de presença estrangeira.

Deve-se à “nanocracia” (“governo de anões”) a voz do Brasil ter silenciado diante das manifestações de superioridade política e tecnológica dos cães de guarda de Obama, pondo em plano inferior, dentro de seu próprio limite territorial, as instituições de um país que se supunha soberano. Haja neologismos para qualificar o inqualificável!

Policiais, figuras decorativas, relegados a segundo plano no trabalho de segurança, entregue em mãos estrangeiras; ruas fechadas, estações do metrô interditadas, o Theatro Municipal considerado território americano, enquanto o demagogo do Norte fazia um tropical discurso ao gosto dos carnavalescos e alienados dirigentes do Estado e do Município do Rio de Janeiro; a imprensa revistada, mas quietinha, mudinha, silenciosamente complexada. Não berrou os seus direitos e não desobedeceu às ordens, como ocorre quando estas são emanadas de autoridades brasileiras.

Lembremo-nos do Morro do Alemão, quando o helicóptero daquele canal de televisão o sobrevoou antes de a polícia autorizar, alertando, com o seu pretenso “furo” de reportagem, os marginais que se escafederam.

Mas, a Brasília, centro do nanismo político, coube a maior representação do servilismo petista. Quem diria que D. Dilma se submetesse aos caprichos do símbolo do capitalismo, um dos adversários ideológicos de sua torpe doutrina marxista!

Se não chegaram ao cúmulo de tirar o chapéu para o Barack, fizeram melhor: tiraram os sapatos para os seguranças e para a segurança do afro-americano. É preciso, de imediato, dizer aos hóspedes que quem manda na casa que os hospeda, é o anfitrião. Faltou-lhe coragem para levantar aquele arrogante e insuportável dedo a quem fala língua estranha.

Que seja breve a fase nanocrática petista, antes que retrocedamos ao tempo da Sinhá Rousseff, já que os entraves do arcaísmo de esquerda atrofiarão o natural processo de desenvolvimento do país, impedindo-o de prosseguir na sua marcha em direção ao progresso real, sem manipulação estatística, sem deturpação de dados, sem manobras de baixa política. Que este último parágrafo surta o efeito de uma prece e seja ouvida e atendida.

(*) Professora universitária e membro da Academia Brasileira de Defesa. A opinião expressa é particular da autora.







TELEFONICA VAI INVESTIR R$ 24 BILHÕES NO PAÍS ATÉ 2014. "VIVA A PRIVATIZAÇÃO"

A Telefónica informou ontem que prevê investimentos de R$ 24,3 bilhões no Brasil até 2014. O presidente mundial do grupo espanhol, César Alierta, relatou o plano a Dilma Rousseff durante encontro no Palácio do Planalto. A quantia representa aumento de 52% nos investimentos em relação ao período de 2007 a 2010.


É preciso considerar, no entanto, que a empresa adquiriu, no ano passado, o controle da Vivo, maior operadora de telefonia móvel do país. O grosso dos investimentos será aplicado na modernização e na expansão das redes e na inovação de serviços na área de telefonia e banda larga, fixa e móvel, além de TV por assinatura (a empresa é sócia da TVA).

Comunicado da companhia não faz menção a uma eventual adesão ao Plano Nacional de Banda Larga, que pretende massificar a oferta de internet a preços populares. De acordo com o comunicado, a empresa investiu, nos 12 primeiros anos de atuação no Brasil (1998-2010), R$ 57,4 bilhões.

Fonte: A Folha de São Paulo

AUDITORIA DA CGU COMPROVA IRREGULARIDADES GRAVES NO CASO ERENICE.

A CGU (Controladoria-Geral da União) encerrou ontem as investigações de denúncias envolvendo a ex-ministra Erenice Guerra e familiares dela. Foram apontadas irregularidades "graves" em 3 dos 9 fatos investigados. Braço direito da presidente Dilma no governo Lula, Erenice deixou o ministério em setembro do ano passado, após a Folha revelar que ela tinha recebido um empresário que negociou contrato com firma de lobby de um filho dela. Não houve irregularidade nesse caso, segundo a CGU.


A controladoria considerou, porém, que a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) beneficiou a empresa de telefonia Unicel ao conceder a ela uma faixa de frequência em condições privilegiadas e recomendou que a agência suspenda imediatamente a outorga. A Unicel era dirigida à época pelo marido da então ministra Erenice. A CGU recomenda à Anatel que abra processo para investigar os responsáveis por terem beneficiado a empresa e não apontou culpados.

A controladoria também apontou "irregularidade grave" num convênio entre o Ministério das Cidades e a Fundação Universidade de Brasília que causou prejuízo de R$ 2,1 milhões aos cofres públicos. Segundo a CGU, o trabalho não foi entregue. José Euricélio, irmão de Erenice, era coordenador-executivo de projetos na editora da UnB.

A CGU também apontou problemas graves na contratação pelos Correios da empresa aérea MTA Linhas Aéreas em contratos que somavam R$ 59,8 milhões. Erenice não foi encontrada para comentar o caso.

Fonte: A Folha de São Paulo

SENADORA DIZ QUE STF CONDENOU O POVO.

A senadora Marinor Brito (PSOL-PA), que deve perder a vaga, criticou Luiz Fux pela decisão. "O Supremo não pode virar as costas para o povo. Eu lamento a postura do ministro Fux. Não é possível que o STF condene o povo do Pará a uma representação da "qualidade" [de Barbalho]", afirmou.


Já Janete e João Capiberibe (PSB-AP), que poderão assumir cadeiras na Câmara e no Senado, comemoraram. "Lutamos contra tudo e contra todos", disse Janete.



TÁ TUDO LIBERADO, FICHA LIMPA SÓ EU 2012. SERÁ?

Por 6 votos a 5, o Supremo Tribunal Federal anulou ontem os efeitos da Lei da Ficha Limpa nas eleições de 2010. Com a decisão, os políticos barrados pela Justiça Eleitoral em 2010 que tiveram votos suficientes para se eleger poderão assumir suas vagas. Entre os beneficiados com a decisão estão Jader Barbalho (PMDB-PA), Cássio Cunha Lima (PSDB-PBO), João Capiberibe (PSB-AP), Marcelo Miranda (PMDB-TO), eleitos para o Senado, e Janete Capiberibe (PSB-AP), eleita para a Câmara.


Apenas no Supremo são 30 recursos de políticos barrados que serão analisados. Prevaleceu a tese de que qualquer mudança no processo eleitoral deve respeitar o princípio da anualidade, ou seja, ela precisa ser aprovada um ano antes do pleito.

Com a decisão de ontem, a Lei da Ficha Limpa será aplicada a partir das eleições de 2012, mas ministros ouvidos pela Folha não descartam que questionamentos sobre outros pontos da lei possam surgir e limitar seus efeitos. Estão em aberto pontos como, por exemplo, se é legal a determinação que torna inelegível candidato cassado pela Justiça Eleitoral ou em condenações por improbidade administrativa.

Fonte: A Folha de São Paulo

TEMER QUER MAIS CARGOS PARA O PMDB.

Em festa do PMDB, Temer cobra cargos no governo federal


Em ato de comemoração pelos 45 anos do PMDB anteontem à noite, o vice-presidente Michel Temer afirmou que o partido foi eleito e, por isso, tem direito a cargos no governo. Temer chegou a propor que daqui a quatro anos os peemedebistas "lançassem candidatos, fossem eleitos e, depois, dissessem que não iam indicar ninguém".

"Estamos no direito de ocupar cargos, sem fisiologismo", disse Temer. O líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), lembrou da votação do salário mínimo, quando o partido votou totalmente unido a favor do governo.

Ele afirmou que pretende repetir a unidade em outras votações, "não importa se contra ou a favor do governo". "Não era interesse menor por cargos ou vantagens, era para a opinião pública", afirmou Eduardo Alves.

Fonte: A Folha de São Paulo

quarta-feira, 23 de março de 2011

A MATRIARCA.( By Marco Sobreira )

Uma belíssima lua cheia clareava minha pequena cidade numa madrugada do outono de 1987, o céu é muito mais bonito no interior. Ouvi ao longe a zoada de um carro e logo imaginei que a julgar pelo adiantado das horas, alguém viria bater à minha porta.

-Boa noite Dr Marco,
-Boa noite, respondi ao jovem que acabara de estacionar uma velha Kombi em frente à minha casa,
-Minha avó está muito mal e vim para ver se o Sr poderia ir vê-la,
-Onde mora? Indaguei,
-Lá no alto da serra do bebedouro, o carro só vai até em baixo, temos que subir a cavalo, mas não se preocupe, tenho dois animais mansos nos esperando e depois trago o Sr de volta, não se preocupe,

Enquanto preparava minha maleta de primeiros-socorros, procurei me informar o que estava acontecendo, até para saber quais medicamentos levaria.
-Ela está com muita falta de ar e o pessoal está achando que não amanhece o dia.
Pensei comigo, nada animador.
Maleta preparada, aparelho de pressão, seringas, medicamentos, entrei na Kombi e um pensamento me veio à mente, seja o que Deus quiser.

No caminho fiquei sabendo que Dona Agostinha tinha 75 anos, descendente de italianos, era a matriarca de uma grande família, tinha um gênio forte e não gostava de médicos. Estrada de chão, após uns 30 minutos de solavancos chegamos ao fim da estrada, pude então avistar os dois animais selados nos esperando, vigiados por um menino que ficou ali tomando conta da nossa condução.

-Dr, vá na mula que é mansinha, já andou alguma vez a cavalo?
-Claro que sim, vamos logo, pelo que você me relatou não podemos perder tempo, disse me acomodando na sela do animal.
Assim o fizemos e vinte minutos depois, após passarmos no meio de uma pequena mata, chegamos a um descampado e pude ver ao longe uma casa deixando passar pelas janelas pequena quantidade de luz que imaginei ser de lampiões.
Ao nos aproximar, cachorrada latindo, quebrando o silêncio da madrugada, o luar me permitiu observar melhor a casa, tratava-se de uma construção típica de nosso interior, esteios, barrotes e escada de madeira dava para uma pequena varanda, uma fumaça branca saía do chaminé denunciando que o fogão a lenha estava aceso.

Dez a quinze pessoas estavam conversando do lado de fora, “fazendo o termo” como se diz por aqui, ou seja, esperando a morte da velha matriarca. Depois dos cumprimentos de praxe, apressei-me em entrar e fui direto ao quarto. Tenho esta cena na memória como se fosse o ocorrido, ontem, Recostada numa velha cama de madeira, cercada de mulheres que a abanavam, estava a Dona Agostinha, pequena, magra, cabelos brancos como neve, me olhou com um pedido de socorro impossível de esquecer. Faltava-lhe o ar, o peito arfava, a pele acinzentada denotava sofrimento, um fio de secreção lhe escapava pelo canto da boca.

Numa pequena inspeção notei as pernas inchadas e o abdômen ligeiramente volumoso, as veias do pescoço pareciam querer explodir. Percebi de imediato que a minha paciente estava à beira de um edema agudo de pulmão.
Afastei as mulheres, mandei abrir todas as janelas e portas, sentei a paciente, mandei dobrar bem as pernas na tentativa de diminuir o volume circulante, constatei que a pressão arterial estava 220x130, uma ausculta confirmou minhas suspeitas, o coração acelerado, batia de forma irregular e o pulmão encharcado confirmava minhas suspeitas, o caso era grave.

Puncionei sem dificuldades uma veia, apliquei o que tinha disponível, três ampolas de lasix, cedilanide, aminofilina diluída em água destilada lentamente, observando o ritmo do coração e pedindo a Deus para que uma arritmia mais grave não ocorresse. Após uns quinze minutos começou a respirar um pouco melhor, a pressão arterial tinha começado a diminuir, o pulmão já expandia melhor, fiquei esperançoso.

Durante duas horas estive com ela, mais duas ampolas de lasix e uma de cedilanide foram necessários e finalmente com a pressão em 160x100, ainda um pouco cansada, cor mais rosada demonstrando boa oxigenação, chamei a filha mais velha pedi que reunisse a família que eu iria conversar com todos.
Juntaram-se na sala, alegres, e lhes falei,

-Apesar de Dona Agostinha apresentar uma melhora, o caso é grave, ela tem uma insuficiência cardíaca descompensada e com a crise hipertensiva desenvolveu um edema agudo de pulmão, seguramente se chegássemos um pouco mais tarde ela teria falecido, esteve realmente muito perto da morte. Tudo que podia fazer aqui já foi feito, portanto vou deixar uma receita, se ela permanecer bem volto amanhã para vê-la, mas se voltar a piorar, mesmo contra sua vontade, levem-na para a Santa Casa de Cachoeiro.
Abraços agradecidos, café quente com broa de milho, me despedi. Dia clareando, brisa da manhã no rosto, feliz da vida.

Dona Agostinha foi minha paciente por mais seis anos, neste período tive que voltar algumas vezes, faleceu de edema agudo de pulmão num dia que ao chegar encontrei-a morta, nunca quis ir ao hospital, como me disse por diversas vezes, queria morrer eu sua cama cercada dos filhos, netos e bisnetos. Tornei-me amigo e medico de toda família, sempre que vejo quadro semelhante, sua imagem me vem à lembrança.