quarta-feira, 20 de abril de 2011

O ESTADISTA E O OPORTUNISTA.(By Marco Sobreira)

Para entender como ocorreu a melhoria de renda das chamadas classe C e D, inclusive com uma nova classe média emergente, fazendo com que economistas e empresários dediquem estudos e produtos para o consumo deste segmento, temos que entender principalmente qual foi a grande causa do aumento da desigualdade e o empobrecimento dessa parcela da população. Não tenho a menor dúvida que a partir da metade do século XX , esse grande fator chama-se inflação. Façamos um retrospecto, de 1958 a 1964 a inflação passou de 20 a 80% ao ano por dois motivos principais. O primeiro o excesso dos gastos públicos no Governo JK e o agravamento da crise política que levou ao golpe de 64. De 1964 a 1973, devido a um bom momento da economia mundial e a um programa bem sucedido de estabilização pelos Militares, a inflação declinou a 15% ao ano, voltando a patamares de até 100% ao ano, entre 1974 e 1979, principalmente pela primeira grande crise do petróleo que atinge o Brasil em cheio, pois estava praticamente sem produção do ouro negro e também pela teimosia em querer fazer o País manter o ritmo de crescimento, com aumento significativo da dívida externa. O segundo choque do petróleo e um choque dos juros pega o Brasil muito endividado, inclusive decretando a moratória da dívida externa e faz com que a inflação ultrapasse a 200% ao ano, no período que vai de 1980 a 1985. A partir de 1986 até 1994, o que se viu foi uma sucessão de planos econômicos heterodoxos, baseados principalmente em congelamento de preços que elevaram a inflação a imagináveis mais de 1000 %/ano. Quem viveu o período, deve lembrar muito bem que o pão nosso de cada dia, mudava de preço diariamente, chegando a custar um preço pela manhã e outro à tarde. Muita gente fez fortunas nesse período, ganhava-se aplicando no overnight e todo tipo de aplicação financeira, mas os pobres e os assalariados viam seu dinheiro desaparecer diariamente, aumentando ainda mais a nossa desigualdade social.


Devido a corrida inflacionária, tivemos entre 1967 a 1993, seis moedas, a saber: Cruzeiro Novo, Cruzeiro, Cruzado, Cruzado Novo, Cruzeiro e Cruzeiro Novo. O total da inflação nesse período foi de 1.1 quatrilhão por cento, inflação de 16 dígitos , um IGP-DI de 1.142.332.741.811.850%. Foi neste ambiente que em 1993, o então Presidente Itamar Franco, convoca Fernando Henrique Cardoso, sociólogo, então Ministro de Relações Exteriores para assumir o Ministério da Fazenda com o compromisso de acabar ou pelo menos diminuir a inflação .Em agosto de 1993 o Ministro transformou o Cruzeiro em Cruzeiro Real para ajuste de valores. Em janeiro de 1994, com inflação de 42,19%, o Presidente Itamar Franco, responsável pela criação do Plano Real,determinou que os trabalhos se dessem de maneira irrestrita e com máxima extensão necessária a seu êxito.

Lançado oficialmente em 27 de fevereiro de 1994, com a Medida Provisória 434, instituía a URV (Unidade Real de Valor ) que estabeleceu regras de conversão e valores monetários, desindexando a economia e determinou a criação de uma nova moeda, o Real. Em 1º de março de 94, passou a vigorar a Medida Provisória nº 10, crindo o FSE ( Fundo Social de Emergência ) considerado essencial para o êxito do plano. A emenda produziu a desvinculação de verbas do orçamento da União, direcionando os recursos para o fundo, que daria ao governo margem para remanejar e/ou cortar gastos supérfluos. Os gastos do governo contribuíam grandemente para a hiperinflação, uma vez que a máquina do Estado brasileiro era grande, dispendiosa e ávida por mais gastos. Poucas horas antes, o Ministro FHC foi à televisão e, em pronunciamento oficial em rede nacional, deu um ultimato ao Congresso Nacional para que aprovasse a emenda à Constituição Federal.[6]

Em 1º de julho de 1994 houve a culminância do programa de estabilização, com o lançamento da nova moeda, o Real (R$). Toda a base monetária brasileira foi trocada de acordo com a paridade legalmente estabelecida: CR$2.750,00 para cada R$1,00.[7] A inflação acumulada até julho foi de 815,60%, e a primeira inflação registrada sob efeito da nova moeda foi de 6,08%, mínima recorde em muitos anos. O Plano Real foi um programa definitivo de combate a hiperinflação implantado em 3 etapas,[8] a saber:

1 - Período de equilíbrio das contas públicas, com redução de despesas e aumento de receitas, e isto teria ocorrido nos anos de 1993 e 1994;

2 - Criação da URV para preservar o poder de compra da massa salarial, evitando medidas de choque como confisco de poupança e quebra de contratos;

3 - Lançamento do padrão monetário de nome Real, utilizado até os dias atuais.

Após a implantação do plano, durante mais de seis anos, uma grande sequência de reformas estruturais e de gestão pública foram implantandas para dar sustentação a estabilidade econômica, entre elas destacam-se: Privatização de vários setores estatais, o Proer, a criação de agências reguladoras, a Lei de Responsabilidade Fiscal, a liquidação ou venda da maioria dos bancos pertencentes aos governos dos estados, a total renegociação das dívidas de estados e municípios com critérios rigorosos (dívida pública), maior abertura comercial com o exterior, entre outras.

A conclusão é que sem dúvidas, a inflação é a grande responsável pela concentração e de desigualdades no Brasil a partir dos anos 50 do século passado.Além de ser uma espécie de imposto para os pobres, dificulta a organização da vida das pessoas e empresas, tornando o futuro uma incógnita. Pela dificudade de se memorizar os preços, em período hiperinflacionário, os maus intencionados e pilantras se aproveitam para enganar e se aproveitar, tornando o problema mais cruel ainda.

Finalizando, a verdade é que o Plano Real foi o grande divisor de águas, o grande projeto que possibilitou o crescimento, a estabilização e a melhoría de vida de todos os brasileiros, principalmente os das classes menos favorecidas. O mérito do Presidente Lula foi permanecer no rumo traçado por FHC e naturalmente com uma situação economica mundial favorável pode ampliar os programas sociais do seu antecessor. É justo lembrar aqui, que Lula e o PT foram fortes opositores do plano. O Presidente devería ser grato e reconhecer as bases implantadas, mas sua arrogância, sua vocação narcisista e seu egoísmo o impede e, aproveitando a popularidade conseguida em parte pelos benefícios a longo prazo do Plano real, vangloria –se como se tudo tivesse começado no seu mandato. Fernando Henrique está coberto de razão e não deve mesmo, temer a comparação proposta insistentemente entre os dois governos ou os dois Presidentes. Trata-se de comparar um ESTADISTA com um OPORTUNISTA POPULISTA.

5 comentários:

  1. Concordo que o lula foi oportunista em aproveitar esse populismo para fazer o que quiser com as eleições de 2010.
    Mas presta atenção, pesquisa um pouco antes de falar...
    http://www.youtube.com/watch?v=jNG9LwjshJ8
    Na elaboração do plano real o ministro era o Ciro Gomes...
    Assiste o video, declaração de Itamar Franco... as coisas se esclarecem... FHC é só mais um... não é nenhum deus milagroso da economia... Assim como o lula também não é.

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  2. Oi amigo. FELIZ PÁSCOA A VOCÊ E FAMÍLIA!. Todo petista enrustido deveria ler este post. Se algum perturbá-lo, envia para ele aprender. Web-Curso de História verdadeira do Brasil. rsss. Abs. opcao_zili.

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  3. Vc fez um ótimo histórico. Facilita acompanhar a evolução da economia.
    O ruim é que pelo histórico, dça pra ver que os fatores que desencadearam a hiperinflação estão de volta, o que projeta um futuro no mínimo cinzento.
    Como se vê, o oportunista tanto fez que acabará por destruir o melhor plano econômico que já houve.

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  4. Caro Marco SObreira!!! Obrigada por trazer à tona os feitos tão ousados e significattivos implementados no Brasil pela figura grandiosa do estadista FHC. Para muitos, felizmente, FHC foi o melhor Presidente que este País já teve em toda a nossa história. Pena que já destruíram muita coisa que ele, com as pedras que o PT atirava como oposição, conseguiu realizar. Parabéns Marco, você expressou o que muitos de nós pensamos!! Não podemos deixar que os feitos de FHC sejam esquecidos!!
    Sonia M.M.Pacheco

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  5. Sim, e será que os brasileiros já sabem que Lula tem sócios gigantes entre alguns chefes de estado em outros países muiiito pobres e ainda explorando os mesmos???
    Defensor dos pobres??? Que nada, OPORTUNISTA MESMO!

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