domingo, 24 de julho de 2011

A UNE NÃO É MAIS AQUELA.

Nos últimos dias de seu governo, o presidente Lula autorizou o pagamento de R$ 44,6 milhões para a União Nacional dos Estudantes, sendo que R$ 30 milhões já foram depositados em dezembro passado e o restante foi incluído no orçamento deste ano. A fortuna seria uma reparação por danos causados à entidade pelo regime militar. A Lei da Anistia só permite reparações de caráter pessoal a familiares e vítimas da repressão, mas Lula deu um jeito de aprovar no Congresso uma lei que possibilitasse a doação. A quantia será utilizada para a nova sede da entidade, um prédio de 13 andares no Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro.

Dias atrás, a UNE realizou um congresso em Goiânia, que contou com patrocínio da Petrobras e de cinco ministérios, entre eles os da Educação e Saúde. A conclusão é óbvia: a entidade estudantil foi cooptada pelo lulismo, como ocorreu com tantos outros movimentos sociais que viraram chapa-branca e ajudaram a minguar a oposição e o espírito crítico no Brasil. Essa anestesia geral talvez esteja entre as piores heranças deixadas pelo ex-presidente no campo político.

Não é de se estranhar que, diante de tantos agrados oficiais, a UNE, outrora tão combativa, tenha se omitido, por exemplo, diante de erros cometidos no Enem, o Exame Nacional do Ensino Médio, utilizado nos vestibulares para o ensino superior. Também não há protestos contra alianças fisiológicas com partidos "de direita" ou contra os inúmeros escândalos de corrupção.

A UNE teve atuação histórica contra a ditadura militar de 64, combateu o Estado Novo nos anos 30 e defendeu o apoio aos aliados contra o nazismo, na Segunda Guerra. Essa UNE, infelizmente, não é mais a mesma. O que vemos agora é uma agremiação seduzida pelo poder, que parece ter perdido a representatividade e a rebeldia própria da juventude.


Eu digo que...
"Essa é uma afirmação muito equivocada. A UNE sempre contou com apoio público para realizar suas atividades", Augusto Chagas, presidente da UNE


"Não vejo quais são as bandeiras, não vejo mais passeatas, acho que há um certo marasmo no movimento, Fernando Gusmão, ex-presidente da UNE


Fonte: A Gazeta

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