terça-feira, 5 de julho de 2011

NOVO ESCÂNDALO NO GOVERNO.

A incumbência dada por Dilma Rousseff a Alfredo Nascimento para que ele conduza as investigações sobre denúncias de grossa corrupção no Ministério dos Transportes é o pior encaminhamento, sob todos os aspectos, que poderia ser dado ao caso.

As acusações são muito graves. Segundo reportagem publicada pela revista Veja, trata-se de um esquema de cobrança de propina que funcionava na cúpula do Ministério dos Transportes. Estariam sendo exigidos 4% das empreiteiras e 5% das empresas de consultoria que elaboram os projetos de obras em rodovias e ferrovias. A garantia aos extorquidos era de que eles venceriam as licitações. Tais práticas obviamente implicariam superfaturamento de contratos.

É de estremecer qualquer órgão público esse tipo de denúncia. À presidente Dilma não restou outra providência a não ser exigir o afastamento imediato dos servidores supostamente envolvidos: o chefe do gabinete do ministro; o assessor do gabinete do ministro; o diretor-geral do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura dos Transportes); e o diretor-presidente da Valec (Engenharia, Construções e Ferrovias S.A.). Mas o ministro permanece no cargo - o que é surpreendente e muito inconveniente para ele próprio e para o governo.

Não se deve prejulgar o ministro nem os demais envolvidos, mas não há dúvida de que as investigações ganhariam maior credibilidade se não fossem comandadas por um dos suspeitos, qualquer que seja. Há uma proximidade funcional muito grande entre ministro, chefe de gabinete e dirigentes dos órgãos vitais do ministério. Imagina-se que seria muito pequena a probabilidade de o dirigente máximo da pasta desconhecer possíveis irregularidades. Se ele as conhecia, havia uma situação absurda. Essas questões criam o imperativo ético do afastamento de Alfredo Nascimento até que tudo seja apurado.

Talvez esteja nas prerrogativas da conveniência política entre o Palácio do Planalto e os partidos aliados a razão que levou Dilma a blindar o ministro, pelo menos momentaneamente. Por certo, a presidente procura evitar tensão com o PR, partido de Alfredo Nascimento. Mas é claro que o PR poderá continuar a comandar a Pasta dos Transportes - única que lhe coube no fatiamento do governo - com outro nome, em caso de substituição de Nascimento.

É temerário manter um ministro fragilizado. Implica grande desgaste para o governo. Que, aliás, já deve estar mobilizando sua base de apoio no Congresso para evitar a convocação de uma CPI que investigaria possível corrupção no ministério que está à frente do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). É vergonhoso.

Se a lição do caso Antonio Palocci foi bem aprendida pelo Palácio do Planalto, Nascimento deverá deixar o ministério antes que o atual escândalo atinja proporção semelhante ao verificado na Casa Civil.

Fonte: A Gazeta

Um comentário:

  1. A meu ver o escândalo já atingiu a patamares muito elevados e com certeza o que impediu até o presente momento a demissão sumária do Ministro, é o fato do mesmo ser o presidente do PR.
    Agora,não tenho dúvidas de que no mínimo, ele conhecia as irregularidades pratcadas por seus assessores diretos.
    Sendo assim, não deixa de ter culpa, pois se não pecou por ação, pecou por omissão, o que também justificaria sua demissão.
    Por questões éticas, penso que o Ministro deveria afastar-se do cargo voluntáriamente e assim evitaria o desconforto e dfesgaste do Governo Dilma, onde também existem outros ministros com a pulga atrás das orelhas.
    Meu prezado Dr Marcos, nunca antes na história desse país, se viu um governo como esse do PT
    mergulhado em tantos escandalos de corrupção, envolvendo tanta gente grauda hein !!!

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