Editorial - Séculodiário
O protesto dessa quarta-feira (11) deixou patente que o governo do Estado não está interessado em construir um canal de diálogo com os movimentos sociais. Como testemunhou a reportagem de Século Diário, a polícia, mais uma vez, agiu com truculência e autoritarismo para intimidar os manifestantes e tirá-los de uma vez por todas das ruas.
Se a justificativa da PM para detonar bombas de gás a torto e a direito e “brincar” de paintballcom alvos humanos tem sido coibir a ação de “vândalos”, na oitava edição do movimento “Não é por 20 centavos, é por direitos ES” não houve sequer um ato de violência por parte dos manifestantes, que estavam num clima pacífico.
O que se viu foi o salutar direito de protestar sendo exercido pelos manifestantes, prática que, aliás, deveria ser tolerada por governos que se denominam democráticos.
Desde a partida do Diário Oficial até a Rede Gazeta, local de concentração do protesto, não houve uma única ocorrência. O clima era tão tranquilo que a polícia, sem tem o que fazer, monitorava a manifestação à distância.
Esse clima de paz que parecia envolver o protesto, no entanto, não passava de ilusão. Depois do ato em frente ao prédio da Gazeta, os manifestantes, no mesmo clima de descontração, decidiram rumar para o Centro de Convenções Vitória, onde o governador Renato Casagrande estaria participando de um evento.
Os manifestantes, porém, foram surpreendidos por uma verdadeira emboscada. Quando dobraram a Avenida Joubert de Barros (onde fica o Hospital da Polícia Militar) foram encurralados pela polícia, que estava esperando os manifestantes para iniciar a sessão de terror.
Como até então não havia registros de violência no protesto, a imposição da polícia de submeter os manifestantes a uma revista pente-fino foi descabida. Só há uma explicação para uma ação tão desproporcional: o objetivo da polícia era intimidar os manifestantes. Tanto que antes do início da revista, o oficial que comandava a operação alertou que qualquer objeto considerado suspeito poderia resultar em prisão.
À reportagem de Século Diário, que tentou apurar os motivos das prisões, um policial respondeu que as imagens serviriam como provas. Um critério pra lá de duvidoso quando se sabe que a estratégia do Secretário de Segurança Pública, André Garcia, é criminalizar os movimentos.
A ação da polícia, na verdade, foi uma detenção para averiguar a céu aberto quem era ou não suspeito. A polícia fez na rua o que geralmente se faz numa delegacia. Naquele momento, todos os manifestantes que permaneciam sentados no asfalto estavam de fato detidos, expostos a uma situação vexatória.
Para a polícia, o procedimento foi padrão. Tudo normal, Esse tipo de geral na rua é comum, só mudaram o perfil dos revistados. Havia mais pessoas brancas e aparentemente de classe média. Até a equipe de Século Diário, que estava cobrindo o protesto, foi submetida à batida. A identificação da jornalista Flávia Bernardes não a poupou de “pagar geral” no meio rua, assim como o fotógrafo Syã Fonseca.
Afinal, para a polícia, essa cena de “pagar geral” se repete todos os dias nas periferias, onde pobres e negros são comumente abordados sem nenhuma justificativa plausível. Simplesmente a cor da pele e as posses materiais definem quem é ou não suspeito. O que a polícia faz é criminalizar grupos sociais. A mesma lógica do pré-conceito vale agora para os manifestantes. Para ser suspeito, via de regra, basta ser jovem e estar nas ruas em dia de protesto.
Essa pouca vergonha está generalizada no país todo ... manifestantes agora são criminosos e podem ser presos até com provas ilegais ou acusações infundadas ... tudo isso para abafar o grito das massas e intimidar as lideranças emergentes que podem destruir os planos para a reeleição da Dilma e demais governantes ... o povo brasileiro precisa demonstrar maturidade e ter a coragem de lutar para mudar o curso da história desse país.
ResponderExcluir@DRLUIZAUGUSTO_