sexta-feira, 6 de setembro de 2013

BRASILEIROS USAM LUZ PARA EXTERMINAR MOSQUITOS DA DENGUE



Técnica desenvolvida por pesquisadores da USP de São Carlos usa terapia fotodinâmica para tornar pernilongos estéreis

O inseto alterado em laboratório compete com o macho selvagem para procriar mosquitos incapazes de transmitir a dengue
Pesquisadores brasileiros buscam forma de exterminar o pernilongo transmissor da dengue sem causar danos ao meio ambiente (James Gathany/PHILL, CDC)
Preocupados em eliminar o mosquito da dengue de uma forma não prejudicial ao meio ambiente — ao contrário dos larvicidas usados para o extermínio do mosquito, que contaminam o ambiente —, uma equipe de pesquisadores da USP de São Carlos resolveu testar um novo método para solucionar o problema: a terapia fotodinâmica. O projeto, de autoria da mestranda em biotecnologia Larissa Marila de Souza, tem como objetivo impedir a proliferação do pernilongo transmissor da doença, o Aedes aegypti, usando diferentes fontes de luz, como o sol ou lâmpadas fluorescentes.
Para testar a hipótese de que a terapia fotodinâmica, até então usada apenas no tratamento de lesões malignas e no controle microbiológico, funcionaria também nos mosquitos, Larissa mergulhou larvas do pernilongo em uma solução com uma droga fotossensibilizadora, ou seja, cujo comportamento e ativação são controlados por meio da luz. Depois disso, ela expôs as larvas a diferentes tipos de iluminação, e os resultados foram significativos: na exposição à luz solar e às lâmpadas fluorescentes, a mortalidade foi de 90% das larvas. Na exposição aos LEDs, essa porcentagem caiu e ficou entre 70 e 80%. 
Esterilização — Os cientistas realizaram também experimentos com pernilongos da dengue adultos, e os resultados se mostraram tão promissores quanto os dos testes feitos somente com larvas. Após alimentar os mosquitos adultos com a droga fotossensibilizadora (dissolvida em uma mistura de sangue de carneiro e açúcar, para atrair os animais), os pesquisadores perceberam que os ovos resultantes do acasalamento entre esses mosquitos não eclodiram. Em outras palavras, os pernilongos passaram a ser incapazes de se reproduzir de maneira correta. 
“Ainda precisamos fazer mais experimentos para saber, com certeza, se a não eclosão dos ovos está relacionada à presença do fotossensibilizador no organismo”, explica Larissa. 
A orientadora do projeto, Natália Mayumi Inada, conta que agora a equipe está testando a eficácia de outras substâncias químicas fotossensibilizadoras. Entre elas, estão a clorina, capaz de matar fungos e bactérias, e a curcumina, produzida a partir das raízes do açafrão. 
Fonte Revista Veja

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