segunda-feira, 4 de julho de 2011

MINISTRO DO TRANSPORTE A UM PASSO DA QUEDA.

Alfredo Nascimento ficou vulnerável após as denúncias de corrupção na pasta que comanda

O afastamento da cúpula do Ministério dos Transportes por suspeita de corrupção pela presidente Dilma Rousseff no final de semana deixou o ministro Alfredo Nascimento em posição insustentável no comando da pasta, na avaliação de aliados do Palácio do Planalto no Congresso.

A queda do ministro é esperada em breve pelos governistas e a oposição avalia a apresentação de um pedido de criação de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre o caso.
Ministro Alfredo Nascimento

Dilma não deu chance ou prazo para explicações ao ministro Alfredo Nascimento

Propina e superfaturamento

- A reportagem de Veja relata que representantes do PR, partido ao qual pertence a maior parte da cúpula do ministério dos Transportes, funcionários da pasta e de órgãos vinculados teriam montado um esquema de superfaturamento de obras e recebimento de propina por meio de empreiteiras.

- Segundo a revista, em reunião com o ministro na semana passada, a presidente Dilma teria classificado como "abusiva" a elevação do orçamento de obras em ferrovias federais. Ainda de acordo com a reportagem, o orçamento passou de R$ 11,9 bilhões, em março de 2010, para R$ 16,4 bilhões em junho deste ano. O aumento no orçamento de obras da pasta teria sido de 38% em pouco mais de um ano.


A rapidez com que Dilma atuou no episódio levantou ressentimentos na base. Parlamentares aliados previam, ontem, dificuldades futuras para a presidente na relação com os partidos que a apoiam no Legislativo. Eles sustentam que a presidente humilhou o PR, que comanda o Ministério dos Transportes, e fragilizou a confiança com a base pela forma com que agiu.

RevistaDilma anunciou o afastamento assim que a revista Veja começou a circular com a denúncia sobre um esquema de cobrança de propinas na pasta, na manhã do último sábado, sem dar chance ou prazo para explicações ao ministro Alfredo Nascimento. Esses fatos, avaliam governistas, revelam que Dilma já pretendia fazer mudanças no ministério e aproveitou a oportunidade.

Nos bastidores, as desconfianças com a presidente vão além. Setores da base afirmam não ter dúvidas de que as informações sobre o suposto esquema foram passadas à revista por integrantes do próprio governo.

A reportagem revela o funcionamento de um esquema montado nos Transportes baseado na cobrança de propinas de 4% das empreiteiras e de 5% das empresas de consultoria que elaboram os projetos de obras em rodovias e ferrovias.

Foram afastados o diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Luiz Antônio Pagot, o presidente da Valec Engenharia, José Francisco das Neves, o chefe de gabinete do ministério, Mauro Barbosa Silva, e o assessor Luís Tito Bonvini. Ao mesmo tempo em que aplaudiu a atitude de Dilma, a oposição quer mais investigações. (Agência Estado)

"Ninguém fala em contrato pelo PR"
O secretário-geral do PR, Valdemar Costa Neto (SP), divulgou nota afirmando que o partido apoia as investigações abertas pelo governo sobre denúncias de irregularidades em contratos e realizações de obras supervisionadas pelo Departamento Nacional de Infraestrutura dos Transportes (Dnit), órgão do Ministério dos Transportes e comandado por Alfredo Nascimento, do PR.

Valdemar disse que "ninguém está autorizado a discutir qualquer contrato público, em nenhum lugar, em nome do Partido da República. Portanto, caso haja esta ocorrência, tal conduta é criminosa e não diz respeito ao PR".

"A Executiva Nacional do PR apoia a decisão que instaurou sindicância para, no menor prazo possível, ficar provada a inocência dos republicanos afastados, lhes garantindo pleno direito de defesa", diz a nota.

O próprio Valdemar é ligado ao diretor-presidente da Valec, José Francisco das Neves, um dos afastados por Dilma. Já o senador Blairo Maggi (PR-MT) é ligado ao diretor-geral do Dnit, Luís Antônio Pagot. (Agência Globo)

Magno defende investigaçãoMariana Montenegro

Presidente regional do PR e líder do partido no Senado, Magno Malta defendeu investigação no Ministério dos Transportes. Segundo reportagem da revista Veja, representantes do PR, partido que comanda a pasta, funcionários do ministério e de órgãos vinculados montaram um esquema de superfaturamento de obras e recebimento de propina por empreiteiras.

"Se há crime, tem que responder pelo crime que cometeu. O coração do homem é terra que ninguém conhece. Há que se avaliar e investigar tudo", afirmou o senador por meio de sua assessoria de imprensa.

Ainda segundo a assessoria, entre hoje e amanhã Magno realizará uma reunião da bancada do partido, com cinco senadores, para debater o assunto e "responder de forma contundente e verdadeira para a população brasileira".

O superintendente do Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes no Estado (DNIT), Halpher Luiggi, foi procurado pela reportagem, mas não retornou aos chamados. Segundo assessoria, ele foi orientado a não comentar o assunto pela direção nacional. Recentemente, o DNIT anunciou a duplicação da BR 262 e a construção de oito viadutos nos próximos anos.

Oposição quer explicação sobre contrato
Um outro problema atormenta o governo. Parlamentares da oposição vão pedir ao senador Eunício Oliveira (PMDB-CE) que esclareça os motivos pelos quais sua empresa, a Manchester Serviços Ltda., foi dispensada da licitação em contratos com a Petrobrás que somam R$ 57 milhões. O líder do DEM, senador Demóstenes Torres (GO), informa que, se as explicações não forem convincentes, o partido pedirá ao Ministério Público que analise a "regularidade" dessas contratações.

Nenhum comentário:

Postar um comentário