Que há um heroi nessa história, não há dúvida: o diplomata Eduardo Saboia honrou as melhores tradições do Itamaraty e da política externa brasileira ao retirar o senador boliviano Roger Pinto, asilado político, do insalubre confinamento a que tinha sido relegado pelo nosso Governo por 455 dias. Que o Governo brasileiro agiu como comparsa das autoridades bolivianas que perseguiam o asilado político, também não há dúvida: as ordens para que a vítima não pudesse sequer tomar banho de sol partiram de dirigentes brasileiros, não dos bolivianos.
Tirando essas duas constatações, só há dúvidas. A história de que o principal adversário político do presidente Evo Morales saiu da Embaixada brasileira em La Paz na companhia de um diplomata e dois fuzileiros navais, rodou 1.600 km e chegou a Corumbá, MS, sem ser incomodado, não se sustenta. Imaginemos a cena: um diplomata determina a dois fuzileiros navais que o acompanhem numa viagem ao Brasil e os dois sequer comunicam a saída a seus chefes. Os carros são parados em vários postos rodoviários bolivianos e ninguém reconhece o passageiro, um político famoso, que vivia aparecendo na TV e nos jornais; e ninguém acha estranho que dois carros com chapa diplomática transportem fuzileiros navais. Passam a fronteira numa boa, sem identificação. E só em Corumbá, depois que telefonam às autoridades, é que o Governo descobre que fugiram.
Saboia diz que o Governo boliviano já havia indicado que não se oporia a uma fuga desse tipo.
Pelo jeito, quem se opunha era Dilma. Ou não.
Nas sombras, a luz
Saboia é herdeiro da boa imagem do Itamaraty em Direitos Humanos. Na Alemanha nazista, dois funcionários diplomáticos brasileiros, Aracy, O Anjo de Hamburgo, e seu marido, o cônsul (e grande escritor) Guimarães Rosa desobedeceram às ordens do Governo brasileiro e deram vistos a judeus perseguidos pelos nazistas.
Na mesma época, o Governo brasileiro prendia e entregava à Alemanha a esposa do líder comunista Luiz Carlos Prestes, Olga Benário. Lá foi fuzilada.
Nas sombras, as sombras
O chanceler Antônio Patriota levou a culpa sabe-se lá do que, e foi punido com a perda do cargo e a nomeação para a ONU, em Nova York. Ou seja, não houve punição: ganhou um belo posto e só perdeu o cargo que jamais ocupou.
Os sombrios
Hoje, começa nas redes sociais ampla campanha de difamação do senador Roger Pinto. Ele cometeu o crime máximo: opôs-se a um Governo bolivariano.
Carlos Brickman
PLAGIANDO UM LEITOR DO ESTADÃO, VI TUDO QUE PENSO DESSA POLÍTICA: ANTONIO PATRIOTA ACABA DE CONHECER A DIFERENÇA ENTRE SER MINISTRO DE ESTADO E SER MINISTRO DE GOVERNO. QUANDO OPTOU POR SER PeTeota, DEIXOU DE SER PATRIOTA.
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