sábado, 24 de agosto de 2013

CAPÍTULOS DE BARBOSA E LEWANDOWSKI



Foto: Divulgação
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Ministros do STF Joaquim Barbosa e Ricardo Lewandowski




















Julgamento do mensalão, capítulo 1: o relator Joaquim Barbosa tenta julgar o grupo político de José Dirceu e companhia. O revisor, Ricardo Lewandowski, se levanta contra, querendo deixá-los por último. Segundo o revisor, as conduções de Barbosa “surpreendem a Corte”. Em resposta, o ministro dispara: “O que está surpreendendo é a lentidão desse julgamento”.

Capítulo 2: o revisor debate sobre a vida pregressa dos condenados e suas boas ações cidadãs, argumentando para reduzir as penas. Irritado, Barbosa questiona: “Vossa excelência advoga para eles?”.

Capítulo 3: Joaquim questiona as baixas penas de Lewandowski, mas, para o revisor, as condenações são compatíveis com os crimes. De pé, o juiz negro pergunta: “Três anos para quem desviou mais de 70 milhões de reais?”.

seguida, propõe debater uma a uma as condenações.

Capítulo 6: Lewandowski se alonga nas falas, ignora as argumentações do relator e insiste em eternas revisões. Barbosa desabafa: “Faça o seu voto de maneira sóbria, só isso”. Lewandowski não vota e passa a debater a declaração de Joaquim.

Capítulo 7: o revisor é derrotado nas condenações. A maioria vota com Barbosa. Por vezes o revisor abranda penas ou absolve réus, alegando falta de provas. Irritado, Barbosa acusa-o de fazer intrigas e retardar o processo. O revisor exige retração pública. Joaquim declara: “Nada fiz além de traduzir a realidade”.

Capítulo 8: após 138 dias e 53 sessões, termina o maior processo da história do país. O ministro Celso de Mello resume: “Este processo revela a face sombria dos que transformaram a cultura da transgressão em prática ordinária e desonesta do poder”. A declaração lembra o trecho de Chico Buarque citado por Roberto Gurgel: “Dormia a nossa pátria-mãe, tão distraída, sem perceber que era subtraída em tenebrosas transações”.

Capítulo 9: oito meses se passam e ninguém é preso. O PT faz vaquinha para pagar a multa de Dirceu. Delúbio Soares assume como suplente dizendo ter a “consciência serena de sua inocência”. Outros três deputados condenados continuam frequentando o Congresso.

Capítulo 10: iniciam-se os inexplicáveis recursos que contestam no STF a decisão do próprio STF. O desespero em retardar a aplicação das penas é colaborado por Lewandowski, que propõe reajuste para os crimes de 2002. Segundo o ministro, as leis tornaram-se mais rígidas apenas em 2003 e o Tribunal deveria embasar-se no código de 11 anos atrás.

Capítulo 11: Barbosa questiona: “Vossa excelência participou de uma votação unânime e agora mudou de ideia?”. Lewandowski rebate: “Mas para que serve a análise dos embargos?”. A resposta: “Serve para fazer nosso trabalho, não chicana”.

Capítulo 12: no Direito, “chicana” é o ato de retardar um processo com pontos irrelevantes. O mundo jurídico se revolta e condena Barbosa. A imprensa, como Ricardo Noblat, alega que “faltagrande conhecimento de assuntos de direito” e ignora que os ministros o elegeram presidente e o acompanharam na maioria dos votos do Mensalão.

Talvez coubessem termos mais acadêmicos, como tramoia e má-fé. Enquanto se discute a deselegância e até a cor do ministro, os demais capítulos passam e os absurdos somem nas manchetes da discussão.

Felizmente, porém, Joaquim veio do povo e dá voz a este. E na polêmica, o ministro foi simples e categórico: “Justiça que tarda não é Justiça. É dever do presidente adotar todas as medidas ao seu alcance para que o serviço da justiça seja transparente, célere, sem delongas, até mesmo em respeito à sociedade, que é, afinal, quem paga nossos salários”.

Capítulo 13: Lewandowski não aceita termos e definições. Já Barbosa é o povo de toga.

Gabriel Tebaldi,  20 anos, é estudante de História da Ufes

Fonte: A Gazeta
Capítulo 4: defendendo a objetividade, Barbosa declara: “Digo uma coisa em duas ou três linhas”. Em meio ao debate, Lewandowski começa a ler um artigo de jornal. Trinta minutos depois, a leitura ainda prossegue.

Capítulo 5: sobre as intermináveis sessões, Barbosa afirma: “A nação não aguenta mais esse julgamento”. Após a maioria acompanhar o relator, Lewandowski muda seu voto e sua posição. Em 

Um comentário:

  1. Excelente artigo deste jovem que surge do grupo de jovens politizados neste pobre país que deveria ser varonil, como a sua cor de anil, mas que manchou-se na escuridão dos políticos eleitos por nós. A cor, nada tem a ver coma competência do relator. temos que acabar de vez com esta balela de falar das cores... Somos brasileiros todos miscigenados. O que importa , no momento é fazer da nossa Pátria, ser a real mãe gentil, que ainda não pôde ser.

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