Geraldo Hasse
25/07/2013 21:13 - Atualizado em 01/08/2013 11:33
O megastar Eike Batista saiu outra vez na capa da revista Exame, agora como o patrocinador do maior mico empresarial de 2013.
Na exegese de projetos megalomaníacos do empreendedor em áreas da infraestrutura do Brasil, a revista relaciona os seus principais erros. Seriam sete, mas o maior foi ter iniciado quase simultaneamente meia dúzia de projetos básicos que exigiam investimentos de longo prazo, estando quase todos sem nenhuma receita – a não ser o que se conseguiu amealhar em bolsas de valores junto a crédulos&idiotas que agora arcam com um dos maiores abortos da história econômica brasileira. Maior do que a quebra do Banco Nacional, o afundamento da Varig, o escândalo da Encol e por aí vamos até o Império.
A revista compara Eike ao Visconde de Mauá, que quebrou no fim do século XIX – quebrou mas antes fez (ferrovias e portos). Eike não quebrou e ainda pode terminar o que começou, mas não mais como dono absoluto e, sim, como sócio menor – do governo, provavelmente, pois seus projetos (minas, portos, usinas elétricas, indústria naval, exploração de petróleo) são de interesse nacional.
Entretanto, como o governo federal está mais preocupado em administrar sua crise de credibilidade, até agora não apareceu ninguém capaz de colocar ordem nas coisas, até mesmo porque Eike, um cara “difícil”, continua se achando o rei do século XXI.
É impossível não ver nessa crise empresarial a figura do menino mimado que quis ser maior do que o pai, o “grande” Eliezer Batista, como é chamado o dinamizador da Cia Vale do Rio Doce. Eliezer, que mora perto do céu, na Pedra Azul capixaba, teve sucesso porque contava com o respaldo do Tesouro Nacional. Além disso, sua estratégia se concentrou na busca da eficiência nas operações de mineração, ferrovia, portos e navegação. Amigo de João Goulart, de que foi ministro, ele nunca perdeu o foco ( como se diz hoje) e alcançou o auge em meados dos anos 1960, sob o regime militar.
O mínimo que se pode dizer de Eike é que, na sua ousadia sem limites, ele sujou a barra do pai e, de quebra, comprometeu a credibilidade do “grande” Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), para o qual deve 10,2 bilhões de reais. Também deixou mal na parada o Banco BTG Pactual, que se aproximou para “salvar” as empresas em dificuldade e acabou “sartando de banda”, como fazem os autênticos amigos da onça. Eike Batista e André Esteves já não se pactuam como antes. Ambos se merecem.
Dá pena ver o último (o único, praticamente) gênio do capitalismo brasileiro dar com os burros n’água dessa forma tão infantil-adolescente, mas um “tycoon” de verdade sempre pode renascer das cinzas.
Para quem chegou a ser apresentado pela revista Forbes como a sétima fortuna do mundo, não se pode duvidar que Eike disponha de reservas monetárias pessoais suficientes para dar o verdadeiro pulo do gato. Imagine-se com um bilhão de dólares espalhados por paraísos financeiros, de Berlim às Bahamas, passando por Berna e Buenos Aires. É isso aí, bicho!
Fonte: Século Diário
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