A votação secreta da Câmara dos Deputados, na noite de quarta-feira, que deu sobrevida ao deputado-presidiário Natan Donadon (expulso do PMDB), é um achincalhe completo a todos os gritos por moralidade e transparência que ecoaram nas ruas do Brasil nos meses de junho e julho. O voto secreto manteve na vida política um homem condenado a mais de 13 anos de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF) – a instância máxima do Judiciário brasileiro – e pôs uma pá de cal em qualquer esperança por mudança de práticas políticas no Planalto Central.
“Foi uma sessão ridícula. Ficamos abaixo do lodo. A Casa salvou o Donadon e matou a todos os demais”, admitiu ontem o tucano César Colnago. Lelo Coimbra (PMDB) classificou a não cassação do ex-colega como “constrangedora”. Donadon já cumpre pena há dois meses em um presídio de Brasília, em cela de 6m², na ala que abriga presidiários considerados perigosos.
O que aconteceu, na escuridão do segredo dos deputados, coloca em xeque não só a Casa, mas respinga também no Senado e, não é exagero dizer, no Planalto. Todo esforço de “agenda positiva” foi por terra na primeira oportunidade que o parlamento teve de mostrar que o exame de consciência não foi mera cena para apaziguar os protestos.
Donadon está sem receber o salário de R$ 26,7 mil, sem verbas, assessores ou apartamento funcional. Mas pode voltar a ter todos os privilégios do mandato caso seja solto.
Na bancada federal, as falas ontem à tarde eram de indignação. Até Lauriete (PSC), a deputada-cantora-gospel, resolveu se pronunciar: “Foi uma vergonha para nós. A classe política anda tão desgastada que o povo olha e generaliza tudo. Foi humilhante”.
Os deputados Paulo Foletto (PSB) e Iriny Lopes (PT) não votaram. Ele alegou compromissos familiares para deixar a sessão e disse que a votação que livrou Donadon “foi um prenúncio ruim para quem queria ver as coisas melhorarem”; ela afirma que passou mal.
Esta não foi a primeira vez que a Câmara recorreu ao sigilo para livrar alguém da execração. Em 2011, a beneficiada foi Jaqueline Roriz (PMDN-DF). Na época, houve pressão, críticas, mas dois anos depois, o parlamento aprontou de novo. É triste saber que nada muda. Nem as regras do jogo, nem a falta de vergonha dos que usam o sigilo agora para, daqui a pouco, pedir votos novamente.
Fonte: Praça Oito - A Gazeta
“Foi uma sessão ridícula. Ficamos abaixo do lodo. A Casa salvou o Donadon e matou a todos os demais”, admitiu ontem o tucano César Colnago. Lelo Coimbra (PMDB) classificou a não cassação do ex-colega como “constrangedora”. Donadon já cumpre pena há dois meses em um presídio de Brasília, em cela de 6m², na ala que abriga presidiários considerados perigosos.
O que aconteceu, na escuridão do segredo dos deputados, coloca em xeque não só a Casa, mas respinga também no Senado e, não é exagero dizer, no Planalto. Todo esforço de “agenda positiva” foi por terra na primeira oportunidade que o parlamento teve de mostrar que o exame de consciência não foi mera cena para apaziguar os protestos.
Donadon está sem receber o salário de R$ 26,7 mil, sem verbas, assessores ou apartamento funcional. Mas pode voltar a ter todos os privilégios do mandato caso seja solto.
Na bancada federal, as falas ontem à tarde eram de indignação. Até Lauriete (PSC), a deputada-cantora-gospel, resolveu se pronunciar: “Foi uma vergonha para nós. A classe política anda tão desgastada que o povo olha e generaliza tudo. Foi humilhante”.
Os deputados Paulo Foletto (PSB) e Iriny Lopes (PT) não votaram. Ele alegou compromissos familiares para deixar a sessão e disse que a votação que livrou Donadon “foi um prenúncio ruim para quem queria ver as coisas melhorarem”; ela afirma que passou mal.
Esta não foi a primeira vez que a Câmara recorreu ao sigilo para livrar alguém da execração. Em 2011, a beneficiada foi Jaqueline Roriz (PMDN-DF). Na época, houve pressão, críticas, mas dois anos depois, o parlamento aprontou de novo. É triste saber que nada muda. Nem as regras do jogo, nem a falta de vergonha dos que usam o sigilo agora para, daqui a pouco, pedir votos novamente.
Fonte: Praça Oito - A Gazeta
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