DANIELLA ZANOTTI
Especialista em Ciências Sociais afirma que o movimento dos Black Blocs movimento desmobilizou população
No começo eles tomavam carona em protestos organizados por entidades ou movimento estudantil, mas agora passaram a agir sozinhos. São os integrantes do autodenominado Black Blocs, movimento geralmente apontado como estopim dos confrontos em manifestações iniciadas de forma pacífica. Foram eles os responsáveis pelo protesto da última quinta-feira na Capital.
Foto: Vitor Jubini - GZ
Professor diz que, agindo de forma anônima, grupo não aponta solução para conflitos
Os jovens encobrem os rostos com máscaras, capuzes e usam roupas pretas. Entre eles, não há uma liderança estabelecida. Comunicam-se por meio das redes sociais. Mantêm perfis no Facebook e no Twitter, nos quais descrevem a participação nas manifestações.
Eles se denominam anarquistas e anticapitalistas e seu lema é destruir a propriedade de grandes corporações e enfrentar a polícia. O Black Bloc é nacional, com grupos que agem no Rio de Janeiro e em São Paulo, mas também há pessoas no Espírito Santo que se dizem representantes do movimento. Na página deles no Facebook, é possível avaliar que a maioria são jovens que frequentam universidades e escolas secundárias.
Para o professor de Ciências Sociais da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Francisco Albernaz, o movimento tem características de terrorismo urbano. “A violência no país é endêmica e eles agravam esse quadro incitando mais violência. Agindo de forma anônima, eles não assumem responsabilidade e não dizem o que querem nem apontam soluções para os conflitos sociais e políticos”, avalia o professor.
Albernaz diz que os Black Blocs são os responsáveis por desmobilizar a população para novos protestos e devem ser combatidos pelo Estado porque são um ataque à ordem democrática. “Vários movimentos na história da humanidade conseguiram mudanças sociais sem usar a violência dentro da ordem democrática estabelecida. Eles não representam a sociedade brasileira”, opina o especialista.
O grupo
O que são
Jovens anarquistas anticapitalistas e antiglobalização. O bloco não é centralizado nem permanente. Depredam símbolos capitalistas, pichações anarquistas e tomam as ruas em embates com a polícia
Como surgiu
O termo surge em 1980, em protestos antinucleares em Berlim. Como uma linha de frente, isolavam manifestantes da polícia, evitando cassetetes e agitadores infiltrados. Em 1999, nos Estados Unidos, manifestam-se com violência durante reunião da Organização Mundial do Comércio (OMC), destruindo o centro financeiro da cidade e atacando símbolos como a cafeteria Starbucks.
O movimento no Facebook
“Não levem materiais que possam ser usados como motivo para sua detenção como explosivos (antes dos protestos)”
“Nosso grupo estava muito organizado (na quinta), era lindo ver a frente toda de preto e máscara. Apesar de nosso grupo não estar tão grande, mostramos que quantidade não interfere tanto. Demos um ‘nó’ na (tropa de) choque, não conseguiram nos encontrar em lugar nenhum”
“Os integrantes têm que ficar cientes que o intuito do Black Bloc é proteger e reagir, não é agir. Somos uma resposta à truculência da PM, não podemos ser o motivo para que eles ataquem o movimento”
“O Black Bloc não é uma organização... o pessoal não entende isso... se não é organização, não tem hierarquia, não tem cadeia de comando, não tem ‘comando vertical’"
“Sabemos muito bem que somos um movimento anarquista, porém temos os pés no chão e conhecemos o lugar onde vivemos. Não podemos querer tudo de uma vez, o que podemos fazer no momento é ‘preparar o terreno’”
“Somos contra qualquer tipo de saque! Se você acha que roubar é legal não vá de preto... quem for visto roubando deve ser repreendido! Não sujem o nosso nome. Essas palavras do Rio de Janeiro se aplicam no nosso ES”
Fonte: A Gazeta
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